Os usuários dos trens do Subúrbio Ferroviário concordam em dois pontos
quando o assunto é o atual sistema: tarifa de R$ 0,50 é uma mão na roda, mas o
tempo de espera não é nada camarada. Em até dois meses, o governo do estado
promete iniciar o processo de licitação da concessão que vai transformar o
sistema ferroviário em VLT (sigla para Veículo Leve sobre Trilhos). Permanecem
os trilhos, sobe o valor da tarifa, cai o tempo de espera e de viagem, além de
resolver problemas de infraestrutura e conforto hoje existentes.
O edital de licitação para operação do VLT será lançado já com a
previsão de que o valor da passagem seja o correspondente ao valor de uma
“tarifa integrada” entre este e outros modais. Atualmente, o valor da tarifa
integrada do metrô com o ônibus, por exemplo, é igual ao valor da tarifa única
dos coletivos da capital: R$ 3,30.
“Hoje, o usuário começa e termina o dia no trem. Se ele chega na Calçada
e precisa pegar um ônibus de lá para o Comércio, ele paga até mais caro, R$
3,80 (somando as tarifas). Agora, ele vai chegar ao seu destino pagando apenas
uma vez”, diz Bruno Dauster, chefe da Casa Civil estadual. O edital deve ficar
aberto entre 30 e 45 dias.
Tempo e obras
A transição de um sistema para o outro exigirá o fechamento temporário
de estações. A expectativa é de que a implantação do modal ocorra em 24 meses
após a contratação da empresa e que, ao longo desse período, as estações sejam
fechadas conforme o avanço das obras, segundo o presidente da Companhia de
Transportes do Estado da Bahia (CTB), José Eduardo Copello. As obras devem
ocorrer em duas etapas e o segundo trecho só será interditado quando a outra
parte já estiver em operação.
O primeiro trecho será entre Comércio e Plataforma, com 9,4 km. O
segundo, entre Plataforma e a Avenida São Luiz (Paripe), com 9 km. As obras
devem começar pelo Comércio. Segundo Coppelo, com a suspensão, os trechos serão
completados com ônibus.
O sistema será maior do que é hoje e deixa de ter como uma das pontas a
estação perto da feira de Paripe – vai se estender por mais de 1 km até a
Estação São Luiz, na avenida de mesmo nome. “Já é um ponto mais próximo de
Simões Filho, o que já chega perto de um sistema metropolitano”. Na outra
ponta, a estação chega até a Avenida da França, no Comércio.
A estudante Rarianne Castro, 16, mora no Lobato e usa o trem todo dia
para ir ao colégio em Praia Grande. “O trem não tem engarrafamento, então, por
isso é melhor pegar o trem, mas o tempo que a gente perde esperando é grande”,
conta. Segundo a CTB, o tempo médio entre as partidas é de 40 minutos.
Na manhã da última sexta-feira, quando o CORREIO visitou estações, já
havia um informe de que a estação estava operando apenas com uma locomotiva.
Tendo como referência a estação de Coutos, o intervalo entre uma partida e
outra, no sentido Paripe, foi de mais de uma hora (após o trem das 9h58, só
passou outro às 11h20).
A própria CTB avalia que o tempo de espera é alto. “É o tempo (40
minutos) que sai um ônibus de Camaçari para Salvador”, cita Copello. A promessa
é que o VLT disponibilize partidas a cada 6 minutos. Hoje, esse intervalo na
Linha 1 do metrô, por exemplo, é de 8 minutos, mas há também uma projeção de
ser reduzido no próximo mês para 6 minutos.
Limpeza
Atualmente, os trens têm problemas de limpeza. Durante o dia, o calor é
grande e os seguranças têm um trabalho constante de fazer com que os
passageiros não segurem a porta para que o deslocamento seja mais ventilado,
mas também mais inseguro. “Tem o trem com ar-condicionado que a gente não vê
nunca”, critica a estudante de Psicologia Maria do Carmo dos Santos, 57.
Sobre isso, a CTB informou que é preciso levar em conta que trata-se de
um sistema antigo e que é preciso frequentemente passar por manutenção. Alega
também que quando o governo assumiu o sistema, em 2013, foi feito um
diagnóstico que indicou que havia a necessidade de uma requalificação de todo o
sistema. Sobre a operação com apenas um trem, diz que é eventual.
08/04/2016 – Correio da Bahia – BA
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