24/03/2017 - Valor Econômico
A fornecedora do segmento metroferroviário TTrans protocolou
esta semana, no Rio de Janeiro, um pedido de recuperação judicial para
conseguir renegociar seus compromissos. Com dívidas que somam R$ 70 milhões, o
plano da empresa é conseguir um investidor disposto a fazer uma injeção de
capital que permita o pagamento dos compromissos e dê alguma folga para a
companhia continuar operando. Para isso, ela contratou a Quist Investimentos e
o escritório DASA Advogados.
Com faturamento de R$ 300 milhões anuais antes do
agravamento da crise, a TTrans viu a receita cair mais de 35% em 2015 e 2016,
tanto por conta de atrasos nos pagamentos de clientes quanto pela redução das
obras de infraestrutura no país.
A carteira de clientes se divide metade com o poder público
e metade com a iniciativa privada. Boa parte das obras para as quais fornece,
porém, têm conexão com o poder público, especialmente Estados e municípios, que
viram seus caixas minguarem.
A TTrans contabiliza hoje 30% de inadimplência nos
contratos. Têm carteira de pedidos de R$ 200 milhões com prazo de 24 meses,
sendo que a capacidade instalada supera os R$ 300 milhões anuais.
A expectativa é de que o mercado inicie uma retomada ainda
este ano, o que facilitaria a condução da recuperação judicial. No momento,
segundo o Valor apurou, a fabricante negocia com quatro fundos de private
equity a entrada de recursos - dois brasileiros, um canadense e um americano.
Conversas mais avançadas estariam sendo travadas com este último.
Nas negociações com potenciais investidores, a empresa fala
numa expectativa de mais de US$ 3 bilhões em contratos a serem fechados no
Brasil até 2019, levantamento que leva em conta obras de trens e metrôs
previstas, como as da Linha 18 e da Linha 6 do Metrô de São Paulo.
Apesar da previsão de conseguir uma saída para os problemas
financeiros, a decisão de recorrer à Justiça para se proteger dos credores foi
tomada após a empresa não conseguir renegociar os prazos com bancos. Do total
devido, 65% está concentrado com credores financeiros, como Itaú e Santander.
A empresa esteve presente em obras do metrô do Rio, de São
Paulo e CPTM. É uma das empresas alvos da investigação conduzida pelo Conselho
de Administração de Defesa Econômica (Cade) por formação de cartel em contratos
de trem e metrô de São Paulo.
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