25/04/2017Notícias do Setor ANPTrilhos
À medida que as cidades crescem e se tornam mais densas –a
população urbana no mundo deve aumentar mais de 40% nos próximos 30 anos–,
aumentam a diversidade de problemas e sua complexidade.
A busca para a solução desses problemas envolve estudiosos e
pesquisadores, que procuram entender os fenômenos urbano-sociais, os mecanismos
de crescimento das cidades, os efeitos colaterais oriundos desse processo, e a
forma de contornar eventuais impasses e distorções.
Nesse contexto surge o urbanismo comparado, cujo objetivo é
através da confrontação de informações e dados, desenvolver o entendimento do
que é válido para todas as cidades, ou para determinada cidade, em determinadas
situações.
Não é surpresa para ninguém que cada lugar tem
características especificas e únicas sobre vários aspectos, mas o que chama a
atenção é que diversos lugares espacialmente separados entre si podem ter
características muito similares em varias situações.
O urbanismo comparado consiste, portanto, no estudo e
sistematização de metodologias que possam avaliar as similaridades e diferenças
entre cidades e processos urbanos, para que essas informações possam ser
utilizadas como ferramenta para o auxilio na evolução do planejamento das
cidades.
As cidades sofrem processos de urbanização bastante
diferentes em várias partes do mundo, que operam para produzir uma grande
variedade de formas de desenvolvimento espacial e social. Uma perspectiva
comparativa é essencial para o entendimento desses processos, e para a
assimilação dessas experiências em benefício da evolução dos conceitos de
planejamento urbano.
A avaliação criteriosa dos diferentes indutores da
rearticulação e reconfiguração espacial das áreas urbanas, das plataformas de
competitividade econômica e estruturas de gestão, das novas formas de incentivo
e parcerias público-privadas, entre tantos outros aspectos característicos da
vida urbana, pode ser uma ferramenta importante para a reorganização do
pensamento sobre a estruturação das cidades.
Contudo essa comparação se torna difícil, uma vez que as
cidades não coletam as informações da mesma maneira, não as georreferenciam da
mesma forma, e utilizam mapas com escalas diferentes. Não existem também
modelos adequados para comparar de forma ponderada informações como renda,
custo de vida, distribuição de água, matriz energética, mobilidade, etc.
Esse problema, entretanto, parece estar próximo de uma
solução. Richard Saul Wurman, criador do TED, uniu-se com a Esri (Environmental
Systems Research Institute), empresa que detém uma das mais poderosas
plataformas de mapeamento georreferenciado e tecnologia para análise de dados,
para desenvolver o Urban Observatory.
Com o Observatório Urbano, será possível cotejar dados das
cidades em inúmeros aspectos, como demografia, uso do solo, infraestrutura e
transportes, numa plataforma que procura prover o entendimento das questões
através da comparação.
Com as informações georreferenciados em mapas de mesma
escala, a cartografia comparada tornará possível compreender mecanismos de
desenvolvimento, falhas, sucessos e oportunidades no planejamento urbano,
estabelecendo uma linguagem comum para as cidades compartilharem e aprenderem
umas com as outras.
Os benefícios do Observatório Urbano poderão ser usufruídos
pelos governos e pela iniciativa privada. A análise comparativa das informações
mapeadas será, dentre muitas outras possibilidades, importante para ajudar na
estruturação e planejamento de novas comunidades, corrigir problemas
existentes, atrair capital, e avaliar a expansão de negócios.
Enfim, uma grande ideia, que pode ser de extrema utilidade
para a evolução do planejamento urbano.
Claudio Bernardes é engenheiro civil e atua como empresário
imobiliário há mais de 30 anos. É presidente do Conselho Consultivo do
Secovi-SP.
24/04/2017 – Folha de S.Paulo
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