O Governo de Mato Grosso apresentou à imprensa nesta
terça-feira os resultados do primeiro estudo da realizado pela auditoria
independente KPMG nas obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O relatório
mostra que a obra deve custar R$ 532 milhões a menos que o valor exigido pelo
consórcio construtor para finalizar o modal.
O estudo confirma o que a Controladoria Geral do Estado
(CGE) havia apontado no Relatório 19/2015, gestores da obra foram coniventes
com os atrasos e devem responder na Justiça. A primeira parte do relatório foi
peticionado pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) na Justiça Federal e passa
a fazer parte da ação proposta pelo Estado, em conjunto com os Ministério
Público Federal e Estadual.
A auditoria independente foi autorizada pelo Judiciário
em agosto de 2015 e visa apresentar respostas para que o governo possa dar
continuidade à obra. Conforme o primeiro relatório da auditoria independente, o
Estado teve culpa em 68% dos motivos que levaram ao atraso da obra, já o
consórcio construtor teve 32% de culpa pelo atraso.
A questão já havia sido levantada na auditoria feita
pela CGE que encontrou indícios de que ex-gestores do Estado tinham conivência
com os atrasos. Por conta das irregularidades encontradas na auditoria
realizada pela Controladoria Geral do Estado, o governador Pedro Taques decidiu
encaminhar o relatório produzido pela CGE para o Ministério Público do Estado
(MPE), Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público de Contas,
Controladoria Geral da União (CGU), Tribunal de Contas do Estado (TCE),
Assembleia Legislativa, Caixa Econômica Federal e Ministério da Fazenda.
De acordo com o estudo parcial da KPMG, a conclusão do
VLT deve custar mais R$ 602 milhões aos cofres públicos. O valor é muito abaixo
do R$ 1,135 bilhão requisitado pelo Consórcio VLT Cuiabá no ano passado à
Secretaria de Cidades, que elevaria o custo total final da obra para R$ 2,2
bilhões.
Isso significa dizer que, se o Governo do Estado tivesse
dado a ordem de serviço para continuidade das obras no início de 2015, teria
perdido R$ 532 milhões. Entre os valores cobrados pelo consórcio construtor, R$
423 milhões são referentes ao reajuste e reequilíbrio financeiro e R$ 446
milhões de saldo (corrigido pelo Índice Nacional de Custo da Construção –
INCC).
O Governo de Mato Grosso já pagou R$ 1,066 bilhão para a
execução dessa obra, de um total de R$ 1,477 bilhão licitado pela extinta
Secopa. No entanto, o estudo da KPMG aponta que o valor do reajuste e
reequilíbrio financeiro é de R$ 176 milhões e o saldo é de R$ 426 milhões, já
com a devida correção.
Ainda segundo o estudo, o consórcio pedia outros R$ 265
milhões como custos adicionais, já que pelo cronograma apresentado pelo
consórcio, a obra terminaria em 2018. No entanto, o estudo da KPMG considerou
como não procedente o pleito do consórcio.
De posse dos dados, já protocolados na Justiça, o
procurador-geral Patryck Ayala afirma que a obra só será retomada após o Estado
ter em mãos todos os projetos. “Essa primeira parte da auditoria independente
mostra aquilo que já havíamos afirmado na Justiça, não é possível retomar a
obra sem que haja os projetos e as desapropriações necessárias”, comentou.
Outro ponto que chama atenção, segundo Patryck, é o fato
do consórcio construtor não ter respondido ou respondido de forma insuficientes
mais 35% dos questionamentos da gerenciadora. “Continuamos sem ter um status
seguro para a retomada da obra. Grande parte do que havíamos dito foi
confirmado efetivamente por essa auditoria”, concluiu.
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