terça-feira, 30 de junho de 2020

Turismo ferroviário começa retomada

Bondinho de Santos (SP). Crédito: Rogério Cassimiro/MTur

As viagens turísticas de trem já podem ser retomadas a partir desta quarta-feira (10.06). A decisão que permite o funcionamento da atividade foi publicada na edição do Diário Oficial da União de hoje e representa um passo importante rumo à volta gradual do turismo no país. A Resolução 5.894/2020 atende a uma solicitação da Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais (ABOTTC) e foi possível graças à articulação do Ministério do Turismo junto à Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT). O MTur solicitou a revogação do artigo 15 da resolução 5.893/2020, publicada no último dia 03, que havia determinado a interrupção de funcionamento de todos os trens turísticos do País.
Alguns trens que já estavam retomando as atividades, como os de Bento Gonçalves (RS) e os da Serra Verde (PR), tiveram de suspender a venda de bilhetes e a operação. O retorno se tornou possível porque o segmento de trens turísticos se comprometeu a aderir aos protocolos de biossegurança apresentados na última semana pelo Ministério do Turismo: o selo “Turismo Responsável – Limpo e Seguro”. O selo, que é gratuito e é emitido por adesão e compromisso espontâneo do empreendimento, auxiliará no processo de retomada do turismo, para que seja feito com segurança em 15 diferentes segmentos.
No caso dos trens turísticos, para auxiliar a volta do segmento com segurança para turistas e também para trabalhadores, o protocolo destinado a “Transportadora Turística” traz orientações gerais e específicas como: organizar horários de clientes de forma a evitar aglomeração de pessoas e manter, sempre que possível, portas e janelas abertas para melhorar a circulação do ar, auxiliando na ventilação natural do ambiente.
“O Ministério do Turismo tem trabalhado em diferentes frentes para assegurar que a retomada de nossa atividade ocorra de maneira segura para turistas e trabalhadores do segmento. O selo é um diferencial importante para esse novo turismo que surgirá com o fim da pandemia. O Brasil sai na frente de vários concorrentes mundiais ao estabelecer esses protocolos de biossegurança”, afirmou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.
SELO – A criação do selo de boas práticas em questões associadas à biossegurança é a primeira etapa do Plano de Retomada do Turismo Brasileiro, coordenado pelo MTur a fim de minimizar os impactos da pandemia e preparar o setor para um retorno gradual às atividades. Ele está vinculado ao Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur).
Para solicitar, o interessado deve acessar o site da iniciativa – 

Déficit nos sistemas de passageiros chega a R$ 2,6 bilhões


O déficit dos sistemas metroferroviários com a pandemia do novo coronavírus chega a R$ 2,6 bilhões, segundo informações da ANPTrilhos. Somente na segunda quinzena de março, a redução de receita foi de R$ 500 milhões, enquanto em abril o déficit registrado foi de R$ 1,1 bilhão e em maio em torno de R$ 1 bilhão, informa a associação que representa as operadoras de passageiros. Desde o início do isolamento social, há 80 dias, a demanda nos sistemas sobre trilhos oscila em torno de 30% em relação ao volume de passageiros normalmente transportados pelos sistemas.
A ANPTrilhos tem mantido contato com os órgãos governamentais federais e estaduais para discutir a implementação de medidas de socorro ao setor, mas nenhuma até agora foi efetivada. Entre elas, linha de crédito para fazer frente ao capital de giro das empresas do setor; aprovação de projetos de investimento para fins do financiamento por meio de debêntures incentivadas (Lei nº12.431 e Portaria MC nº 532/17); redução dos encargos setoriais devido ao status de calamidade; isenção de ICMS sobre energia elétrica para o setor; diferimento no pagamento de tributos federais; redução de custos previdenciários; e reabertura do prazo para a opção pelo regime da contribuição substitutiva à contribuição previdenciária sobre folha de salários.
10/06/2020 – Revista Ferroviária


sábado, 16 de maio de 2020

Tecnologia será fundamental para o transporte coletivo quando o desconfinamento chegar


Os desafios do transporte público coletivo serão enormes no pós-pandemia do coronavírus. Quando a crise sanitária diminuir e o isolamemnto social começar a ser aliviado é que a conta chegará para o setor ainda maior do que a paga atualmente, em plena crise sanitária. O resgate da demanda de passageiros – que caiu em mais de 80% na maioria dos sistemas, seja sobre pneus ou trilhos – será o objeto de desejo de todos. E, se essa busca já era árdua antes do novo vírus aparecer, ficará ainda mais dura com uma sociedade temerosa de se contaminar nos ônibus e metrôs. Nessa guerra que se projeta num futuro breve, a tecnologia será uma arma imprescindível e que, com certeza, fará toda a diferença na sobrevida de muitos sistemas.
É preciso a busca contínua por tecnologia e redução da tarifa. Essa é a principal lição para o setor de transporte para os dias seguintes à pandemia
Jean Carlos Pejo, secretário geral da Associação Latino-Americana de Estradas de Ferro (ALAF) e ex-secretário Nacional de Mobilidade e Serviços Urbanos (SEMOB)
Na verdade, quem opera ou gerencia o transporte coletivo sabe essa lição há muito tempo. Talvez, não a exercite por falta de visão e/ou de recursos, mas todos do setor têm conhecimento da importância e do diferencial que a tecnologia proporciona aos sistemas de transporte. O crescimento da mobilidade por aplicativo, por exemplo, está aí para confirmar esse raciocínio. Como muito gente já tem dito, partiremos para uma nova era pós-coronavírus. E quanto mais inovação for oferecida, maiores as chances de o passageiro retornar aos modais coletivo. Operadores de ônibus e metrôs terão que implementar novas tecnologias que tornem os sistemas eficientes o suficiente para atrair os passageiros de volta. Se essa necessidade já era gritante na pré-pandemia, agora ela terá que estar associada à imagem de organização, higiene e respeito – dentro do possível, é claro – às regras sanitárias estabelecidas pela crise do
coronavírus.
Em Pernambuco, uso de máscaras no transporte público ainda não é obrigatório para passageiros
A tecnologia a que nos referimos começa com novas técnicas de higienização de metrôs e ônibus – como o robô que emite luz ultravioleta e pode eliminar 100% dos vírus nos trens em uma só aplicação que vem sendo testado no Metrô de São Paulo -, passa pela adoção e ampliação do pagamento eletrônico das passagens, pelo ordenamento e disciplinamento do embarque dos usuários, até chegar nos sistemas modernos que indiquem e controlem a lotação de metrôs e ônibus, por exemplo. O tema, entretanto, pode assustar muitos operadores e gestores públicos, completamente atordoados com o prejuízo que o transporte coletivo vem amargando devido à crise do coronavírus – R$ 2,5 bilhões por mês nos sistemas de ônibus e R$ 1 bilhão nos metroferroviários. Mas ele é urgente e se faz necessário para ontem.
Entre os operadores e estudiosos do setor, o transporte sobre trilhos deverá levar vantagem nessa corrida porque já são tecnológicos por essência. Alguns sistemas são mais do que outros, é claro, mas todos têm operações controladas pela tecnologia. O desafio será maior para o transporte por ônibus. Esses mesmos profissionais, entretanto, alertam que, mesmo com investimentos em tecnologia e inovação, a natureza do transporte de média e alta capacidade – que é o caso dos ônibus urbanos, metrôs e trens – é limitadora por si só. Ou seja, por mais que os operadores e gestores inovem, os sistemas terão que transportar muitos passageiros juntos. Caso contrário, não têm sentido de existir e não suportarão o custo.
O futuro incerto do transporte público no pós-pandemia
“Teremos que ter a tecnologia, sem dúvida, para inovar e limitar. E sabemos que o dia seguinte será muito, muito difícil. Mas tecnicamente será impossível impedir o transporte das pessoas ou adequá-lo às rígidas exigências sanitárias. Se não poderemos transportar 30/40 mil pessoas por hora, por corredor, não há necessidade de ter um sistema desse porte. Se for para ele operar vazio, o custo ficará inviável. Até porque o conceito dele é de média e alta capacidade”, alerta o presidente da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Joubert Flores.
A digitalização é fundamental e necessária. Aumentar eficiências das linhas e reduzir intervalos
Joubert Flores, ANPTrilhos
Joubert, assim como Marcus Quintella, coordenador do Centro de Estudos em Transportes e Logística da Fundação Getulio Vargas – FGV Transportes, alerta que o pós-pandemia deve ser o momento ideal para mudar paradigmas no setor de transporte coletivo, estimulando a integração de sistemas e, principalmente, buscando fontes de financiamento para o transporte público – com destaque para a taxação do transporte individual para custear o coletivo. “É inviável achar que, no pós-pandemia, nós vamos conseguir andar em ônibus e metrôs vazios. Não temos uma bala de prata para resolver esse problema. Por isso, acredito que a volta da demanda será gradativa. Começará pequena, mas lentamente vai retornando. Mas não teremos como evitar, por exemplo, aglomerações nas plataformas de metrô. O que vai ser importante é manter a higienização dos veículos e, principalmente, a educação da população para que use máscaras e mantenha as
etiquetas de saúde”, analisa Marcus Quintella.
EXEMPLOS DE TECNOLOGIA PARA O TRANSPORTE COLETIVO
SISTEMA QUE INDICA LOTAÇÃO DOS TRENS
A Linha 4 – Amarela do Metrô de São Paulo, operada pela ViaQuatro, do Grupo CCR, conta com monitores nas plataformas que informam o nível de lotação das composições, especificamente de cada carro do próximo trem. A tecnologia, que a CCR garante ser inédita em metrôs do mundo, é oferecida através de um software que monitora o peso dos carros do trem, gera a informação em tempo real e indica ao passageiro onde há mais espaço para embarcar. A ViaQuatro levou três anos para desenvolver a ferramenta com o objetivo de tornar o embarque e o desembarque ainda mais rápidos e seguros e a viagem mais confortável.
Como funciona: O monitor exibe o desenho do trem que, no caso da Linha 4-Amarela, tem seis carros. Por meio de um sistema de sinalização de cores – semelhante às de um sinal de trânsito -, o passageiro identifica o nível de ocupação: verde para baixo nível de lotação, amarela para médio e vermelho para alto nível de ocupação. Para orientar o passageiro a localizar o carro mais vazio, as portas das plataformas são identificadas por cores e números.
CRONÔMETROS NAS PLATAFORMAS
Outra tecnologia que é fundamental para o transporte público e será ainda mais no pós-pandemia, também utilizada na Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo, é o cronômetro de embarque. Os passageiros conseguem saber exatamente quando irão embarcar no próximo trem. Os monitores de vídeo indicam quantos segundos faltam para o trem chegar às estações intermediárias (ao longo da linha) e o tempo para a partida, no caso das estações terminais.
A ferramenta inédita foi inteiramente desenvolvida pelos colaboradores da ViaQuatro, que, até o momento, é a única operadora de transporte sobre trilhos no Brasil a oferecer este serviço. A previsão do horário de chegada somente é possível graças ao moderno sistema de sinalização automática CBTC, utilizado pela ViaQuatro. Algumas linhas de metrô do mundo têm o mesmo serviço porque também têm sistemas automáticos semelhantes.
PORTAS DE PLATAFORMA
As portas de plataforma, equipamento utilizado pela Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo, é mais uma tecnologia que pode colaborar bastante com a boa imagem e a eficiência dos sistemas de transporte público – no caso os metroviários. As divisórias de vidro separam a plataforma dos trilhos em todas as estações, oferecendo segurança aos passageiros que aguardam o embarque e otimizando a operação. Na América Latina, a Linha 4-Amarela foi pioneira na instalação desses equipamentos, que também evitam a queda de objetos nos trilhos e, consequentemente, as interrupções nas viagens.
A abertura e o fechamento das portas são operados de forma automática pelo sistema de sinalização CBTC. O sistema é tão preciso que as divisórias só são abertas no momento em que as portas dos trens também se abrem, exatamente no ponto de embarque e desembarque de passageiros. Enquanto o trem não chega à plataforma, as portas ficam fechadas. Assim, a barreira criada pelo equipamento também reduz o nível de ruído nas plataformas. Atualmente, o sistema de portas de plataforma é utilizado nas linhas de metrô mais modernas do mundo, como as de Tóquio (Japão), Barcelona (Espanha), Paris (França), Hong Kong (China), Cingapura (República de Cingapura) e Seul (Coreia do Sul).
MEDIÇÃO DE TEMPERATURA
A medição de temperatura por câmeras já está sendo adotada em alguns sistemas de transporte coletivo do mundo e até do País. E podem ser uma ferramenta extremamente necessária para resgatar a demanda de passageiros quando a crise do coronavírus passar. Na Bahia, o governo do Estado anunciou que iria instalar em breve equipamentos do tipo no metrô de Salvador. Os passageiros considerados febris não poderão embarcar devido ao risco de contaminação. As câmeras conseguem medir a temperatura de diversas pessoas ao mesmo tempo.
Para garantir a eficiência do bloqueio na prática, a promessa do governo baiano é que uma equipe de saúde ficará na retaguarda para orientar os passageiros do Metrô Bahia a procurarem orientação médica, já que poderão estar com a covid-19 ou outra doença. Na China, por exemplo, as câmeras foram utilizadas em diversos sistemas de transporte.
PAGAMENTO ELETRÔNICO DA TARIFA
Uma das medidas mais populares de prevenção à propagação da covid-19 é a proibição das vendas de passagem em dinheiro nos ônibus, como ainda é comum na maioria dos sistemas brasileiros. A partir de agora e mais do que nunca, é fundamental que haja um estímulo para que as passagens sejam compradas por aplicativos, via QRCode, nas estações e paradas do transporte público. Medidas do tipo foram ampliadas em cidades como Berlim (Alemanha), Barcelona (Espanha), Auckland (Nova Zelândia) e Jakarta (Indonésia) para evitar a proximidade entre passageiros e funcionários. Essas são algumas das iniciativas mostradas no documento “Transporte público e COVID-19”, elaborado pela Faculdade Getúlio Vargas (FGV) e que reúne ações realizadas para proteger o transporte público durante a crise do coronavírus.
Segundo a publicação, em Auckland, os passageiros que tentam pagar com dinheiro recebem um Smartcard grátis para ser utilizado nas próximas viagens. Em Jakarta, o sistema de pagamento sem dinheiro foi implementado em todas as paradas do TransJakarta. Já no Estado de New South Wales, na Austrália, foram os motoristas que pararam de aceitar o pagamento em dinheiro alegando o direito legal de interromper práticas de trabalho inseguras.
Além de os motoristas não aceitarem dinheiro, em Berlim e Barcelona o embarque de passageiros passou a ser feito apenas pelas portas traseiras. Já na Suíça, foram implementadas “barreiras” temporárias com fitas adesivas para evitar o contato próximo entre passageiros e funcionários.
TÚNEIS DE DESINFECÇÃO
Muitos sistemas do mundo já estão fazendo uso de inovações tecnológicas e sanitárias para tentar miminizar as possibilidades de contágio. No Brasil, apenas alguns. Depois de testar o uso de raios ultravioletas para higienizar os vagões, o Metrô de São Paulo e a CPTM (trens metropolitanos) começaram a oferecer cabines de descontaminação para os passageiros. O equipamento funciona com sensores de movimento que borrifam uma solução antisséptica composta por cloredixina nos passageiros que passam pelas tendas.
Por enquanto, existem apenas duas cabines instaladas na Estação Tatuapé, mas a Secretaria dos transportes Metropolitanos (STM) promete ampliar o número para 25 nos próximos dias. A ação é feita em parceria com a empresa Neobrax, especializada na produção da cloredixina. Para fazer a higienização, é necessário que o passageiro permaneça na cabine por apenas quatro segundos. O efeito dura quatro horas e, de acordo com a Neobrax, a cloredixina não irrita a pele e não precisa ser eliminada por enxágue.
No Rio de Janeiro, a prefeitura iniciou em 20 de abril um processo de instalação de cabines de desinfecção em pontos como a Central do Brasil, estações do MetrôRio, barcas e do BRT, começando pelo hospital de campanha do Riocentro. Na cabine são ativados dispositivos que pulverizam um produto chamado Atomic 70, desenvolvido por laboratório de São Paulo e certificado pela Anvisa.
ORGANIZADOR DE FILAS E CONTROLE DE DEMANDA NOS VEÍCULOS
Novas tecnologias que garantam a organização de filas para embarque nos coletivos e que forçem os passageiros a respeitar uma distância razoável entre si terão que ser pensadas pelo setor de transporte coletivo urgentemente. O mesmo vale para o controle de embarque de pessoas num ônibus ou vagão de metrô, por exemplo. Sejam guias indicativas para serem instaladas nos terminais de ônibus e plataformas de metrô ou alarmes que soem quando a lotação pré-determinada desses veículos for atingida, por exemplo. Serão formas de garantir a ocupação razoável dos veículos, evitando a superlotação do transporte e, assim, minimizando a resistência de parte da população em retornar aos modais de mobilidade coletiva.
HIGIENIZAÇÃO PERMANENTE E TECNOLÓGICA
A higienização dos veículos terá que virar um mantra na vida dos operadores. Será fundamental para a imagem do setor. E nessa busca, vale da adoção de medidas simples às tecnológicas. Entre elas, o uso obrigatório de máscaras por todos, inclusive no pós-pandemia, e o uso de inovação no processo de limpeza. Xangai e Hong Kong chamaram atenção e São Paulo está reproduzindo em teste a higienização com luzes ultravioletas para desinfetar ônibus e metrôs, processo que leva de 5 a 7 minutos e mata mais de 99,9% dos vírus. As soluções básicas, entretanto, não podem ser esquecidas. Como a desinfecção diária dos filtros de ar dos coletivos e metrôs, a sanitização dos escritórios, salas de reunião, refeitórios, elevadores e escadas rolantes – estes dois últimos limpos, em alguns lugares, de hora em hora.
06/05/2020 – Jornal do Commércio


Sistemas de metrô, trens urbanos e VLT perdem 77% dos passageiros



“Uma queda de 77% da demanda diária. Desde que começaram as restrições de circulação, a perda de receita foi de R$ 1,6 bilhão e hoje o setor vive uma situação bastante delicada. Estamos buscando uma alternativa para que não haja descontinuidade do serviço”. As palavras são do presidente do conselho da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), Joubert Flores, e mostram que operadores brasileiros de sistemas de metrô, trens urbanos e VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) vivem um momento de agonia em razão da crise causada pela pandemia da covid-19.
A diminuição sem precedentes na demanda e a necessidade de se manter a prestação dos serviços ameaça a capacidade de algumas empresas cumprirem suas obrigações com funcionários e fornecedores. “Já são sete semanas desde o início das restrições. Algumas operadoras têm mais ou menos um mês de recursos para suas despesas com pessoal e manutenção. O custo do serviço é alto. Mesmo que você reduza a grade de operação, não diminui o valor gasto como energia, salário e fornecedores”, explica.
Outra consequência da pandemia é a elevação das despesas para cumprir as normas sanitárias que combatem a propagação do novo coronavírus. “Diminuímos o efetivo e estamos capacitando os trabalhadores para a situação atual. As higienizações, que eram feitas em apenas um período, hoje são feitas várias vezes por dia e muitas vezes a cada parada no terminal. Também estamos disponibilizando máscaras e álcool em gel dentro dos carros”, cita Flores.
Para encarar o momento, a ANPTrilhos defende a necessidade de uma série de medidas, como a abertura de uma linha de crédito para que as empresas disponham de capital de giro; aprovação dos projetos de investimento para fins de financiamento por meio de debêntures incentivadas; redução dos encargos setoriais devido ao status de calamidade; isenção de ICMS (Imposto Circulação de Mercadoria e Serviço) sobre energia elétrica para o setor; além do diferimento no pagamento de tributos federais.
Conforme Joubert Flores, desde o final de março, quando iniciaram as medidas de restrição de circulação, a ANPTrilhos vem dialogando com o governo federal para encontrar alternativas e construir soluções. Mas ele lembra que a saída passa por uma articulação entre governo federal e governos locais. “A conversa evoluiu, e buscamos agora um encontro com o Ministério de Minas e Energia, pois o nosso principal insumo é a energia. Apesar da diminuição do consumo, os encargos sobre ela continuam os mesmos. Além disso, é necessário um alinhamento entre União, estados e municípios. O governo federal deve repassar o socorro para os estados que, por sua vez, poderão apoiar as operadoras”.
A projeção para os próximos meses não é otimista. Segundo o presidente da entidade, dificilmente o setor alcançara os resultados do passado. “Países europeus que tiveram uma atuação melhor durante a pandemia, como Alemanha e Áustria, já estão retomando as operações, mas a demanda pelos serviços de transporte segue baixa. Não acredito que voltaremos ao status quo de antes. Hoje muitas pessoas estão trabalhando em casa, empresas irão manter um nível de trabalho remoto, com um custo menor. Temos ainda a questão do desemprego. Se imaginarmos que 70% das pessoas que utilizam o setor fazem isso para trabalhar, devemos ter uma queda de demanda ou uma curva de crescimento mais lenta. Além disso, as pessoas que puderem evitar aglomeração irão se manter isoladas”, analisa.
06/05/2020 – Agência CNT de Notícias


domingo, 12 de janeiro de 2020

15 meses após inauguração, trem para Cumbica que pode ter até 2.000 pessoas circula com 35


  08/01/2020
person Folha de S.Paulo

 Vagões vazios do Expresso para Guarulhos nesta segunda-feira (6) - Bruno Santos/Folhapress

Dia 6, primeira segunda-feira de 2020. O relógio marcava 11h57, e o trem surgia na plataforma da estação da Luz, no centro de São Paulo.
Não havia filas. Não havia tumulto. Não havia correria. Apenas 36 passageiros aguardavam pela chegada da composição. As portas fecharam ao meio-dia. É hora de o trem seguir para a sua segunda viagem do dia até o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP).
Os 36 passageiros não ocuparam nem os 40 assentos disponíveis em um dos oito vagões. Deu para viajar sozinho num vagão inteiro, limpo e climatizado, esticar as pernas e dormir no trajeto, que dura cerca de 30 minutos, sem paradas e com seguranças circulando pelo corredor.
Na volta, a Folha pegou o Expresso das 15h e viajou com outros 35 passageiros até a Luz.
A situação presenciada pela Folha ocorreu num dia em que Cumbica recebeu cerca de 145 mil passageiros, um pico nessa época do ano provocado pelas férias escolares. O número leva em consideração o total de pessoas que circularam pelos três terminais em voos que chegaram e decolaram do aeroporto.
A GRU Airport, concessionária responsável pela gestão do maior terminal aeroportuário do país, não informou quantos desses passageiros ficaram em São Paulo.
Mas nem a comodidade e a alta demanda de Cumbica fizeram o serviço da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) decolar. Até agora, o Expresso vem atraindo pouca gente.
Em 2019, atingiu uma média de 350 passageiros ou 35 ocupantes em cada uma das dez viagens (ida e volta) que faz nos dias úteis. Um trem da CPTM possui 320 assentos; incluindo quem viaja em pé, pode transportar até 2.000 pessoas.
Como o serviço expresso foi criado só em outubro de 2018, não é possível fazer uma comparação anual.
A linha 13-Jade da CPTM, da qual o Expresso faz parte, custou R$ 2,3 bilhões, valor pago com financiamento do BNDES e com dinheiro da Agência Francesa de Desenvolvimento e do Banco Europeu de Investimento.
O economista Flávio Roberto de França Júnior, 56, é um habitué do Expresso. Falou com a Folha sentado sozinho num vagão e com o laptop ligado. "É muito barato, limpo e seguro. Eu aproveito os 30 minutos da viagem para trabalhar já daqui."
"Mas não é um serviço de primeiro mundo. O ideal seria ter um trem já ligando o aeroporto de Congonhas [doméstico] a Guarulhos", diz. "O intervalo entre as viagens deveria ser menor. Isso atrapalha muito". Hoje, são duas horas entre uma viagem e outra, nos dois sentidos.
A assistente social Jaqueline dos Santos, 36, e o marido, o eletricista Roberival Silva, 41, viajaram no trem do meio-dia porque ficaram com medo de pegar o próximo, das 14h. O motivo: o voo do casal para Maceió (AL) era às 15h. "[O trem] deveria sair de 30 e 30 minutos. A gente tem que chegar muito antes no aeroporto por causa desses horários mais espaçados."
O Expresso foi inaugurado em 16 de outubro de 2018. Liga o centro da capital paulista ao aeroporto de Guarulhos em viagens diretas. Nos feriados e nos finais de semana, são três deslocamentos em cada sentido.
Rumo ao aeroporto, o primeiro trem parte às 10h. No sentido contrário, às 9h. O bilhete custa R$ 8,80 -o dobro do valor cobrado no serviço de transporte sobre trilhos nas demais linhas. Quem está no Metrô, precisa desembarcar na Luz e comprar o bilhete exclusivo do Expresso.
Mas o maior problema do serviço, apontado por Jaqueline e Roberival, é a falta de conexão direta entre o trem e os terminais de Cumbica.
Os 36 passageiros que estavam na viagem acompanhada pela Folha desembarcaram na estação Aeroporto (última da linha 13-Jade), que fica do outro lado da rodovia Hélio Smidt. Com malas em mãos, atravessaram uma passarela e ainda pegaram um ônibus para acessar a área de embarque.
"Gera um incômodo, né. O absurdo de dinheiro que gastou nisso aqui e ainda tem que pegar um ônibus até o terminal. Já gera um transtorno", reclama Roberival.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Paraná anuncia trem turístico com 16 km de trilhos entre Morretes e Antonina


  05/11/2019
person Folha de São Paulo (Blog)

Estação ferroviária de Antonina, construída em 1916 (Divulgação)

Fim da linha de uma das principais rotas ferroviárias turísticas do país, Morretes (PR) deverá receber um novo passeio, agora ligando a cidade a Antonina, num trecho de 16 quilômetros no litoral do Paraná.
O anúncio foi feito pelo governo do estado, que fez um acordo com a concessionária Rumo Logística para a revitalização da linha férrea entre as duas cidades.Quando entrar em operação, o trem será o segundo a ter como destino Morretes, que já é uma das pontas do trem da Serra do Mar paranaense, operado pela Serra Verde Express num trecho de 70 quilômetros entre a cidade e a capital do estado, Curitiba.
O documento que prevê o retorno do trem no trecho foi assinado pelo governador Ratinho Junior (PSD) e pelo presidente da empresa, João Alberto Abreu.Além das obras para a ligação de 16 quilômetros entre as estações das duas cidades, também foi inaugurada, na última quinta-feira (31), a restauração da estação ferroviária de Antonina, cuja construção data de 1916. A reinauguração contou com exposição de fotos antigas, obras de arte e peças históricas.
A intenção, de acordo com o governo paranaense, é que a estrutura dos trilhos fique pronta ainda neste ano, para a realização de um passeio natalino.A Rumo pagará a revitalização, que será coordenada pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária).
Com o novo trecho, será possível se deslocar de Curitiba a Antonina por trens, com necessidade de troca de composição em Morretes -já que os trechos serão operados por empresas diferentes.A viagem entre Curitiba e Morretes dura cerca de quatro horas e 15 minutos, em meio a cachoeiras e trechos de mata atlântica, com preços a partir de R$ 169.