16/10/2019
Linha 3 do VLT
começa a rodar no dia 26 de outubro, promete Crivella Veículo do VLT na Zona
Portuária do Rio Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Um decreto assinado pelo prefeito Marcelo Crivella na manhã
desta terça-feira promete, enfim, garantir a inauguração da Linha 3 do VLT
(Central - Aeroporto Santos Dumont). Com obras finalizadas há dez meses, o
serviço ficará disponível aos cariocas a partir de 26 de outubro. Durante o
imbróglio com o consórcio, Crivella chamou o serviço de "porcaria". O
grupo empresarial, por sua vez, chegou a pedir a rescisão do contrato na
Justiça em julho - a ação continua em trâmite .
O decreto assinado cria um grupo de trabalho formado por
técnicos da Prefeitura e da concessionária do VLT, como parte do acordo
noticiado pelo GLOBO na última sexta-feira.- O Município não tinha condições de
pagar a diferença exigida no contrato anterior. Agora o VLT pode começar a
funcionar e a prefeitura não terá de pagar, por ora, nenhum valor excedente -
afirmou Crivella.
O impasse
O consórcio alegava um pendência financeira com a
prefeitura, que já ultrapassava os R$ 140 milhões em junho. A Prefeitura do Rio
deveria custear o valor de 85% das passagens de uma previsão de 260 mil
usuários diários. O problema é que os bondinhos tem uma média diária de apenas
80 mil passageiros em dias úteis. Com o aperto financeira, a concessionária
ameaçou parar os trenzinhos.
Para alcançarem o acordo, as partes decidiram criar um grupo
de estudos, com técnicos do município e da empresa, onde serão discutidos ao
longo dos proximos dez meses os pontos de divergência do contrato, firmado
antes das Olimpíadas.
Com a inauguração da Linha 3 do VLT, a concessionária
acredita que o número de usuários do serviço, já no primeiro mês, deve pular
dos 80 mil por dia útil para mais de 100 mil. O que também é visto internamente
como positivo é a demonstração da prefeitura de que está aberta ao diálogo e à
negociação, reforçado na reunião desta terça em que Crivella repetiu diversas
vezes à imprensa que a "prefeitura cumpre os contratos".
O trajeto do bonde moderno
A Linha 3 do VLT tem um caminho que sai da estação Central,
segue na praça Cristiano Ottoni, pela Marechal Floriano até chegar à Rio
Branco, onde se integra com as outras linhas.A Linha 3 do VLT Carioca é o
último trecho previsto do sistema. Ela liga a Central do Brasil ao Aeroporto
Santos Dumont e conta com 10 paradas, sendo três novas: Cristiano
Ottoni-Pequena África (na praça de mesmo nome, também na região da Central),
Camerino-Rosas Negras (na Marechal Floriano, próxima à rua de mesmo nome) e
Santa Rita-Pretos Novos (também na Marechal Floriano, à altura da igreja
homônima - na última quadra da Marechal Floriano, antes da Rua Visconde de
Inhaúma). Os nomes contam com homenagens a ícones da cultura africana,
batizados em consenso com o Iphan e entidades do movimento negro e sociedade
civil.
Os trilhos encontrarão a Linha 1, entre as paradas São Bento
e Candelária. A partir desse ponto, a Linha 3 reforçará o atendimento aos
passageiros que seguem para o aeroporto. As sete restantes já em atividade
serão compartilhadas com as linhas 1 e 2. O percurso total de quatro
quilômetros será feito, de uma ponta a outra, em até 18 minutos. Linhas de
ônibus no Centro mudarão trajeto
O prefeito voltou a afirmar que retirará linhas de ônibus do
Centro da cidade. A definição de quais linhas e quando isso pode acontecer
ainda será um dos temas discutidos pelo grupo de trabalho até agosto de 2020.
- Esperamos ter o VLT funcionando em todos os pontos. E ele
precisa de demanda. A retirada dos ônibus é prevista em contrato. Vamos sentar
e colocar no lápis para ver o que será feito - explicou Crivella.
A frente do grupo de trabalho representando a prefeitura
estará a subsecretária Executiva da Secretaria Municipal de Fazenda, Rosemary
Macedo. Ela afirma que o estudo será "complexo", mas pode ter
definições antes dos dez meses previstos.
- Precisamos estudar quais serão as linhas. Precisamos ver
quais são as linhas que rodam a noite pelo Centro, já que o VLT ainda não opera
nesse horário. Na hora em que tiro ônibus, tenho que restabelecer o equilíbrio
dos consórcios de ônibus e do VLT. A ideia é reduzir o número de ônibus que
circulam pelo Centro. Aumentará a demanta do VLT e reduz a emissão de carbono,
que é o ganho pela criação do sistema - explica.
Desfecho positivo
Em janeiro, o prefeito Marcelo Crivella se reuniu com
representantes do consórcio para resolver o impasse relativo a uma dívida, que
não estaria sendo paga desde maio de 2018. Na ocasião, o prefeito infomou que
as duas partes tinham chegado a um acordo e sua expectativa era de que o trecho
começasse a operar até os primeiros dias de fevereiro. Em maio, o consórcio
anunciou que, sem chegar a um acordo, tinha negociado com seus fornecedores e
solicitou autorização do município para colocar o trecho em funcionamento, mas
não obteve retorno.
- É uma satisfação finalmente entregar a Linha 3 para a
cidade. A ação judicial continua, mas ela é uma das questões que no grupo de
trabalho discutiremos - afirmou Márcio Hannas, presidente do Consórcio VLT
Carioca.
Crivella disse que um reajuste do valor da tarifa está em
pauta, mas apenas no futuro.- Até dez meses teremos resolvido as linhas de
ônibus que vão sair, os reajustes necessários no acordo com o VLT e toda
questão - concluiu o prefeito."Quanto custou aquela porcaria?",
criticou Crivella.
Em março, para uma plateia de cerca de 80 servidores, o
prefeito Marcelo Crivella, que está em seu terceiro ano de mandato, fez um
discurso em que afirmou que o Rio é "uma esculhambação completa".
Outro alvo do prefeito foi o VLT - a qual chamou de "porcaria". A
reunião, não divulgada na agenda oficial do prefeito, aconteceu na Divisão de
Hortos da Fundação Parques e Jardins, na Taquara.
"Tenho 1.500 escolas precisando de reforma. Isso é
maluquice. Quanto custou aquela porcaria? Um bilhão" disse.
Crivella e o consórcio que administra o bonde moderno vinham
travando uma queda de braço sobre o contrato. Ele estimou que o município teria
que investir R$ 18 milhões mensais no sistema, seguindo o acordo anterior no
qual a prefeitura tinha de garantir a passagem de 260 mil passageiros por dia
no modal (e, segundo Crivella, à época, existiam apenas 60 mil usuários
diários):
- Tenho 1500 escolas precisando de reforma, tenho hospitais.
Isso é maluquice, doideira. Como vou garantir que tem que ter passageiro no
VLT? Corrupção. Quanto custou aquela porcaria? Um bilhão. O Lula nos deu meio
bilhão, a fundo perdido, e uma empresa entrou com quinhentos milhões. Agora
além dela receber a passagem de todo dia, ainda tneho que garantir mais
passagem? Do final, só da minha parte (do cofres do Município), serão R$ 5 bi.
Pô, que isso? - contestou Crivella.
De acordo com o portal Rio Transparente, o valor total do
contrato do VLT é R$ 2,7 bilhões. Desse montante, a prefeitura tem um saldo a
pagar de aproximadamente R$ 2 bilhões até 2025, quando termina a concessão. Em
2018, Crivella destinou R$ 70,3 milhões às obras na Avenida Marechal Floriano.
Fonte:
https://oglobo.globo.com/rio/linha-3-do-vlt-comeca-roda...
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