A falta de planejamentos
integrados e a urgência de soluções para a mobilidade urbana foram os destaques
das discussões desta quarta-feira (9) no Centro de Estudos Estratégicos
(Cedes) da Câmara dos Deputados.
Durante a reunião, o físico
nuclear e especialista sênior em circulação logística e urbana do Metrô de São
Paulo Laurindo Martins Junqueira Filho destacou que o metrô está entre os sete
melhores do mundo, mas não consegue atender à população. “Somos exportadores de
ônibus, criamos novidades urbanas, como os corredores para ônibus, mas o povo
não está gostando nenhum pouco”, disse em meio à apresentação de imagens com
mais de 6 km de filas de ônibus engarrafados, ou as estações do Metrô paulista
superlotadas com 13 pessoas por metro quadrado.
O especialista lembrou que o
governo federal disse ter R$ 35 bilhões para melhorar a mobilidade urbana. “Mas
ninguém sabe como abrir este cofre”, salientou. “A presidente Dilma corre o
risco de encerrar o seu mandato sem ter aberto este cofre”.
Junqueira lamentou que no Brasil
não exista mais planejamentos integrados e cada setor planeje isoladamente. “Em
São Paulo chegamos ao limite da mobilidade e continuamos a incentivar a
mobilidade”, disse.
Ao lembrar a criação da
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que
reserva 0,28 do preço da gasolina a ser utilizado em transporte urbano, o
engenheiro criticou o desvio dos recursos. “Agora foi zerado para salvar a
Petrobras, mas foram arrecadados R$ 80 bilhões e nada foi para este tipo de
transporte de massa, foi para o individual, para o carro”.
O especialista também assinalou
que embora São Paulo detenha 32% de investimentos em Metrô, a maior parte de
recursos próprios, ou via empréstimos do BNDES, e transporte 76% de todas as pessoas que utilizam
metrô no Brasil, esse meio de transporte se encontra completamente
congestionado. “A cidade por onde são transportadas a maior parte das nossas
importações e exportações, via Porto de Santos, tem um trânsito que se
movimenta a 10 km/h”, assinalou.
Um dos problemas estruturais, na
opinião do engenheiro é que as pessoas são colocadas na periferia e os empregos
são oferecidos no centro. “O paulistano gasta um terço da sua vida tentando se
movimentar para o serviço ou retornando a casa”.
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