18/06/2018 - DCI
Atingindo R$ 910 mensais em algumas linhas, o custo do metro
quadrado (m²) de áreas comerciais dentro do Metrô São Paulo supera o preço
praticado pelos shopping centers. Segundo especialistas, contudo, nem todos os
negócios dão certo nas estações.
Segundo informações repassadas pela empresa ao DCI, o preço
para aluguel do m² nas linhas Verde, Vermelha e Azul atingiu, em abril, R$ 910,
R$ 870 e R$ 800, respectivamente. “Os preços de aluguel em estações são em
média 50% maiores que aqueles de um shopping center”, afirmou o sócio-diretor
da consultoria especializada na expansão de redes de varejo GS&BGH, Marcos
Hirai.
O Metrô paulista tem atualmente 4.700 m² em áreas comerciais
ocupadas, sendo a Linha Vermelha (que conecta as zonas leste e oeste, passando
pelo centro da capital) a que concentra maior número de negócios. No ano
passado, a vertical gerou R$ 40 milhões em receitas para a companhia. De
janeiro a abril deste ano, quase metade deste valor (ou R$ 18 milhões) já foi
atingido.
De acordo com Hirai, há potencial para mais. “[Receita de]
R$ 40 milhões anuais é menor que o faturamento de um shopping. Há potencial
para quadruplicar essa quantia”. Diretora de microfranquias e novos formatos da
Associação Brasileira de Franchising (ABF), Adriana Auriemo tem pensamento
semelhante. “De maneira geral, terminais de transporte representam apenas 1% do
mercado de franquias. Creio que ainda há muito potencial para ser explorado”,
sinalizou.
De acordo com os dois especialistas, a expansão em metrôs
conta com algumas vantagens; a principal delas é o alto fluxo. No Metrô São
Paulo, a média diária de passageiros por dia útil atingiu 3,7 milhões de
pessoas no ano passado.
“O público é certo, com previsibilidade dos horários de
picos”, afirma Marcos Hirai, que, no entanto, faz algumas ressalvas. “Não são
todos os negócios que dão certo lá.”
“Funciona melhor o tipo de produto que pode ser vendido
rapidamente, por impulso”, afirmou Adriana Auriemo. Segundo Hirai, lojas de
alimentação rápida e de conveniência estariam nesta categoria.
Já “aquilo que depende de um pouco mais de tempo e paciência
não é recomendado”, de acordo com o consultor. Nesta categoria entrariam lojas
de vestuário, calçados, agências de viagens e restaurantes.
Um outro entrave seria a burocracia – que acaba contribuindo
para que a opção fique fora dos planos de expansão de grandes redes.
Tal cenário abriria espaço para players alternativos, de
acordo com Hirai. “Há empresas especializadas em abrir lojas, muitas vezes sem
marcas, nas estações. Muitas delas trabalham com comida ‘como commodity’ e se
especializaram no segmento, abrindo cinco ou dez lojas”, afirma.
A opção também é vista como oportunidade para empresas de
pequeno porte. “Muitas microempresas conseguem [sucesso] caso operem com custos
operacionais mais baixos. Ainda assim, algumas vezes a lucratividade não
compensa por conta do alto aluguel”, afirma.Adriana, por sua vez, observa que
os custos de uma loja no Metrô podem ser bem palatáveis, dependendo do tamanho
do espaço. “Geralmente as operações são pequenas, com 4 m² ou 6 m²”.
Sócia-diretora da Nutty Bavarian, a dirigente cita a própria
rede como exemplo. “Nossos quiosques têm 2 m²”. Em São Paulo, a marca
especializada em castanhas está presente em três estações da Via Quatro (de
administração privada), além de outras três na capital fluminense. Conforme
Adriana, há expectativa da abertura de mais quatro nas duas cidades.
“Está abrindo um espaço muito grande para franquias e coisas
mais profissionais”, observou ela, não sem lembrar que o cotidiano da operação
em estações não é tão simples. “No shopping você tem doca para abastecimento,
energia constante e segurança, enquanto em estações você está um pouco mais
vulnerável”. Adriana também cita problemas com conectividade à internet em
certos locais como possível aborrecimento.
Em andamento
No Metrô paulista, a busca por parceiros que aluguem áreas
comerciais é “contínua”, conforme informações enviadas ao DCI. “Entre o final
de 2016 até abril de 2017 fizemos, por exemplo, licitação para 106 pontos
comerciais. Depois disso, lançamos projetos sazonais (de curta duração), feiras
(também de curta duração) e ações promocionais”.
No caso das licitações, a exploração ocorre através de
contratos de 1 a 5 anos de duração; mais curtas, as autorizações para uso
valeriam em períodos de 30 dias a um ano.
“Visando resultados ainda em 2018, iremos licitar 19 pontos
nos próximos três meses”, prosseguiu a nota. Cerca de 400 m² serão
disponibilizados.
“E já temos previstas outras iniciativas, como uma ação
específica para estações com pouca tradição comercial, com mais 17 espaços”,
concluiu a empresa, que ainda citou “casos de encerramento de contrato com nova
oferta pública ao mercado.”
- Fonte:
https://www.dci.com.br/comercio/area-comercial-de-metro-paulista-tem-m-mais-caro-que-em-shopping-center-1.716085