As primeiras etapas da implantação da rede de metrô no
Rio obedeceram a uma lógica dentro das necessidades do sistema de transporte
público: desenhar as linhas (1 e 2) de modo a atender, o melhor possível, à
dinâmica da cidade. No caso do subterrâneo carioca, mais no aspecto do mercado
de trabalho (trilhos ao longo dos trechos de maior concentração de postos de
trabalho no Centro, por exemplo) do que, digamos, em relação a demandas na área
de lazer. Faz sentido.
As duas linhas, agora com traçados consolidados, atendem
relativamente bem os usuários, no que diz respeito aos trajetos — ainda que
seja importante considerar o alcance desse modal a áreas como a rodoviária, a
Praça Quinze e o entorno do corredor histórico-cultural no caminho da Praça da
Cruz Vermelha. Ficou para o futuro, paciência.
O planejamento degringolou, no entanto, na hora de levar
o metrô até a Barra da Tijuca. Em lugar de implantar um sistema de linhas que
se complementam, o poder público optou por uma continuação do traçado da linha
1 a partir de Ipanema — uma espécie de puxadinho. Um equívoco que, até onde a
vista alcança, aumentará a pressão da demanda de passageiros, que hoje já se
percebe no trecho que vai da Rua Uruguai (Tijuca), a ponta da Zona Norte, até a
Praça General Osório, seu extremo na Zona Sul. Jogo jogado, no entanto: as
obras já estão encaminhadas com esse perfil.
O fato consumado, no entanto, não se aplica a outro
modal que, em implantação, mudará radicalmente a oferta de transporte (ainda
que em menor escala) no Centro da cidade — o Veículo Leve sobre Trilhos.
Obra-chave do projeto de revitalização da área do Porto e adjacências, o VLT
terá uma função definida, específica, nesse programa de redesenho das funções
de uma área da cidade que caminhava para a decadência, embora dotada de toda
uma infraestrutura financiada pelo contribuinte. A revitalização do Porto
mudará o futuro da região.
Em razão do esperado sucesso do VLT, surgiu na
prefeitura a ideia de estender seus trilhos do Centro em direção à Zona Sul. É
uma proposta descabida, pela natureza desse tipo de transporte, para trajetos
relativamente curtos e sem dimensão para demandas de massa. E há, ainda, a
questão da ocupação dos espaços nas ruas.
Melhorar e ampliar as opções de deslocamento entre
diferentes áreas da cidade são objetivo nobre — mas algo a ser buscado dentro
de uma racionalização que se imponha a planos mirabolantes e inadequados.
O transporte de passageiros em larga escala deve ser
equacionado com os modais apropriados (ônibus, metrô, ferrovia, barcas). O Rio
dispõe de uma estrutura que contempla as necessidades. A questão não é criar
opções equivocadas; trata-se, na verdade, de fazer funcionar, de forma o mais
eficaz possível, e, se for o caso, ampliar alternativas que já existem. É preciso
combater o deslumbramento e pensar estratégias que realmente contribuam para
melhorar a cidade.
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