22/02/2017 - Estadão
O governo federal planeja a construção de duas linhas de
trens de média velocidade, com investimentos que podem superar R$ 40 bilhões. A
primeira ligaria São Paulo à cidade de Americana, passando por Jundiaí e
Campinas, num trajeto de 135 km. A outra, entre Brasília e Goiânia, teria 210
km.
Os estudos de viabilidade dos dois projetos já estão na mesa
da Secretaria Executiva do Programa de Parcerias para Investimentos (PPI), que
concentra os projetos federais de infraestrutura logística. O Estado apurou
que, nos próximos dias, gestores do PPI se reúnem com representantes do governo
paulista para tratar do assunto e tentar avançar no modelo de negócios do
empreendimento.
No caso do trem que sairia da capital federal, a proposta já
está em fase mais avançada, com análise pela Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT) e perspectiva de lançamento de um Procedimento de
Manifestação de Interesse (PMI), para testar o interesse do mercado.
Projetos à parte, todo esforço agora está concentrado em
responder uma dúvida básica: de onde vai sair o dinheiro para tirar essas obras
do papel. Uma das alternativas é usar PPPs, as parcerias público-privadas.
O custo total do projeto que ligaria Brasília a Goiânia, em
uma viagem de aproximadamente 1h30, está estimado em US$ 8,5 bilhões. Esse
valor equivale a cerca de US$ 40 milhões – ou aproximadamente R$ 120 milhões –
por quilômetro.
Por essas estimativas, os 135 km de trilhos entre São Paulo
e Americana teriam custo de US$ 5,5 bilhões. Numa conta simples, portanto, os
dois empreendimentos somam US$ 14 bilhões, ou cerca de R$ 43 bilhões, se
considerado o câmbio atual. No papel, a proposta do governo paulista é ainda
mais ambiciosa, incluindo outras interligações com o Vale do Paraíba, a Baixada
Santista e Sorocaba.
Fontes do setor ferroviário confirmaram que os valores estão
dentro da média verificada em outros países que investiram em trens de média
velocidade, aqueles que permitem viagens com velocidade média entre 160 e 180
km/hora, podendo chegar a 200 km/hora. É preciso ponderar, no entanto, que
diversos fatores podem influenciar diretamente nesses custos, como a escolha da
tecnologia que será usada e as desapropriações necessárias no traçado do trem.
A última vez que o governo tentou viabilizar, por conta
própria, a construção de um projeto de trem de passageiros, foi um fiasco. O
Trem de Alta Velocidade (TAV) que ligaria Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro
em viagens a mais de 300 km por hora, uma obra de mais de R$ 30 bilhões, teve
discussões infindáveis no governo Dilma e gastos milionários com o projeto, mas
nunca saiu do papel.
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