Estação São Paulo-Morumbi, em construção, deve abrir no terceiro trimestre Foto: Werther Santana/Estadão
16/06/2018 - Estadão
SÃO PAULO - O atraso das obras de extensão da Linha
4-Amarela em São Paulo pode levar o governo paulista a pagar uma indenização de
até R$ 70 milhões à concessionária ViaQuatro, responsável por operar o ramal
que liga a região da Luz, no centro da capital, ao Butantã, na zona oeste.
Um acordo feito em 2014 definiu que a ampliação da Linha 4
até Vila Sônia, chamada fase 2, fosse concluída até março deste ano, sob pena
de o Estado pagar uma compensação mensal de R$ 2,3 milhões à concessionária. O
prazo não foi cumprido. A meta agora é terminar no fim de 2020.
Agora, a ViaQuatro e a Secretaria Estadual dos Transportes
Metropolitanos negociam o pagamento da indenização, acertada em um dos aditivos
do contrato da parceria público-privada (PPP) que concedeu a linha à empresa,
controlada pelo Grupo CCR. Pelo acordo, assinado no governo Geraldo Alckmin
(PSDB), a concessionária poderá requerer a compensação a partir de julho deste
ano.
A indenização seria uma forma de ressarcir a ViaQuatro. O
entendimento foi de que, com menos estações, a linha teria uma demanda de
passageiros menor, e a concessionária, que recebe por passageiro transportado,
faturaria menos.
Parte das paradas da fase 2 da Linha 4 já foi aberta:
Higienópolis-Mackenzie, Oscar Freire (parcialmente) e Fradique Coutinho. Faltam
ainda a São Paulo-Morumbi, prevista agora para o terceiro trimestre deste ano,
e a Vila Sônia, programada para o quarto trimestre de 2020. Além disso, há
obras complementares no pátio de manobras, na Vila Sônia, que só devem terminar
no ano que vem.
O possível pagamento dessa indenização é tido como um risco
fiscal ao Estado e foi detalhado na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), em
discussão na Assembleia Legislativa.
A segunda fase das obras da Linha 4-Amarela foi licitada em
2011, quando as primeiras seis paradas do ramal, entre Butantã e Luz, já
estavam em operação. A licitação havia sido vencida por um consórcio liderado
pelas empreiteiras Isolux-Corsán-Corviam, da Espanha, mas em junho de 2015 o
Estado rompeu os contratos, após atrasos nas obras, que chegaram a ser
paralisadas. Esse é o principal motivo da demora na conclusão do ramal. Na
época, o governo aplicou uma multa de R$ 23 milhões ao consórcio e acionou as
empresas judicialmente.
Os trabalhos tiveram de ser licitados novamente, e contratos
foram assinados em julho de 2016 com um consórcio formado pelas empresas Tiisa
e Comsa. No fim, a segunda fase acabou tendo um orçamento de R$ 1,1 bilhão, ou
55% a mais do que o orçamento inicial, que era de pouco mais de R$ 500 milhões,
em valores de 2011.
Atrasos
Os atrasos na
primeira fase da obra também resultaram em uma ação da ViaQuatro contra o
governo. A empresa da CCR procurou a Justiça para cobrar uma dívida de R$ 428
milhões, também calculada com base em indenizações por não abrir as estações no
prazo. Na PPP, o Estado ficou responsável pelas obras civis e desapropriações.
À concessionária, coube comprar os trens e instalar todos os sistemas,
incluindo o sistema de controle de trens sem maquinistas.
Negociações. A ViaQuatro informou, por nota, que, “alinhada
ao seu compromisso com a prestação de um serviço de qualidade e excelência”, as
“questões relacionadas a reequilíbrio econômico e compensação financeira do
contrato de concessão da Linha 4-Amarela já estão sendo encaminhadas para
solução junto ao poder concedente (o governo do Estado)”.
A Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos,
confirma a negociação. Em nota, afirma que “está em tratativas com a
concessionária ViaQuatro para avaliar os impactos das alterações de cronograma
na fase 2 da construção da Linha 4-Amarela para posteriormente adotar as
medidas necessárias a fim de resguardar os interesses tanto da empresa como do
poder público”.
“Cabe ressaltar que todas as questões relativas aos
contratos de concessão são submetidas a manifestações da Procuradoria-Geral do
Estado (PGE), da Comissão de Acompanhamento dos Contratos de Parcerias
Público-Privadas (CAC-PPP) e do Conselho Gestor de Parcerias Público-Privadas
(CGPPP)”, informa em nota o governo. O Estado também frisou que tem “envidado
todos os esforços para concluir as obras da fase 2 da Linha 4-Amarela no menor
prazo possível”.
Para lembrar
Além das obras em execução na Linha 4-Amarela, o Metrô
promete entregar oito estações ainda neste ano. Na Linha 5-Lilás, que faz a
conexão com o extremo sul da cidade, devem ser abertas até o fim de 2018 as
Estações AACD-Servidor, Hospital São Paulo, Santa Cruz, Chácara Klabin e, por
último, a Campo Belo.
Já na Linha 15-Prata, o monotrilho da zona leste, a promessa
é concluir a linha até o terminal de ônibus de São Mateus, concluindo as
paradas Sapopemba, Fazenda da Juta e a própria São Mateus. O Metrô também tem
obras da Linha 17-Ouro, o monotrilho da zona sul, que estavam previstas para o
ano que vem. Anteontem, entretanto, uma decisão da Justiça suspendeu os
trabalhos, por causa de uma disputa entre a empresa e as empreiteiras da obra.
- Fonte:
https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,prejuizo-do-metro-com-a-linha-4-pode-ser-de-r-2-3-mimes,70002352290
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