Pesquisa estimou que prejuízos, em 2014, devem chegar a R$ 25 bilhões
Jornal do Brasil Louise Rodrigues*
Especialistas comentaram pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), divulgada segunda-feira (28), que estima o custo dos congestionamentos na Região Metropolitana do Rio em R$ 29 bilhões em 2013, o que equivale a 8,2% do PIB metropolitano. Entre outros aspectos, economistas e engenheiros destacaram que a quantidade de obras no Rio contribui para essa perda, e que o problema de mobilidade reduz a produtividade, já que o trabalhador chega cansado no trabalho.
De acordo com a pesquisa da Firjan, em 2014 o prejuízo deve cair para R$ 25 bilhões e esse valor deve ser mantido em 2015, mesmo com a previsão de um aumento estimado em 0,9% dos engarrafamentos. Contudo, ainda segundo a pesquisa, caso não haja novos investimentos na ampliação do transporte de massa e no uso da Baía de Guanabara, pode haver um aumento do prejuízo em 2016 e, em 2022, alcançar R$ 40 bilhões. A Firjan considerou o tempo em que as pessoas economicamente ativas ficam paradas no trânsito e o gasto extra com combustível.
Para Adriano Pires, economista e especialista em infraestrutura da Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), “o estudo da Firjan mostra um obstáculo a um maior crescimento e eficiência do Rio de Janeiro”. Ele explica que “esse dinheiro que está sendo perdido, poderia ser investido em outras necessidades. Além disso, há o gasto de gasolina e as pessoas perdem horas de trabalho”. Para Adriano, “a quantidade de obras no Rio de Janeiro contribui para essa perda e a saída é investir em transporte coletivo e em diversos modais”.
João Sicsu, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acredita que “o problema de mobilidade no Rio é grave porque reduz a produtividade. O trabalhador chega cansado no trabalho, depois horas no engarrafamento, e, quando vai voltar para casa, demora novamente e tem menos tempo de descanso”. Ele acrescenta que “além da perda de combustível, os congestionamentos trazem a poluição do ar e a poluição sonora”. Para Sicsu, a alternativa seria “investir em transporte de massa sobre trilhos, ampliando o metrô e modernizando os trens da SuperVia”. Perguntado sobre os impactos desse prejuízo para o bolso do carioca, o economista respondeu: “quando falamos em perdas, existem custos. Então, os preços tendem a subir”.
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De acordo com engenheiro de transporte Alexandre Rojas, é difícil mensurar valores para a perda em produtividade que uma pessoa tem ao ficar parada no engarrafamento.
Contudo, ele confirma que “os números pela perda de mobilidade são bastante grandes”. Rojas acredita que “as políticas de transporte vão atender razoavelmente às Olimpíadas”. Ele explica: “Regiões que têm uma demanda significativa, como São Gonçalo e Niterói, estão sendo jogadas para segundo plano. O projeto da Linha 3 do metrô, que ia melhorar a mobilidade São Gonçalo – Rio de Janeiro, parou. Estamos falando de 600 mil viagens por dia. Isso iria desafogar o trânsito em vias como a Ponte Rio – Niterói e a Avenida Brasil.
Fora isso, a Baia de Guanabara é poluída. Se uma barca colide com algum objeto maior, como um móvel, ela quebra a proa e pode naufragar. Para investir em barcas Rio - São Gonçalo é preciso despoluir a Baía de Guanabara. Além disso, as barcas estão saturadas e sem investimentos e quem é responsável por isso é o Estado e não a iniciativa privada”.
Sobre Plano Diretor de Transportes Urbanos (PDTU), Rojas esclarece que ele “aponta pontos críticos e, se o Estado atender as diretrizes desse plano, vai melhorar a mobilidade do Rio”, mas acrescenta: “O discurso está impecável. Só que apenas nos discursos, os planos são insuficientes”. O engenheiro também reforçou a necessidade de investimento nas linhas férreas do metrô. “Existem vários planos para o metrô e muitos deles, se implantados, serão bons. É preciso finalizar a Linha 4, por exemplo. Mas uma lacuna é a Linha 3, que é extremamente necessária”, apontou.
A pesquisa da Firjan estimou também que o Arco Metropolitano, os BRTs e a Transbaixada serão importantes para reduzir os congestionamentos, mas ressalta que novas obras precisam ser feitas a fim de atender a demanda de infra estrutura de transporte. Para a engenheira de transporte da COPPE/UFRJ, Eva Vider, não se pode descartar uma visão pessimista para o futuro. “É preciso terminar as linhas de metrô e investir pesado em infra estrutura. Como o próprio estudo aponta, vai sair mais caro se isso não for feito. A Linha 4 de metrô precisa ser concluída, o projeto da Linha 3 precisa ser retomado. É preciso investir também na Baía de Guanabara e em novas ligações aquaviárias”. Eva também acredita que “as obras vão atender a população, mas chegaram por causa das Olimpíadas. O PDTU já indicava há décadas o que devia ser feito em termos de mobilidade urbana no Rio, mas os investimentos só chegaram agora, por causa da Copa e das Olimpíadas”.
* Do Programa de Estágio do JB
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