Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, decretou prisão de Heitor
Lopes Junior e Luiz Carlos Velloso. Organização era liderada por Cabral, diz
magistrado.
Por Gabriel Barreira, G1 Rio
14/03/2017 15h29 Atualizado há 1 hora
Suspeitos de participar de esquema de
propina nas obras do metrô do RJ são presos
As obras da
Linha 4 do Metrô do Rio custaram cerca de 1.100% a mais do que o previsto em
1998, quando foi orçada pela primeira vez. A disparidade entre os números
causou espanto no juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, autor da
decretação da prisão de Heitor Lopes de Sousa Junior, e o atual subsecretário
de Turismo do estado e ex-subsecretário de Transportes, Luiz Carlos Velloso.
A dupla foi
presa nesta terça-feira (14). Os dois são acusados de lavagem de dinheiro e
corrupção nas obras de expansão do Metrô de Ipanema até a Barra. Na decisão
judicial, em que volta a apontar o ex-governador do Rio Sérgio Cabral na
liderança da organização criminosa, Bretas afirma que a diferença entre o valor
orçado e o valor pago quase 10 anos depois pode dar conta dos recursos
desviados.
"Chama a
atenção o fato de o custo da construção do Metrô ter sido originalmente orçado
em R$ 880.079.295,18 em 1998 e ter sido reajustado para R$ 9.643.697.011,65, o
que por si só dá conta do enorme volume de dinheiro público que, em tese, teria
sido desviado pelos agentes públicos investigados a partir da referida
obra", escreve o magistrado.
O valor
original, reajustado pelo IPCA, seria de R$ 2.876.584.148. Ou seja, quase R$ 7
bilhões abaixo do valor pago pelo poder público.
Bretas cita
ainda a relação entre empreiteiras e o poder público que, de acordo com
denúncia apresentada pelo MPF, teria evidenciado "a existência de esquema
de cartelização de empreiteiras com relação a importantes obras executadas pelo
Governo do Estado do Rio de Janeiro".
Desdobramento
da Lava Jato no Rio, a ação do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia
Federal (PF) investiga corrupção e pagamento de propina em contratos da Linha 4
do metrô. Lopes e Velloso vão responder por crimes de corrupção e lavagem de
dinheiro.
Segundo o
acordo de leniência de executivos da Carioca Engenharia, o esquema de corrupção
que existia na Secretaria de Estado de Obras do RJ, com a cobrança de propina
das empreiteiras envolvidas em contratos bilionários de obras civis – revelado
em operações anteriores da Lava Jato –, também se repetia na Secretaria de
Estado de Transporte.
As obras da
Linha 4 custaram cerca de R$ 10 bilhões e a inauguração foi pouco antes da
Olimpíada do Rio. O trajeto liga Ipanema, na Zona Sul, à Barra da Tijuca, na
Zona Oeste. Além da Carioca Engenharia, outras duas grandes contrutoras
formavam o Consórcio Rio Barra, responsável por parte da obra: a Odebrecht e a
Queiroz Galvão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário