Cercado de polêmica, o projeto de construção da estação de metrô da Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, sofreu modificações que, na versão final, vão alterar a circulação de usuários no bairro. As entradas foram mantidas fora dos limites das grades. Mas os dois acessos, que inicialmente ficariam ao lado dos portões das ruas Barão da Torre e Visconde de Pirajá, foram deslocados. Com as mudanças, eles ficarão nas esquinas da Visconde de Pirajá com as ruas Maria Quitéria e Joana Angélica. As alterações também melhoraram o destino da árvore mais antiga da praça: uma figueira de 12 metros de altura e quase um século de idade, que estava condenada pelas obras — pois não poderia ser replantada — não será mais removida.
A necessidade de retirar outras árvores da praça, porém, continua. Mas, em lugar de 113 espécimes do projeto original, agora serão removidas 77, que serão replantadas no mesmo local após as obras. O pequeno lago da praça também será poupado.
Apesar da mudança, polêmica continua
As alterações no projeto, no entanto, não foram suficientes para acabar com a polêmica no bairro. A presidente da Associação de Moradores de Ipanema, Maria Amélia Fernandes Loureiro, que já era favorável à versão anterior do projeto, elogiou as mudanças. Mas a coordenadora do Projeto de Segurança de Ipanema, Ignez Barreto, voltou a defender ontem que as estações sejam retiradas de vez dos limites da Praça Nossa Senhora da Paz.
— A nova proposta é melhor, porque as entradas ficarão mais afastadas dos portões da praça. Isso ajudará na organização da circulação de pedestres no entorno. A chegada dos usuários do metrô será mais dispersa, facilitando o deslocamento daqueles que querem aproveitar a Praça Nossa Senhora da Paz como área de lazer — disse Maria Amélia.
Ela acrescentou, no entanto, que a entidade continuará a brigar para que, no futuro, o governo do estado invista na ampliação de outras ligações de metrô entre Barra e Zona Sul. No projeto da Linha 4 (Jardim Oceânico-General Osório), a estação Gávea foi projetada em dois níveis, para permitir a implantação de linhas independentes em direção ao Centro, passando por Jardim Botânico e Humaitá. Mas ainda não há data para saírem do papel.
Ignez Barreto, por sua vez, reclama que a principal demanda da entidade não foi atendida: transferir os acessos para o outro lado da Rua Visconde de Pirajá.
— A expectativa é que 47 mil pessoas usem a estação diariamente. Mesmo com as mudanças, os acessos do metrô ficarão próximos a duas entradas secundárias da praça. Ou seja, muita gente continuará a usar a praça apenas de passagem, interferindo na qualidade da Nossa Senhora da Paz como área de lazer — disse Ignez.
A coordenadora do Projeto Segurança de Ipanema lembrou ainda que um grupo de moradores entrou na Justiça contra o método adotado pelo estado para construir a estação. Eles são contra também a remoção de árvores, mesmo que de forma provisória. No fim do ano passado, chegaram a conseguir uma liminar para paralisar as obras, mas o governo do estado recorreu à presidência do Tribunal de Justiça (TJ). O estado afirmou ontem que a liminar foi parcialmente revogada e que o TJ autorizou as obras, desde que elas não impeçam uma perícia judicial na área.
O subsecretário da Casa Civil, Rodrigo Vieira, explicou que a concepção inicial da entrada das estações tomava como base uma proposta conceitual. Ao detalhar os projetos, o Consórcio Rio-Barra reorganizou as áreas técnicas da estação. Isso permitiu reduzir em 860 metros quadrados (15% do total) a área a ser escavada na praça.
Rodrigo disse que o prazo para a conclusão das seis novas estações do metrô (Jardim Oceânico, São Conrado, Gávea, Antero de Quental, Praça Nossa Senhora da Paz e Jardim de Alah) está mantido para dezembro de 2015. Nos primeiros meses de 2016, os trens começam a operar em fase experimental. O compromisso de iniciar a operação comercial em meados do mesmo ano, antes dos Jogos Olímpicos (que serão em agosto), não foi alterado.
No caso da estação da Gávea, o projeto entra numa nova fase a partir de segunda-feira. Técnicos do consórcio começam a vistoriar os imóveis no entorno da futura estação. Entre os prédios que serão inspecionados, está o conjunto Marquês de São Vicente (Minhocão).
Os primeiros a serem visitados são os da Travessa Madre Jacinta. A expectativa é que as escavações não causem danos ao entorno, mas as inspeções permitirão comparar as condições dos móveis antes e depois das obras do metrô.
As intervenções no bairro terão dois canteiros. O primeiro, para abrir uma nova frente de escavações dos túneis que ligarão a Zona Sul ao Jardim Oceânico, fica no campo de futebol da PUC e já começou a ser instalado. O segundo, para construção da estação no estacionamento da PUC, só será implantado no segundo semestre deste ano. Antes disso, o consórcio construirá uma nova sede para a incubadora de empresas da PUC, já que as instalações atuais terão que ser demolidas por causa das obras.
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