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"O sonho de todo mundo aqui é ver esse trem
funcionando". A frase é do comerciante Benedito Bezerra, morador do bairro
Vila União, mas resume a expectativa de milhares de fortalezenses em relação ao
Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT). A esperança, contudo, logo acaba quando se vê
o estado de abandono em que se encontram as obras, paradas há cerca de nove
meses após o cancelamento do contrato firmado pelo Governo do Estado com o
consórcio responsável pelas intervenções.
O trabalho continua sem previsão de retorno,
situação que se prolonga desde então, e, enquanto isso, as estruturas já
construídas enfrentam a falta de manutenção. Das oito estações inclusas no
projeto do transporte, apenas uma, situada na Avenida Borges de Melo, foi
concluída. No entanto, com a suspensão das obras, hoje o local está esquecido.
O exterior da plataforma foi completamente tomado pelo matagal, que quase cobre
os tapumes ainda não retirados. O espaço também teve o piso danificado, não se
sabe se resultado da ausência de conservação ou da ação de criminosos, ambas
relatadas por quem vive no entorno. "Os vagabundos levaram um monte de
ferro que ficou por aí quando as obras pararam", diz Benedito Bezerra.
Segurança
Na manhã de ontem, um vigilante fazia a guarda do
local. Segundo ele, a segurança é necessária para evitar o roubo de partes da
estrutura, situação registrada em estações próximas. "Se não tivesse a
gente aqui, acho que teriam levado tudo", conta o profissional.
Em outras duas plataformas, implantadas nos bairros
Aldeota e Papicu, os canteiros de obras vazios revelam os trabalhos inacabados,
suspensos ainda em estágio inicial. As construções, já repleta de pichações,
tornaram-se, ainda, grandes depósitos de materiais de construção abandonados e
de lixo, deixado pela população no local.
As obras do VLT estão paralisadas desde junho do
ano passado, em decorrência do descumprimento de contrato por parte do
consórcio construtor, segundo a Secretaria de Infraestrutura do Estado
(Seinfra). Antes disso, no entanto, o trabalho já era marcado pela lentidão. As
intervenções deveriam ter sido entregues para a Copa do Mundo de 2014, mas a um
mês do início do evento, apenas 50% do projeto estava concluído.
Licitações
Conforme a Seinfra, a retomada das obras continua
sem previsão. Nos últimos meses, duas licitações foram realizadas para dar
continuidade ao serviço, mas as empresas concorrentes não atenderam aos
requisitos do Governo do Estado. Agora, a Pasta afirma que um novo certame está
sendo discutido.
A Secretaria informou, por nota, que a vigilância
das plataformas é feita pela Polícia Metroviária ao longo de todo o trajeto do
ramal, em convênio com o Metrô de Fortaleza (Metrofor). Ainda de acordo com o
órgão, denúncias de ações criminosas devem ser comunicadas para a Ouvidoria do
Estado do Ceará, por meio do telefone 155.
O VLT ligará o Mucuripe à Parangaba, em um percurso
de 12,7 Km que passará por 22 bairros. O projeto prevê a construção de oito
estações: Parangaba, Papicu, Montese, Vila União, Rodoviária, São João do
Tauape, Pontes Vieira e Mucuripe. Conforme a Seinfra, a estimativa é que o
modal transporte até 90 mil passageiros por dia.
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