08/12/2021 G1 Notícias da Imprensa
Problemas que afetam passageiros dos trens vão além
do furto de cabos - Reprodução TV Globo
G1 – O passageiro que
depende dos trens da SuperVia no Rio de Janeiro vêm sofrendo ao logo dos
últimos anos com atrasos constantes nas viagens, sucateamento de material e
violência que apavora.
A SuperVia alega que
a maioria das paralisações e atrasos nas viagens ocorreu por causa de furtos. E
que somente este ano, 30 quilômetros de cabos foram roubados por criminosos.
Número quatro vezes maior que em 2020.
Foram roubados não só
cabos de energia e sinalização, mas também grampos de ferro que fixam os
trilhos. Sem a fixação eles ficam soltos e não suportam o peso dos trens.
De acordo com a
SuperVia, 1.100 viagens foram canceladas ou interrompidas desde janeiro por
causa desse problema.
O RJ1 teve acesso a
um documento da Agência Reguladora de Transportes (Agetransp). Os dados são de
janeiro a agosto deste ano. O documento mostra que os problemas enfrentados
pelos passageiros vão além da violência.
Ocorreram 95 avarias
no sistema elétrico, na rede aérea, na sinalização e nos próprios trens. Isso
dá uma média de um a cada dois ou três dias. Também foram registradas seis
colisões violentas, chamadas pela Agestransp de abalroamento. O
descarrilamento, quando o trem sai do trilho, foi registrado 12 vezes. Ou seja,
três a cada dois meses.
Foram registradas
também 25 ocorrências de fatores externos, como por exemplo, chuvas fortes ou
ventos, obstáculos na via e atropelamentos de animais.
Num relatório da Casa
Fluminense, especialistas afirmam que a culpa não é apenas da crise devido à
pandemia. E muito menos dos antigos roubos de equipamentos. Segundo o
documento, os problemas passam pela falta de transparência do contrato e do
lucro da empresa, pela fiscalização falha e pelo contrato de concessão que
permite o reajuste de tarifa com base num índice que pode deixar a passagem
muito cara.
Na segunda-feira (6),
o RJ1 mostrou a sugestão da SuperVia para aumentar o valor da tarifa, de R$ 5
para R$ 7, 40% a mais.
Para a
concessionária, essa é uma das alternativas para a empresa tentar reequilibrar
as contas. A empresa ainda foi ao governo do estado para tentar uma ajuda de R$
211 milhões, com a justificativa de queda no número de passageiros durante a
pandemia. E espera uma responsa.
O RJ1 pediu uma
entrevista com o novo secretário estadual de Transportes, André Luís Nahass,
mas a secretaria não responde à solicitação.
Concessão ficará
‘inviável’
Em outro documento obtido pelo RJ1, a SuperVia diz à Agestransp que muito em
breve a concessão pode ficar inviável. Ao RJ1, a empresa afirmou que tem uma
dívida de R$ 1,2 bilhão.
Em 2019, a empresa,
que pertencia à Odebrecht, foi vendida para a Mitsui – um dos maiores
conglomerados do Japão – o que inclui até uma empresa de seguros.
Enquanto tenta
recuperar o lucro e aumentar a tarifa, muita gente continua embarcando de graça
nos trens. É o que acontece em várias estações, como num flagrante feito nesta
terça-feira (7), pelo Globocop, em Senador Camará, na Zona Oeste. Os
passageiros usavam um buraco no muro da via férrea, aberto há anos.
“É muito perigoso. É
muito perigoso. As estações estão sucateadas. A verdade é essa. A gente não tem
segurança em nenhuma das estações. São poucas as estações que têm segurança,
entendeu? Só as maiores mesmo”, disse um passageiro.
Em apenas um mês
foram 21 assaltos e furtos a passageiros, segundo registros da própria
SuperVia. A maioria, na Central do Brasil, a principal estação do estado.
Entre o pedido de
aumento de passagem, problemas que não acabam e números que assustam ficam os
passageiros, que sofrem com tudo isso. .
O governo do estado
disse que dialoga com a SuperVia e que busca melhorar os serviços e
reequilibrar o contrato, garantindo um aumento com menor impacto para o
passageiro. Afirmou também que o índice IGP-M, que deixa a passagem mais cara,
está no contrato desde 1998. E que é um dos temas tratados com a
concessionária.
A SuperVia disse que
a atual gestão age com transparência e informa todas as ocorrências à
Agetransp. E, novamente, que tem tido prejuízos com furto de cabos. Declarou
também que os furtos de grampos podem causar descarrilamentos. E que se esforça
para manter a operação com menor prejuízo possível aos passageiros. A SuperVia
novamente disse que foi impactada pela pandemia. E que o IGP-M é o índice
previsto no contrato de concessão.
A PM explicou que a
força-tarefa criada para combater o crime na linha férrea vai continuar por
tempo indeterminado. E que 211 pessoas foram presas em flagrante por crimes,
como furto de materiais, porte de armas e tráfico de drogas, além de
apreensões.
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