Viaduto em Miguel Pereira
01/08/2018 - O Globo
RIO — O governo do estado tem um projeto para colocar os
turistas que visitam o Rio nos trilhos. A ideia é reativar corredores
ferroviários, uma malha de 70 quilômetros, nas cidades de Miguel Pereira,
Petrópolis, Valença (Conservatória), Paraíba do Sul e Magé, que seriam mais uma
atração no interior. Os recursos viriam de uma multa aplicada pela Agência
Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) à Ferrovia Centro-Atlântica S.A
(FCA).
Desde 2014, o governador Luiz Fernando Pezão vem discutindo
a liberação da verba com o Ministério de Transportes, Portos e Aviação Civil.
Segundo o secretário estadual de Transportes, Rodrigo Goulart de Oliveira
Vieira, a ideia é que o Rio fique com R$ 200 milhões — 20% do total da multa.
— Já foram feitas inúmeras reuniões técnicas para discutir a
questão. Queremos, com a reativação desses trechos, um resgate histórico de um
estado pioneiro em ferrovias no país. É um projeto de extrema necessidade. Não
só pela recuperação patrimonial, mas pela história dessas linhas. Queremos uma
alternativa negociada com o governo federal. Não imaginamos outros passos —
afirmou o secretário de Transportes.
Em 2013, a FCA foi multada por devolver ao governo federal
cerca de 752 quilômetros de linhas férreas que administrava, alegando que esses
trechos eram deficitários. A empresa assumiu, em 1996, a concessão para
controlar 7.220 quilômetros da Rede Ferroviária Federal S.A (RFFSA), espalhados
por 316 municípios em sete estados brasileiros, incluindo o Rio.
PONTE METÁLICA DE 1987
Em Miguel Pereira, cidade no Centro-Sul Fluminense com cerca
de 30 mil habitantes, o estado quer recuperar 29,4 quilômetros da antiga linha
auxiliar da Estrada de Ferro Leopoldina. O projeto inclui a reativação do
trecho sobre o viaduto Paulo de Frontin, construção inaugurada em março de 1897
e até hoje a única no mundo em curva. A estrutura metálica treliçada, de
arquitetura belga, tem 82 metros de comprimento e está em boas condições. Mas
boa parte dos trilhos foi furtada após a paralisação do circuito turístico em
meados dos anos 1990. Nos últimos anos, a prefeitura da cidade conseguiu
recuperar cerca de 4,5 quilômetros da linha.
Com os recursos da multa, o governo ainda pretende tirar do
papel velhos sonhos, como a reforma da Estação Barão de Mauá, na Leopoldina, no
Centro do Rio, que está abandonada. Para Delmo Manoel Pinho, subsecretário de
Transportes, aplicar parte dos recursos da multa no estado é mais que justo:
— Com a reativação dessas linhas, teríamos um grande fomento
do turismo nessas cidades.
O CHARME DE ANTIGAS LINHAS PODE SER RESGATADO:
Petrópolis:
Recuperação a linha entre os distritos de Nogueira e
Itaipava. O projeto prevê a implantação da linha férrea embutida (tipo trilhos
de bonde ou VLT) em um trecho de cerca de cinco quilômetros.
Paraíba do Sul:
A reativação do trem da Estrada Real no município de Paraíba
do Sul. São 14,3 quilômetros entre o centro da cidade e distrito de Cavaru, que
integra a linha auxiliar da Leopoldina.
Valença:
O trem turístico de Conservatória, no distrito de Valença,
cruzaria três quilômetros da antiga linha Ferrovia Oeste de Minas. A prefeitura
quer que o circuito seja percorrido por uma maria-fumaça.
Magé:
A ideia é retomar a linha do Expresso Imperial, trecho de
sete quilômetros entre a localidade de Vila Inhomirim, em Magé, e o alto da
Serra de Petrópolis. O trecho foi inaugurado em 1883 e desativado em 1964. A
distância era vencida por locomotivas a vapor de tração a cremalheira (tipo de
trilho dentado).
Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/estado-quer-investir-200-milhoes-para-reativar-trens-turisticos-no-interior-22938314
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