O detalhamento do projeto básico da Linha 5 (Gávea-Carioca) do metrô terá uma série de audiências públicas de apresentação e discussão da proposta com moradores dos bairros atravessados pelo traçado. As reuniões estão previstas para acontecer no ano que vem, durante os oito meses de elaboração do projeto, que inclui a confecção do Estudo e do Relatório de Impacto Ambiental (Eia-Rima) da obra. Segundo o subsecretário de Projetos Especiais da Secretaria de Estado da Casa Civil, Rodrigo Vieira, durante o detalhamento, serão analisadas três opções de traçado entre a Gávea e a Carioca, com variações de localização dos túneis e das estações.
Como O GLOBO mostrou nesta terça-feira, a opção que tem a preferência dos técnicos da Rio Trilhos, que fizeram o projeto conceitual da Linha 5, passa pelo subsolo das ruas Jardim Botânico, Humaitá e parte da São Clemente, de onde o túnel seguiria sob o maciço rochoso do Morro Dona Marta, passando por baixo dos bairros de Laranjeiras e Santa Teresa, chegando ao Centro. Mas há outras opções, que levam em conta a possibilidade de os túneis cortarem o bairro do Jardim Botânico passando sob o maciço da Tijuca ou passando por baixo de um trecho do gramado do Jockey e, depois, pelo eixo da Avenida Lineu de Paula Machado, antes de chegar aos demais bairros. Cada variante, diz Vieira, poderá determinar mudanças nos pontos das estações.
Cinco consórcios, com 21 empresas projetistas e de consultoria ambiental de quatro países participaram da habilitação técnica da licitação. Três foram habilitados pelo estado para seguir na concorrência, mas um dos consórcios perdedores apresentou recurso. Nesta terça, o governo abriu os envelopes com as propostas técnicas do trabalho feitas pelos quatro consórcios. A expectativa é que a análise das propostas consuma dois meses, quando então serão abertas as propostas financeiras do serviço, orçado inicialmente em R$ 35 milhões, chegando finalmente ao nome do consórcio vencedor.
— É uma concorrência que reúne técnica e preço. As propostas técnicas e financeiras vão receber notas. O vencedor vai fazer o projeto básico e o Eia-Rima da linha. É um projeto robusto que inclui os estudos de engenharia, demanda de passageiros, material rodante, impacto ambiental e social, sinalização da linha, geologia, geotecnia e especificações de trens, entre outros.
As audiências públicas são parte do licenciamento ambiental. Só para se ter uma ideia, na Linha 4, o projeto básico analisou 36 alternativas de traçado só na Zona Sul — explicou Vieira.
O subsecretário acrescentou que o estudo poderá confirmar ou não o traçado pretendido pelo governo e apresentar alternativas para os túneis e a localização das estações e seus acessos. Vieira disse ainda que, no caso específico da estação Jardim Botânico, será analisada, por exemplo, a conveniência de seu acesso nos jardins do Hospital da Lagoa. Essa é uma das sete opções apontadas no estudo conceitual da linha, e a preferida dos técnicos, mas não é bem aceita pela associação de moradores do bairro, que questiona o fato de a área ser tombada. O hospital é um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, e os jardins foram desenhados por Roberto Burle Marx.
— Vamos analisar, dentro do estudo, as condições do tombamento e avaliar. A associação defende, por exemplo, um terreno de uma construtora que fica próximo. Mas isso (a decisão do local) é algo que só poderá ser decidido durante a elaboração do projeto básico — afirma Vieira.
Sobre a perfuração da linha começar pelo subsolo da Praça Santos Dumont, na Gávea, o subsecretário explicou que a opção será estudada levando em conta o traçado que o túnel da Linha 5 poderá ter entre as estações Gávea e Jockey.
Será analisada ainda a necessidade de espaço para a montagem do tatuzão. A perfuratriz tem 120 metros de comprimento, mas necessita de áreas extras para colocação das peças de concreto que compõem os túneis e outros materiais usados nas perfurações.
— A praça é um ponto conhecido (no projeto). Todas as opções de traçado (entre a Carioca e o Jockey) se conectam a partir dali com a estação Gávea. Mas a posição do poço de perfuração terá a localização exata apontada no estudo, uma vez que o túnel entre Gávea e Jockey poderá ser aberto pelo subsolo da Rua dos Oitis ou pela Avenida Marquês de São Vicente. Dependendo do traçado escolhido, a posição da estação no subsolo do Jockey muda. De qualquer forma teremos interferência temporária ali sim. E ela será recomposta depois das obras — diz Vieira.
O projeto da Linha 5 irá, ainda segundo Vieira, detalhar como seria feita a estação Santa Teresa e a eventual necessidade de uso de elevadores ou escadas rolantes e fixas para que os passageiros possam acessar a estação a partir do Largo dos Guimarães. O estudo irá especificar também uma nova plataforma a ser construída ao lado da atual estação Carioca, para receber os trens vindos da Gávea. De acordo com o subsecretário, a plataforma já existente na Carioca, escavada nos anos 70 e localizada abaixo da estação atual, não poderia ser usada porque está destinada a receber os trens da expansão da Linha 2, entre Estácio e Praça Quinze. A posição dessa estação, diz Vieira, terá que levar em consideração ainda a possibilidade de o estado, no futuro, decidir fazer expansões do metrô rumo à Zona Portuária e à Praça da Cruz Vermelha.
— O estudo terá que apontar qual a melhor posição dessa nova plataforma, de forma a viabilizar essas expansões no futuro — acrescentou.
O governador Luiz Fernando Pezão confirmou, na manhã desta terça-feira, que pretende utilizar o tatuzão na abertura de outras linhas de metrô no Rio, ao final das obras da Linha 4, previstas para o primeiro semestre de 2016. Para isso, além do projeto básico da Linha 5, que já está sendo licitado pela Casa Civil, a Secretaria de Estado de Transportes já elabora os termos de referência que irão sustentar as licitações para os projetos básicos de outros três trechos metroviários: Uruguai-Méier (Engenhão), Carioca-Estácio e Jardim Oceânico-Alvorada-Recreio dos Bandeirantes. O mais adiantado é o Gávea-Carioca. Mas o eventual avanço dos demais projetos ao longo de 2015 poderá fazer com o que o estado decida usar o tatuzão primeiro em outra linha.
— Eu vi a dificuldade que foi fazer os projetos básico e executivo, licenciamento ambiental e desapropriação da Linha 4. Então eu quero vencer essas etapas.
Hoje (terça), com a abertura dos envelopes (da Linha 5), estamos sinalizando o que queremos do governo, que é ter os projetos, o licenciamento e os custos das obras (de expansão do metrô) prontos. O tatuzão vai termimar o seu trabalho na linha 4 em 2016. Quero muito fazer essa linha (Gávea-Carioca). Mas também quero fazer as outras. De repente podemos dar prioridade a uma linha ou outra. Mas tenho que ter o projeto e o licenciamento de todas, porque aí é um avanço significativo. Posso então colocar o São Pidão debaixo do braço e pedir (recursos) para a presidenta Dilma, o prefeito Eduardo Paes, todo mundo.
O estado sozinho não tem condições de fazer — disse o governador, que anunciou que pretende iniciar as obras da Linha 3 (Niterói-São Gonaçalo) do metrô até abril de 2015.