quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Poços de Caldas assina parceria com empresa alemã para estudar viabilidade do monotrilho



  04/07/2019
A Prefeitura de Poços de Caldas (MG) assinou nesta quarta-feira (3) uma parceria com uma empresa alemã para estudar a viabilidade do monotrilho, que está desativado desde 2003. A tentativa é colocar o sistema em funcionamento em 2020.
Segundo a administração, o interesse da empresa europeia surgiu após a prefeitura retomar a posse do sistema em janeiro deste ano.
A empresa dona da concessão do monotrilho abriu mão do contrato depois de uma disputa judicial com o município. Depois da análise de viabilidade, o projeto poderá contar com o investimento do governo alemão.
"Esse monotrilho até então estava sendo visto como um problema, para nós soou como uma oportunidade. Portanto a gente tem uma solução, vemos muito potencial, já conhecia a cidade, desta vez que eu vim conheci ainda mais, vi o potencial turístico que a gente tem aqui, então acreditamos muito que a gente encontre uma viabilidade para isso, por isso que a gente está investindo neste projeto", disse o diretor da empresa, Phellipe Barcelos.
Segundo a Prefeitura, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) fará o laudo de segurança da estrutura. A expectativa é que o estudo de viabilidade seja entregue até o final do ano e que no início de 2020 a estrutura do monotrilho tenha um destino definido.
"O nosso sonho é que ele possa funcionar, mas acima de tudo que possa funcionar com segurança, num sistema que participe do nosso transporte coletivo, da nossa mobilidade urbana. Acho que nós estamos bem acompanhados nesse grande problema que virou o monotrilho para Poços, mas de problema que sabe ele possa virar uma grande solução", disse o prefeito Sérgio Azevedo (PSDB).
O monotrilho
O contrato de concessão do monotrilho foi assinado em 1981 e permitia que a empresa escolhida explorasse os serviços por cinco décadas após a inauguração. A ideia inicial era que o sistema atendesse o transporte público com cerca de 30 quilômetros de extensão, mas só cinco foram erguidos.
O primeiro trecho começou a funcionar em 2000, mas três anos depois parte da estrutura desabou e o monotrilho nunca mais funcionou. Agora, a proposta é avaliar a estrutura e as tecnologias.
Veja a linha do tempo do monotrilho:
agosto de 1981: câmara aprova a construção e a abertura de licitação para o monotrilho.
outubro de 1981: prefeitura assina o contrato com a empresa J. Ferreira Ltda. A ideia era que ela bancasse toda a obra e, depois de 50 anos de funcionamento, devolvesse o monotrilho para a prefeitura. A construção começa no mesmo ano.
janeiro de 1989: as obras ficaram paradas e a prefeitura faz estudos nos contratos com a concessionária para determinar quais medidas tomar para o reinício do serviço.
junho de 1990: testes experimentais são realizados, mas após uma falha grave, são suspensos.
25 de setembro de 2000: após a inauguração oficial, o trem descarrila em uma curva e 19 pessoas têm que ser resgatadas pelo Corpo de Bombeiros. O monotrilho funciona poucas vezes até 2003, quando é suspenso definitivamente.
14 de novembro de 2003: duas pilastras, que ficam ao longo da Avenida João Pinheiro, caem e derrubam cerca de 50 metros da estrutura.
9 de março de 2005: um laudo aponta que a culpa foi de obras realizadas pela prefeitura para desassoreamento do Ribeirão Poços de Caldas, que corta a cidade.
30 de setembro de 2014: Ministério Público trabalha para que o monotrilho volte a funcionar, mas um impasse entre a prefeitura e a empresa mantém o serviço suspenso.
17 de dezembro de 2014: concessionária e prefeitura não entram em um acordo referente ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do monotrilho proposto pelo MP. O trem segue sem funcionar.
22 de julho de 2015: a EPTV Sul de Minas, afiliada da Rede Globo, mostra que moradores de rua usam o monotrilho como abrigo e se recusam a ir para centros de recolhimento da cidade.
22 de março de 2016: uma liminar da 3ª Vara Cível de Poços de Caldas determina que a prefeitura faça reparos no monotrilho para evitar que parte da estrutura desabe.
26 de março de 2016: prefeitura questiona a liminar e pede que a empresa que tem a licitação seja intimada.
20 de março de 2017: um abaixo-assinado pede a demolição da estrutura do monotrilho. O grupo alega que o empreendimento deixou um legado de agressão à natureza, além do risco à segurança dos moradores e visitantes da cidade.
5 de dezembro de 2018: parte da estrutura do monotrilho é isolada para manutenção. A medida é tomada pela empresa responsável pela construção inicial do trem.
29 de janeiro de 2019: a empresa J. Ferreira Ltda desiste de contrato de concessão do monotrilho e entrega a obra à Prefeitura de Poços de Caldas.


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