A partir das 18h30 desta quarta-feira (19), a situação do monotrilho em Poços de Caldas (MG) será discutida em uma audiência pública na Câmara Municipal da cidade. Concebido para ser uma atração turística na década de 1980, o meio de transporte funcionou entre os anos de 2001 e 2003, mas foi marcado por uma pane elétrica durante a viagem de inauguração. Na ocasião, dezenas de pessoas precisaram ser retiradas pelo Corpo de Bombeiros. Após a queda de duas pilastras, o monotrilho parou de vez e há mais de 10 anos está inoperante.
A audiência foi pedida pelo Ministério Público e será presidida pelo promotor Emmanuel Levenhagen, que busca subsídios para um acordo entre a Prefeitura Municipal e a concessionária do transporte. O debate será uma oportunidade para que a prefeitura, a empresa concessionária, os moradores, o Ministério Público e os especialistas das áreas de planejamento urbano possam discutir e explorar as questões que envolvem a obra, que deveria servir como meio de transporte para a população. Caso funcionasse, o monotrilho ligaria o Terminal de Linhas Urbanas, no centro da cidade, à rodoviária do município, em um trajeto de oito quilômetros.
De acordo com o promotor Emmanuel Levenhagen, a audiência foi baseada em um inquérito civil, que avaliou que o monotrilho está em situação de abandono e que o serviço público está inoperante. “A discussão é para tentarmos um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre a concessionária e a prefeitura, já que existem algumas divergências. Será uma ocasião para ouvirmos especialistas e a população e legitimar a discussão e democratizar o debate. A partir daí, vamos adequar o TAC e determinar um prazo para que ele seja assinado”, disse.
Ainda de acordo com o promotor, o objetivo principal do TAC é manter o monotrilho em funcionamento. A última opção, segundo o Ministério Público, seria a demolição de toda a estrutura. Estima-se que a demolição de toda essa estrutura poderia custar algo em torno de R$ 10 milhões. O acordo prevê também a recomposição do talude às margens do rio ao longo da Avenida João Pinheiro e o prazo estipulado para isso deve ficar entre três e seis meses.
Problema antigo
Aprovada em 1981, a construção do monotrilho previa 30 quilômetros, mas apenas 8 foram entregues em 2000. Entre 2001 e 2003, o meio de transporte – e também atração turística – funcionou poucas vezes e foi marcado por uma pane técnica durante a viagem de inauguração. Na ocasião, dezenas de pessoas precisaram ser retiradas pelo Corpo de Bombeiros. Após a queda de duas pilastras, o monotrilho parou de vez e há mais de 10 anos está inoperante.
Um impasse entre a construtora e a prefeitura impede que a edificação volte a funcionar. A concessionária culpa a administração pública pela queda dos pilares de sustentação e pede que seja feita uma análise da estrutura que ainda existe.
Em 2012, a prefeitura compôs uma comissão de engenheiros para elaborar um parecer técnico sobre as condições estruturais do monotrilho. Depois das análises, a comissão salientou a necessidade de contratação de uma empresa especializada para avaliar a estabilidade, segurança e integridade da edificação, alegando que toda estrutura está há muitos anos sujeita ao desgaste natural e sem manutenção adequada.
A empresa J. F. Ferreira Ltda tem a concessão do monotrilho até 2041. Após este prazo – que é de 50 anos a partir da data que entrou em vigor – um novo acordo deverá ser feito com a prefeitura.
Volta do monotrilho divive opiniões
A possível volta do monotrilho divide opiniões entre os moradores de Poços de Caldas. O artista plástico Marcelo Abuchalla levantou, em 2012, durante um curso de gestão cultural, uma proposta de transformar as estações abandonadas - que atualmente servem como abrigo para moradores de rua e andarilhos - em setores de cultura e os trilhos em um boulevar aéreo. O próprio artista já fez, em diferentes momentos, oficinas e intervenções na estrutura do monotrilho.
"Cada setor de cultura ocuparia uma estação, garantindo que o local abandonado tivesse vida", disse.
Quem teve a chance de 'viajar' no monotrilho durante o curto período em que ele funcionou guarda lembranças saudosas do período e torce pela reativação, como é o caso do aposentado João Luis Marques Lima. "Eu espero que haja um acordo mesmo e que volte a funcionar em breve. É muito bacana que a cidade tenha um atrativo como esse e também que seja um meio de transporte, não é?", comentou.
Já o jornalista Alex Silva, que viajou apenas uma vez no monotrilho, durante a tradicional Festa Uai, em Poços de Caldas, e percorreu do Terminal de Linhas Urbanas até a rodoviária, torce para que o transporte volte. "Se ele for reformado e tiver uma estrutura boa, eu acho que será muito positivo para a cidade, afinal é um meio de transporte muito importante. Foi uma experiência interessante ter viajado nele. Aliás, espero sim que decidam por voltar, afinal, se eu quiser fazer isso de novo, atualmente tenho que ir a São Paulo (SP) ou até a Disney", brincou.
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