04/07/2019
A Prefeitura de Poços de Caldas (MG) assinou nesta quarta-feira (3) uma parceria
com uma empresa alemã para estudar a viabilidade do monotrilho, que está
desativado desde 2003. A tentativa é colocar o sistema em funcionamento em
2020.
Segundo a administração, o interesse da empresa europeia surgiu após a
prefeitura retomar a posse do sistema em janeiro deste ano.
A empresa dona da concessão do monotrilho abriu mão do contrato depois
de uma disputa judicial com o município. Depois da análise de viabilidade, o
projeto poderá contar com o investimento do governo alemão.
"Esse monotrilho até então estava sendo visto como um problema,
para nós soou como uma oportunidade. Portanto a gente tem uma solução, vemos
muito potencial, já conhecia a cidade, desta vez que eu vim conheci ainda mais,
vi o potencial turístico que a gente tem aqui, então acreditamos muito que a
gente encontre uma viabilidade para isso, por isso que a gente está investindo
neste projeto", disse o diretor da empresa, Phellipe Barcelos.
Segundo a Prefeitura, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) fará o
laudo de segurança da estrutura. A expectativa é que o estudo de viabilidade
seja entregue até o final do ano e que no início de 2020 a estrutura do
monotrilho tenha um destino definido.
"O nosso sonho é que ele possa funcionar, mas acima de tudo que
possa funcionar com segurança, num sistema que participe do nosso transporte
coletivo, da nossa mobilidade urbana. Acho que nós estamos bem acompanhados
nesse grande problema que virou o monotrilho para Poços, mas de problema que
sabe ele possa virar uma grande solução", disse o prefeito Sérgio Azevedo
(PSDB).
O monotrilho
O contrato de concessão do monotrilho foi assinado em 1981 e permitia
que a empresa escolhida explorasse os serviços por cinco décadas após a
inauguração. A ideia inicial era que o sistema atendesse o transporte público
com cerca de 30 quilômetros de extensão, mas só cinco foram erguidos.
O primeiro trecho começou a funcionar em 2000, mas três anos depois
parte da estrutura desabou e o monotrilho nunca mais funcionou. Agora, a
proposta é avaliar a estrutura e as tecnologias.
Veja a linha do tempo do monotrilho:
agosto de 1981: câmara aprova a construção e a abertura de licitação
para o monotrilho.
outubro de 1981: prefeitura assina o contrato com a empresa J. Ferreira
Ltda. A ideia era que ela bancasse toda a obra e, depois de 50 anos de
funcionamento, devolvesse o monotrilho para a prefeitura. A construção começa
no mesmo ano.
janeiro de 1989: as obras ficaram paradas e a prefeitura faz estudos nos
contratos com a concessionária para determinar quais medidas tomar para o
reinício do serviço.
junho de 1990: testes experimentais são realizados, mas após uma falha
grave, são suspensos.
25 de setembro de 2000: após a inauguração oficial, o trem descarrila em
uma curva e 19 pessoas têm que ser resgatadas pelo Corpo de Bombeiros. O
monotrilho funciona poucas vezes até 2003, quando é suspenso definitivamente.
14 de novembro de 2003: duas pilastras, que ficam ao longo da Avenida
João Pinheiro, caem e derrubam cerca de 50 metros da estrutura.
9 de março de 2005: um laudo aponta que a culpa foi de obras realizadas
pela prefeitura para desassoreamento do Ribeirão Poços de Caldas, que corta a
cidade.
30 de setembro de 2014: Ministério Público trabalha para que o
monotrilho volte a funcionar, mas um impasse entre a prefeitura e a empresa
mantém o serviço suspenso.
17 de dezembro de 2014: concessionária e prefeitura não entram em um
acordo referente ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do monotrilho
proposto pelo MP. O trem segue sem funcionar.
22 de julho de 2015: a EPTV Sul de Minas, afiliada da Rede Globo, mostra
que moradores de rua usam o monotrilho como abrigo e se recusam a ir para
centros de recolhimento da cidade.
22 de março de 2016: uma liminar da 3ª Vara Cível de Poços de Caldas
determina que a prefeitura faça reparos no monotrilho para evitar que parte da
estrutura desabe.
26 de março de 2016: prefeitura questiona a liminar e pede que a empresa
que tem a licitação seja intimada.
20 de março de 2017: um abaixo-assinado pede a demolição da estrutura do
monotrilho. O grupo alega que o empreendimento deixou um legado de agressão à
natureza, além do risco à segurança dos moradores e visitantes da cidade.
5 de dezembro de 2018: parte da estrutura do monotrilho é isolada para
manutenção. A medida é tomada pela empresa responsável pela construção inicial
do trem.
29 de janeiro de 2019: a empresa J. Ferreira Ltda desiste de contrato de
concessão do monotrilho e entrega a obra à Prefeitura de Poços de Caldas.
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