Futuras inaugurações permitirão conexão com a Linha 1-Azul,
por meio da Estação Santa Cruz (acima), e com a Linha 2-Verde, na Chácara
Klabin Foto: Nilton Fukuda/Estadão
29/08/2018 - Estadão
SÃO PAULO - Depois de nove anos de obras e a um custo de R$
10 bilhões, a Linha 5-Lilás do Metrô deverá ser oficialmente interligada, nesta
sexta-feira, as Estações Santa Cruz, da Linha 1-Azul, e Chácara Klabin, da
Linha 2-Verde, ligando o ramal, que vem do Capão Redondo, no extremo sul da
capital, à região central de São Paulo. As primeiras promessas eram de
conclusão do projeto em 2014.
A expectativa dos técnicos é trazer uma série de mudanças
significativas nas dinâmicas do transporte público da cidade. Cerca de meio
milhão de pessoas devem passar a usar a linha diariamente com as novas
conexões. No mês passado, ela transportou uma média diária de 278 mil pessoas
e, até dezembro, deve passar para uma média diária de 781,3 mil pessoas. A
linha, que opera hoje com 36 trens, deverá receber mais 26 composições para
atender à demanda.
“Deve haver alguma diminuição da lotação da linha
(9-Esmeralda) da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) na Marginal
do Pinheiros”, afirma o chefe do Departamento de Engenharia de Transportes da
Escola Politécnica da Universidade de Transportes (Poli/USP) Claudio Barbieri
da Cunha, considerando ainda interferência nas Linha 4-Amarela, inaugurada, em
2011.
“Parte das pessoas que vêm da zona sul pela Linha 5 deve
continuar na Linha 5, enquanto só quem está na Linha 9 deve continuar na Linha
9. O que vai definir isso é quanto tempo a pessoa vai gastar na baldeação (a
troca de trens)”, afirma o professor, que destaca ainda expectativa de redução
da lotação no túnel que liga as Estações Paulista (da Linha 4) e Consolação (da
Linha 2). “Essa estação estava subdimensionada. Ela foi planejada para ser
inaugurada depois das conexões da Linha 5”, completa.
Para se ter uma ideia do potencial de atração da linha, o
total de passageiros que usam, ainda em horário de testes, as últimas estações
entregues desta linha, Moema e Eucaliptos, ainda em “operação assistida”,
funcionando das 9 às 16 horas, aumentou 31% entre abril e julho, de 61 mil
viagens diárias para 80 mil, segundo o Metrô.
Inaugurações
São quatro estações que serão abertas para testes:
AACD-Servidor, Hospital São Paulo, Santa Cruz e Chácara Klabin, que vão
funcionar em operação assistida. O Metrô, entretanto, estima que elas devem
ficar nesse horário especial por duas semanas – as estações anteriores desse
ramal estão no esquema há três meses.
As obra da linha, entretanto, não estão encerradas. Pelo
meio do caminho ficou a Estação Campo Belo, que continua em construção, e
deverá ficar para dezembro, segundo os cronogramas mais recentes da Companhia
do Metropolitano. Essa linha restante será interligada com o monotrilho da
Linha 17-Ouro, também em obras.
Parte dos problemas da Linha 5-Lilás decorre de atrasos na
execução dos projetos de engenharia. Mas parte resulta de uma paralisação de cinco
meses, ocorrida entre 2010 e 2011, por causa das suspeitas de ação de cartel
nas obras civis da linha. O Metrô tomou por base em um relatório feito pela
Corregedoria-Geral da Administração, que dizia não haver provas da participação
de agentes públicos no esquema, para retomar a obra. Entretanto, em fevereiro
deste ano, o então presidente do Metrô, Sérgio Avelleda, foi condenado por
improbidade administrativa por ter mantido os contratos – Avelleda, hoje chefe
de gabinete do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), sempre sustentou que
não havia assinado os contratos e disse que paralisar as obras traria prejuízos
à cidade.
Nove elevadores ampliam a acessibilidade na AACD-Servidor
Diante da expectativa de uma participação maior no total de
usuários que têm mobilidade reduzida, por causa da proximidade com a Associação
de Assistência à Criança Deficiente, que batiza a Estação AACD-Servidor, uma
das paradas a serem inauguradas na sexta-feira na Linha 5-Lilás do Metrô teve
um desenho especial para melhorar a acessibilidade. Ela terá nove elevadores e
20 escadas rolantes, além de acessos em dois níveis na Rua Pedro de Toledo, em
Moema, na zona sul de São Paulo.
A parada também facilitará o acesso aos Hospitais Edmundo
Vasconcelos e do Servidor Público Estadual, além de ser uma opção a menos de
1,5 quilômetro do Parque do Ibirapuera. Será a estação mais perto do principal
parque paulistano.
As estações da Linha 5-Lilás ainda tiveram um desenho
arquitetônico planejado para reduzir o consumo de energia, um dos maiores
custos operacionais da rede. As grandes claraboias de vidro são “marcas” das
novas paradas, que têm em seu nível do asfalto novas praças abertas à
população. No caso da AACD Servidor, há ainda dois pisos de estacionamento
entre o nível da rua e as plataformas.
Há expectativa se as inaugurações terão algum reflexo ou
caráter político. Executadas pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB), candidato que
deixou o cargo para concorrer à Presidência, as obras serão abertas ao público
pelo atual governador Márcio França (PSB), ex-vice do tucano – e candidato à
reeleição.
Como as inaugurações de obras são vedadas pela legislação
eleitoral, França deverá fazer uma “visita técnica” às estações – informação
não confirmada pela assessoria de imprensa do Palácio dos Bandeirantes até esta
terça-feira, 28, à noite. Trata-se de instrumento comum entre candidatos que
estão disputando reeleição.
A operação do novo ramal, entretanto, já não é de
responsabilidade do governo do Estado desde junho, quando a empresa ViaMobilidade,
do Grupo CCR e da RuasInvest, venceu a licitação para concessão do ramal. A
concessionária ficou encarregada da operação e da manutenção do trecho por 20
anos.
Fonte:
https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,linha-5-lilas-ganha-4-estacoes-na-sexta-e-publico-vai-triplicar,70002477730