1/08/2015 11:30
Folha de SP| Folha de SP
EDITORIAL
Se dependesse somente das promessas de recursos
financeiros feitas pela presidente Dilma Rousseff (PT) em seu primeiro mandato,
a mobilidade urbana no país teria recebido um belo empurrão.
Em abril de 2012, o governo federal anunciou
investimentos de R$ 32 bilhões para a criação e a expansão de corredores
exclusivos de ônibus e de linhas de metrô ou de veículos leves sobre trilhos
(VLTs) em capitais e grandes cidades.
No ano seguinte, na esteira das jornadas de junho,
a presidente prometeu destinar mais R$ 50 bilhões para obras de mobilidade.
Somados, os dois compromissos montam a R$ 82
bilhões, ou 36% da quantia estimada pelo BNDES para acabar com o déficit de
transportes públicos nas 15 maiores regiões metropolitanas brasileiras.
Da promessa a sua execução, porém, o caminho é
bastante esburacado. Obras paradas ou nem sequer iniciadas são a regra entre os
projetos alimentados com o combustível financeiro estatal.
Mais de três anos após a primeira promessa ter sido
feita, somente R$ 824 milhões de todo o dinheiro afiançado foi de fato
empregado, conforme apontou reportagem do jornal "Valor Econômico".
Há uma frota de razões para a ineficiência. Em
certos casos, como o da linha de metrô São Gonçalo-Niterói, no Rio de Janeiro,
incertezas quanto aos repasses federais obstaculizam a licitação.
A complicada situação fiscal de alguns Estados,
como o Rio Grande do Sul, também surge como impedimento quando se exigem
contrapartidas dos entes federativos.
Além disso, prefeitos e governadores em geral
parecem ser incapazes de apresentar bons estudos de engenharia: um
pré-requisito para o financiamento federal.
A ampliação da linha de metrô de Brasília constitui
exemplo notável. Após seguidos atrasos, o governo local apresentou o plano
básico em fevereiro deste ano. Se a confecção dessa peça tomou nada menos que
34 meses, talvez só um futurólogo arrisque uma data para a inauguração dos 7,5
km previstos.
Desde a escolha do Brasil para sediar a Copa do
Mundo, promessas de melhoria expressiva nos transporte públicos se acumulam
como nunca – os resultados, porém, são frustrantes como sempre.
O custo público foi estimado pela
ANTP em R$ 11,2 bilhões, e 77% desse valor é gasto com o transporte individual,
principalmente na manutenção de ruas e avenidas.
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