01/04/2019 person
Folha de São Paulo comment Comentários
Metrô de SP terá
subsidiárias para buscar negócios em outras cidades
O Metrô de São Paulo recebeu autorização estadual para criar
empresas subsidiárias para atuar em outras frentes que não apenas o de
transporte de passageiros em São Paulo.
Neste mês, o governador João Doria (PSDB) sancionou uma lei
que instituiu a Política Estadual de Mobilidade Metropolitana. Em um de seus
artigos, Doria autorizou o Metrô a criar subsidiárias e a integrar o capital de
empresas privadas.
A ideia do governo do Estado é que a estatal explore outras
atividades, como de consultoria técnica, e também dispute contratos fora de São
Paulo. O Metrô espera com isso obter recursos para bancar com maior margem de
segurança as suas operações e auxiliar na construção de novas linhas.
"A mudança na legislação permitirá que o metrô possa
fazer parcerias com a iniciativa privada, e isso vai trazer receita para melhorar
a qualidade do serviço e até contribuir para a expansão", diz Silvani
Pereira, presidente do Metrô.
Também em março, foi criada uma diretoria comercial, com o
objetivo de acelerar a busca de novos negócios. Ela é chefiada por Claudio
Ferreira, que trabalhou na Editora Abril por 25 anos.
Em 2018, as receitas não tarifárias representaram 11% do
faturamento, e a expectativa é aumentar esse percentual significativamente.
"Vamos definir uma meta, ainda em 2019, de ampliação dessa receita, que
será bem superior ao valor atual, que é tímido", diz Pereira
Para estimar os possíveis ganhos, o Metrô está fazendo um
levantamento de como usar melhor seus ativos e captar novos negócios. O foco
inicial é a venda de consultoria técnica para outras cidades.
A alteração permite ao Metrô disputar contratos sozinho ou
como parte de consórcios. Assim, a estatal paulistana poderá ficar responsável
por uma linha de metrô, trem de superfície ou monotrilho em outras cidades, por
exemplo, da mesma forma que a ViaQuatro opera a linha 4-amarela em São Paulo.
"Temos condição de ajudar outras regiões a desenvolver
modais sobre trilhos, seja na estruturação do projeto, na operação, e na
manutenção", diz Pereira.
"O Metrô de São Paulo sempre foi muito consultado por
outras cidades por sua operação e manutenção", diz Jurandir Fernandes,
ex-secretário paulista de transportes metropolitanos.
A implantação de ramais de metrô em cidades como Recife,
Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília contou com o auxílio institucional do
Metrô paulista. Nesses casos, a legislação permitia que o trabalho da estatal
paulista fosse apenas ressarcido e não pago ao preço de mercado, com lucro.
"No metrô de Brasília, o Metrô de São Paulo chegou a
instalar um escritório até que os trens estivessem rodando", relembra
Conrado Grava de Souza, da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores
de Passageiros sobre Trilhos ) e ex-diretor do Metrô de São Paulo. Fora do
país, a companhia paulista também prestou assessoria técnica às cidades de
Caracas e Medelín.
Para o uso de ativos físicos, uma das ideias citadas é
conceder os terrenos dos terminais de ônibus anexos a estações, via contratos
que poderão incluir a cobrança de um percentual dos ganhos dos negócios que
venham a operar neles.
"Desde que não gere conflitos com a nossa operação do
dia a dia, não tem nenhuma possibilidade sendo descartada nesse momento",
diz Pereira.
Há também planos de vender a metodologia de realização da
pesquisa Origem e Destino, que o Metrô realiza há 50 anos e é o maior
levantamento do país sobre mobilidade numa região metropolitana.
Outra possibilidade de trazer dinheiro é a utilização dos
quase 100 kms de vias e túneis do Metrô para a passagem de fibra óptica, que
poderiam ser explorados por empresas de tecnologia e comunicação, por exemplo.
O projeto de instalação de cabos de fibra ótica nos túneis
das linhas 1, 2 e 3 está sendo feito e deve ser concluído em 2020.
Um dos exemplos internacionais que chamaram a atenção de
Pereira é o de Hong Kong, cuja empresa de transportes administra 20 mil
unidades habitacionais, 13 shoppings e 18 andares de escritórios, entre outros
espaços. Em 2018, a companhia lucrou o equivalente a R$ 8,4 bilhões.
A busca de receitas não tarifárias poderia ser incluída já
na fase de projeto das linhas, como reservar um terreno para a construção de um
prédio ao lado de uma nova estação.
"Isso teria uma vantagem muito grande, mas aqui temos
leis ambientais e de desapropriação que precisam ser compatibilizadas com
qualquer iniciativa. Temos que avaliar se modelos de fora são
compatíveis", diz Pereira.
Fonte:
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/03/metro-d...
Nenhum comentário:
Postar um comentário