21/03/2017 - Jornal GGN
Depois de quase quatro anos parados, seis dos 26 trens novos
que estavam sem uso na Linha 5-Lilás (Capão Redondo-Adolfo Pinheiro) do Metrô paulistano
foram liberados para circulação na manhã de domingo (19), pelo governador
Geraldo Alckmin (PSDB). Inicialmente, vão operar somente aos domingos, ainda em
fase de testes. Conforme a RBA denunciou, no ano passado esses trens estavam
estacionados ao longo do trecho de circulação, no pátio Capão Redondo e na sede
da fábrica da CAF, em Hortolândia, interior de São Paulo. As composições foram
compradas por R$ 630 milhões, em 2012 e estão paradas desde que foram
entregues, em 2013.
Alckmin não deu prazo para que os outros 20 trens sejam
colocados em operação. O trem utilizado pelo governador para fazer o anúncio,
no domingo, é o mesmo trem que a RBA flagrou sem utilização no ano passado,
estacionado ao longo do trajeto da Linha 5 – composição P16.
Segundo Alckmin, a expectativa é de estender a operação dos
novos trens para os sábados, a partir de abril. A operação plena, em todos os
dias da semana, está prevista somente para maio. “Hoje é um grande dia”,
declarou. “Os novos equipamentos, que têm ar condicionado, vagões contínuos e
câmeras de vídeo, trazem mais conforto para os passageiros e reduzem a
distância entre um trem e outro, incrementando a velocidade operacional”,
completou.
O motivo principal para os trens terem ficado tanto tempo
parados era o sistema de operação. A via opera com o sistema ATC (Controle
Automático de Trens, na sigla em inglês) e os trens novos foram adquiridos com
sistema CBTC (Controle de Trens Baseado em Comunicação, também do inglês). Além
disso, como o trecho em operação era relativamente pequeno, com 9,6
quilômetros, não havia espaço para inserir as composições. Até ontem, a linha
operava somente com oito trens da frota F, adquiridos em 2001. O motivo de o
governo Alckmin ter adquirido os 26 trens sem ter como utilizá-los é objeto de
investigação do Ministério Público Estadual, desde 2015.
O Sindicato dos Metroviários várias vezes manifestou
preocupação com a manutenção desses trens sem uso. As composições vinham
sofrendo oxidação e desgaste na parte externa, devido à exposição às
intempéries. Além disso, componentes sem uso se degradam, levando à
possibilidade de os trens apresentarem falhas quando começarem a ser colocados
para circular. Outra preocupação dos trabalhadores é que a garantia das
composições era de quatro anos, mesmo tempo em que os trens ficaram sem uso.
Sem dar mais detalhes, o governo Alckmin informou que a
Linha 5-Lilás vai operar com CBTC. O sistema é o mesmo utilizado nas linhas
4-Amarela (Luz-Butantã), 15-Prata (Vila Prudente-Oratório), onde no ano passado
um trem deixou a estação, em via elevada, com as portas abertas, e 2-Verde
(Vila Prudente-Vila Madalena), que sofreu 74 panes graves, em apenas dez meses
de operação com esse sistema.
Alckmin também prometeu entregar ainda este ano 10 das 11
estações que faltam à Linha 5. Com isso o trajeto vai passar dos atuais 9,6
quilômetros para 20,8 quilômetros de extensão, ligando a região de Santo Amaro
à Chácara Klabin, na região Sudeste da cidade, em conexão com a Linha 2-Verde.
A última estação – Moema, no meio do ramal – está prevista para 2018, após 20
anos do início das obras. Com a linha concluída, a expectativa é de transportar
780 mil pessoas diariamente.
Em julho do ano passado, o governador Geraldo Alckmin
anunciou a intenção de privatizar tanto o trecho em operação quanto o trecho em
obras da Linha 5-Lilás. A expansão do trecho começou orçada em R$ 6,9 bilhões e
atualmente tem previsão de custo de R$ 9,1 bilhões. Este aumento está sendo
investigado pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.
A Linha 5-Lilás começou a ser construída em 1998, quando era
a Linha F da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O trecho em
operação, entre Capão Redondo e Largo Treze, funciona desde 2002. Porém, a
construção ficou parada até 2009 e, desde então, somente a estação Adolfo
Pinheiro foi entregue. A Linha 5 está nos planos de privatização do governo
Alckmin. Porém, o valor estimado é cerca de 1% do investido na construção.
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