Estruturas
de concreto tapam os acessos ao buraco em que era construída a estação do metrô
da Gávea - Agência O Globo
Estação
começou a ser inundada, para evitar danos a estruturas vizinhas
POR O GLOBO
16/01/2018
4:30 / atualizado 16/01/2018 7:21
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RIO
- O impasse que ronda a estação Gávea da Linha 4 do metrô — que, sem recursos
para ser concluída, foi inundada para evitar deslocamentos do solo, como
revelou O GLOBO nest segunda-feira — está longe de acabar. O Ministério Público
estadual considera que uma eventual tentativa de engenharia financeira por
parte do estado, como remanejar saldos de outros empréstimos para obter os R$
700 milhões necessários para a conclusão do projeto, seria uma manobra ilegal.
No
entendimento de promotores, uma realocação de verbas não seria possível porque
estados e municípios precisam de autorização legislativa prévia para contrair
dívidas relativas a investimento em infraestrutura. Além do projeto em si,
deputados e vereadores devem analisar as condições para o pagamento da dívida,
os prazos e a taxa de juros estipuladas nos contratos, por exemplo. Essa era a
alternativa que vinha sendo estudada pelo secretário de Transportes, Rodrigo
Vieira, pois o repasse de quase R$ 1 bilhão do BNDES que tinha sido aprovado
para a obra precisaria ser submetido ao crivo da União, que beneficiou o estado
com um plano de recuperação fiscal. Procurado ontem, ele não quis comentar a
posição do Ministério Público.
AÇÃO POR INDENIZAÇÃO
A
4ª Promotoria de Justiça do Ministério Público apresentou, em junho de 2017,
uma ação civil na qual pede que o estado seja ressarcido em R$ 3,2 bilhões por
somas que teriam sido repassadas a empreiteiras que trabalhavam na Linha 4 de
forma irregular. O sobrepreço teria sido constatado pelo Tribunal de Contas do
Estado (TCE), que analisou o histórico de pagamentos feitos nos últimos anos.
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Nesta
segunda, O GLOBO mostrou que, diante da paralisação da da obra, o governo
estadual decidiu desligar as bombas de sucção que mantinham seco o buraco em
que era construída a estação do metrô da Gávea. A medida foi tomada porque os
trabalhos no local foram interrompidos há quase três anos e meio. Especialistas
estavam preocupados com a pressão exercida por um lençol freático, que poderia
provocar danos a prédios vizinhos, como o da Pontifícia Universidade Católica
(PUC).
Com
as bombas desligadas, a água do lençol freático começou a inundar o buraco,
reduzindo a pressão em terrenos do entorno. A decisão do govenro do estado
seguiu uma recomendações de um laudo técnico contratado pela concessionária Rio
Barra, responsável pela construção da Linha 4.
O
custo para manter o canteiro de obras da Gávea parado virou uma caixa-preta.
Antes do desligamento das bombas, a empreiteira teve que fazer um reforço
estrutural nas escavações, para que elas suportem cinco anos de inatividade. Se
as obras não forem retomadas nesse prazo, o buraco será esvaziado, e
engenheiros farão uma nova vistorias em suas estruturas.
ADUELAS AO SOL E À CHUVA
Em
um terreno da Avenida Francisco Bicalho, na Leopoldina, estão expostas ao sol e
às chuvas cerca de 3 mil aduelas — anéis feitos em concreto — que deveriam ser
utilizadas na construção da estação do metrô. O estado não divulgou o custo nem
o estado de manutenção das peças. Também não há informações sobre os gastos com
o chamado tatuzão, gigasntesca máquina escavadora que que permanece estacionada
sob a Rua Igarapava, no Leblon. O equipamento ainda precisa ser usado para
perfurar 1.200 metros de rocha. Se isso não for feito, a Gávea não poderá ser
interligada às cinco estações já em operação na Linha 4, entre Ipanema e o
Jardim Oceânico, na Barra.
De
acordo com o Ministério Público, os custos de manutenção dos canteiros de obras
parados são alvos de uma outra investigação. Em março do ano passado, O GLOBO
estimou que os prejuízos já chegavam a mais de R$ 34 milhões ao mês. O
consórcio e estado discutem quem deve pagar essa conta.
Na
semana passada, Rodrigo Vieira disse que o estado entende que parte da despesa
é de responsabilidade da concessionária Rio Barra. Ele, no entanto, não
divulgou estimativas do custo. A Rio Barra também foi procurada, na última
sexta-feira, mas preferiu não se manifestar.
A
estação da Gávea foi projetada para ser a mais profunda do metrô do Rio,
ficando a 55 metros da superfície. A estimativa era de que 19 mil passageiros
circulariam pelo local. Lançado em 2010 pelo então governador Sérgio Cabral, o
projeto previa que todas as estações da Linha 4 ficariam prontas antes da
Olimpíada de 2016. Em 2013, diante o cronograma apertado, o secretário de
Transportes da época, Júlio Lopes, admitiu que não haveria tempo hábil para
cumprir a meta. Na ocasião, ele chegou a ser desmentido pelo estado.
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