17/02/2018 - O Globo
O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou, nesta
sexta-feira, 12 empresas envolvidas em fraudes em licitações para a construção
e instalação da Linha 5 Lilás (Largo 13 à Chácara Klabin), em São Paulo. Entre
as empresas condenadas estão as empreiteiras Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez,
Mendes Júnior e OAS. A juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti, da 9ª Vara de
Fazenda Pública, determinou que as empresas reembolsem cerca de R$ 325 milhões
aos cofres públicos e fiquem proibidas de contratar com o poder Público por 5
anos e de receberem benefícios ou incentivos fiscais. Na mesma ação, a
magistrada homologou o acordo entre a Camargo Corrêa — que admitiu que agiu em
conluio com outras empresas para participar de lotes da obra — e o Ministério
Público de São Paulo (MPSP). Por conta do acordo, a Camargo Corrêa não fica
inidônea e terá de pagar cerca de R$ 24 milhões aos cofres públicos. A decisão
cabe recurso.
Além das empreiteras, as empresas Serveng-Cuvilsan, Heleno
& Fonseca, Iesa, Cetenco, CR Almeida e Cosben também foram condenadas. A
juíza também condenou o atual secretário municipal de Transportes de São Paulo,
Sérgio Avelleda, ex-presidente do Metrô e da CPTM nas gestões tucanas José
Serra e Geraldo Alckmin, ao pagamento de R$326.915.754,40, a perda da função
pública, a suspensão dos direitos políticos pelo prazo de 5 anos, além da
proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
fiscais por 5 anos.
Por meio de nota, Avelleda afirmou que é inocente e que vai
recorrer contra decisão. "O secretário Avelleda não é acusado de fraude,
não participou da elaboração do edital, não realizou a licitação, e também não
assinou qualquer contrato referente à concorrência da Linha 5 do Metrô. Não há
nenhuma referência ao secretário em atos de corrupção. A única acusação feita
contra Avelleda é ele ter dado continuidade aos contratos de execução da Linha
5, enquanto presidente do Metrô. O próprio Tribunal de Justiça, por duas vezes,
já havia confirmado a decisão de Avelleda de ter mantido os contratos da Linha
5, pois do contrário haveria enorme prejuízo à população de São Paulo",
diz o texto.
O GLOBO ainda não conseguiu contato com os demais condenados
na ação.
A Camargo Corrêa admitiu no acordo firmado com o MPSP que
houve superfaturamento de dois lotes da linha 5 do metrô de São Paulo. Os
contratos em valores atualizados chegam a R$ 3,5 bilhões. As empresas
condenadas "dividiram" a obra entre elas. No acordo com o MP, ficou
estabelecido que a Camargo Corrêa pagaria R$24,3 milhões.
ACORDO DA CAMARGO CORRÊA
A investigação foi aberta com informações obtidas em acordo
de leniência feito com a construtora Camargo Corrêa, executivos e ex-executivos
da empresa. Por meio do acordo, as empresas confessam participação na conduta
ilegal, fornecem informações e apresentam documentos para colaborar com a
apuração do cartel.
A empresa indicou que a prática teria atingido 21 licitações
públicas no Brasil e perdurou entre 1998 e 2014. O cartel teria envolvido nove
empresas: Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão,
Carioca, Marquise, Serveng e Constran. Além disso, é possível que outras dez
construtoras também tenham participado do conluio: Alstom, Cetenco, Consbem,
Construcap, CR Almeida, Galvão Engenharia, Heleno & Fonseca, Iesa, Mendes
Junior e Siemens.
As obras que teriam sido afetadas são, por exemplo, o metrô
de Fortaleza, o metrô de Salvador, a Linha 3 do metrô do Rio de Janeiro, a
Linha 4 – Amarela do metrô de São Paulo, e duas obras para a Linha 2 – Verde de
São Paulo. Há indícios de que também houve acordos anticompetitivos concluídos
e implementados em 2008 que afetaram outras duas obras para a Linha 2 – Verde e
Linha 5 – Lilás, ambas em São Paulo.
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