10/10/2013 09:00
O
professor Márcio de Almeida D'Agosto, da Coppe – Instituto Alberto Luiz Coimbra
de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
fez no 19º Congresso da ANTP uma exposição a respeito da energia utilizada por
em todas as formas de transporte do Brasil, considerando o transporte coletivo,
caminhão de carga, automóvel. A apresentação ofereceu um quadro de como o
Brasil consome energia para o transporte comparando-o com consumo de outros
países.
A
sessão contou com comentários de Guilherme Wilson, gerente de Operações e
Mobilidade da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Rio de
Janeiro (Fetranspor); de Olímpio de Melo Álvares Júnior, da Cetesb, a agência
ambiental do governo paulista, e do consultor do Sindicato das Empresas de
Transporte de Passageiros de São Paulo, engenheiro e professor Hélcio Raymundo.
Desafios.
O coordenador da sessão foi o
engenheiro e sociólogo Eduardo Alcântara Vasconcellos, presidente da Comissão
Técnica de Meio Ambiente da ANTP. Segundo ele, a apresentação revelou os
estudos que as universidades vêm fazendo em várias frentes para produzir um
conhecimento brasileiro sobre o tema. Mostrou também que a questão que envolve
mobilidade e meio ambiente não se resolverá apenas com mudanças no ônibus,
havendo diversos outros aspectos a serem considerados, entre os quais estão o
trânsito, os custos de diferentes insumos eo desfecho da discussão sobre para
onde irão os subsídios no Brasil, se para o automóvel ou para o transporte
público.
Vasconcellos
assinalou que um ponto evidenciado pelo debate é que não haverá solução com um
só tipo de energia para os ônibus, sendo necessário considerar a combinação de
diferentes possibilidades. Há estudos feitos no Rio de Janeiro e outros em
andamento em São Paulo que buscam comparar as energias possíveis.
"Podemos
imaginar que no Brasil haverá três ou quatro tipos predominantes de energia,
tais como o diesel tradicional, o híbrido diesel elétrico e, talvez, o ônibus a
etanol. O ponto mais polêmico é o gás natural; o ônibus movido 100% a gás teve
uma experiência muito negativa em São Paulo e isso, gerou uma rejeição. A saída
parece ser combinar o gás natural com diesel, o que vem dando certo no Rio de
Janeiro”, assinalou o especialista.
Ele
concorda que possa haver a combinação, dentro de uma mesma frota, de diferentes
soluções energéticas adequadas aos diferentes tipos de veículos, considerados
aspectos como preço, durabilidade, garantia de fornecimento e também certa
economia de escala.Como as características do ônibus variam muito em razão do
tamanho e do peso, a tendência é que determinado tipo de energia ofereça
melhores resultados para determinados tipo de veículo do que para
outros."Pensando em termos de Brasil, é, sem dúvida, uma equação
complicada e fascinante; porque teremos que avaliar o conjunto dos 120 mil
ônibus existentes no País e buscar a combinação adequada”.
Liderança.
Ficou claro no debate que a mudança do
padrão energético para o transporte coletivo não pode ser conduzida
exclusivamente pela indústria e nem ser descentralizado. "É importante a
descentralização do poder, com a participação dos estados e dos municípios, mas
há processos que o governo federal precisa conduzir. Não se trata de
estabelecer proibições, nem de condicionar, mas precisa liderar”, disse
Vasconcellos, acrescentando: "Se o Rio de Janeiro for por um caminho, São
Paulo por outro, e outras unidades escolherem outra via, serão desenvolvidas
soluções, mas certamente estará prejudicado o ganho de escala”.
Outro
componente da questão é a economia das empresas operadoras, já que a mudança
energética envolve a compra de veículos novos e mais tarde a possibilidade de
revendê-los. "Se o processo dificultar muito a compra e dificultar também
a revenda, a equação ficará muito complicada e haverá uma enorme resistência.
No limite,seria necessário conceder uma tarifa muito superior ou subsidiar.
Trata-se de um processo que deve envolver acordo com os operadores, e
considerar também o que a sociedade deseja.
Investimentos em veículos melhores terão um custo e isso não vai sair só da
tarifa, será preciso haver outra visão sobre essa questão”, finalizou.
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