17/12/2021 Estadão Edição Impressa
Após 17 anos de obras, Estado conclui entrega da
Linha Amarela do Metrô Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Estadão – Após 17 anos de
obras, o governo estadual conclui a entrega da Linha 4-Amarela, com a
inauguração nesta sexta-feira, 17, da Estação Vila Sônia. O trecho acrescenta
1,5 km à linha, que vai da Luz, no centro da capital, à nova estação, na zona
oeste. O projeto, que chegou a ser prometido pela gestão Geraldo Alckmin para
2014, é concluído após percalços, como o acidente no canteiro de obras que
abriu uma cratera em Pinheiros, em 2007, e o rompimento do contrato com o
consórcio que iniciou as obras, em 2015. O Estado planeja estender a linha até
Taboão da Serra, na região metropolitana.
A linha – a primeira
do Metrô a ser operada pela iniciativa privada – tem 11 paradas e 12,8 km de
extensão. Para especialistas, esse traçado foi importante para conectar regiões
muito verticalizadas, com crescente demanda de mobilidade, e também para
implementar o modelo de parceria com empresas.
O projeto inicial foi
dividido em duas fases: a primeira com as Estações Luz, República, Paulista,
Faria Lima, Pinheiros e Butantã. Em janeiro de 2007, houve um deslizamento em
um canteiro da Estação Pinheiros, com sete mortes e 79 famílias desalojadas. A
segunda etapa, iniciada em 2012, envolve as Estações Fradique Coutinho,
Higienópolis-Mackenzie, Oscar Freire, São Paulo-Morumbi e Vila Sônia. Mas, em
2015, a obra foi paralisada pelo consórcio responsável e retomada só no ano
seguinte, após rescisão contratual e nova licitação.
“Quando assumimos a
gestão, todos os contratos estavam praticamente paralisados. Conseguimos
acelerar os contratos e concluir todas as obras que precisavam ser feitas
dentro desta linha”, afirmou ao Estadão o secretário de Transportes
Metropolitanos, Paulo Galli, da gestão João Doria (PSDB). A fase 2 teve
orçamento de R$ 2,1 bilhões para erguer cinco estações, o que inclui ampliação
de Butantã a Vila Sônia e complementação do pátio de manutenção, além da compra
de sistemas elétricos e auxiliares.
Testes
Inicialmente, a estação ficará aberta de 10h às 13h em dias úteis, sábados e
domingos, com cobrança de tarifa. A fase de testes vai até março, com ampliação
gradual do horário. Com o funcionamento integral, a expectativa é de que a
estação atenda até 86 mil pessoas por dia. E o total de passageiros na linha
deve subir para 896 mil diários.
Conforme a Secretaria
de Transportes Metropolitanos (STM), foram usados 48.419 m³ de concreto e 980
m² de vidro na construção. O local terá duas plataformas laterais para embarque
e desembarque, 20 escadas rolantes, 12 escadas fixas, 46 portas automáticas de
plataforma, 4 elevadores e 4 banheiros. Um terminal de ônibus na parte superior
também será aberto. O local receberá linhas da capital e intermunicipais.
Procurada, a ViaQuatro, concessionária responsável disse que as informações
sobre a nova estação são repassadas pela STM.
Ligação
O Estado ainda planeja estender a linha até Taboão da Serra, na região
metropolitana
Galli defende o
modelo de concessão. “Com as características urbanas que nossa região tem, é
impossível pensar em transporte de qualidade, com a velocidade e tempo
necessários para atender à população se não tiver a participação da gestão
privada”, diz. Segundo ele, é discutida a expansão para a Grande São Paulo –
hoje a rede é restrita à capital.
“Taboão (de 300 mil
habitantes) está nos planos do Estado”, afirma. A ideia é que a condução da
obra fique sob responsabilidade da concessionária que opera a linha.
Linha 6
Na quinta-feira, 16, começaram as escavações na Freguesia do Ó para a Linha
6-Laranja, que fará a ligação entre as Estações Brasilândia (zona norte) e São
Joaquim (zona sul) em um trecho de 15 km, com 15 estações distribuídas. Vai
passar por diversos bairros onde estão algumas das principais universidades da
capital, como a FGV, a PUC, o Mackenzie e a Faap. A previsão de entrega da
primeira linha ferroviária totalmente construída pela iniciativa privada no
País é para 2025.
Desafios
Cláudio Barbieri da Cunha, professor da Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo (USP) diz que obras metroviárias são bem-vindas em razão da agilidade.
“É um sistema sempre de muito sucesso, pois proporciona alternativa de
deslocamento muito mais rápida”, afirma ele, que cobra um ritmo maior de
entrega. “É preciso buscar alternativas para que as obras não atrasem tanto.”
O avanço urbano em
bairros mais afastados do centro também é apontado pelos especialistas como um
fator que cria demanda de mobilidade. “A área da Vila Sônia é uma região
verticalizada, que não tem mais para onde crescer. Precisa de transporte de
massa para se deslocar”, diz Luiz Vicente de Mello Filho, doutor em Engenharia.
Para tornar o
transporte público mais atrativo, especialistas também defendem melhorias em
áreas próximas da estação, de modo a privilegiar pedestres e ciclistas. Com a
necessidade de cortar emissões de gases de efeito estufa, há necessidade de
reduzir o total de veículos nas ruas e oferecer alternativas menos poluentes e
mais integradas. “O entorno também precisa ter vias e calçadas bem conservadas.
As pessoas com mobilidade reduzida precisam chegar até a estação”, continua
Mello Filho.
Linha do tempo
12/2004 – O então governador Geraldo Alckmin (PSDB) diz que a primeira fase da
Linha 4, que consiste na construção das estações Butantã, Pinheiros, Faria Lima
e Paulista, República e Luz, deve ficar pronta em 2008
01/2007 –
Desmoronamento no canteiro de obras da Estação Pinheiros provoca a abertura de
uma cratera de 80 metros de diâmetro. Sete pessoas morrem no acidente
05/2010 – As duas
primeiras estações da Linha 4-Amarela, Paulista e Faria Lima, são abertas.
10/2011 – Após
sucessivos atrasos, a primeira fase da Linha 4 começa a operar completamente,
com seis estações (Butantã, Pinheiros, Faria Lima, Paulista, República e Luz)
11/2014 – Inauguração
da Estação Fradique Coutinho
07/2015 – O governo
de SP rompe contrato com o consórcio responsável pela construção de estações
que faltavam na Linha 4. Obras são retomadas no dia seguinte
2018 – Inauguração
das Estações Higienópolis-Mackenzie, Oscar Freire e São Paulo-Morumbi
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