Léo Arcoverde
Colaboração para o UOL, em São Paulo
Colaboração para o UOL, em São Paulo
03/03/201601h00
Os investimentos na expansão do metrô de São
Paulo por parte do governo do Estado caíram 31% entre 2014 e
2015. É o que aponta levantamento inédito feito pelo Fiquem Sabendo com
base em dados da empresa obtidos por meio da Lei Federal nº 12.527/2011 (Lei de
Acesso à Informação).
A queda foi de R$ 1,3 bilhão - caiu de R$ 4,17
bilhões em 2014 para R$ 2,87 bilhões no ano passado. Parte dessa queda nos
investimentos se deu em razão da interrupção de obras de expansão da linha
4-amerela, que teve o seu contrato rescindido pela gestão do governador Geraldo
Alckmin (PSDB) em julho de 2015.
Outro fator foi o ritmo lento da construção da
linha 17-ouro, com processo de rescisão contratual iniciado pelo governo
estadual em janeiro deste ano.
De acordo com os dados disponibilizados pelo
Metrô, o valor investido na expansão do sistema metroviário paulistano em 2015
ficou abaixo também do repasse realizado em 2013, quando foram gastos R$ 3,43
bilhões na ampliação das linhas do metrô. Já os anos de 2011 e 2012 registraram
gastos superiores ao do ano passado.
Sem novas linhas
Não houve a inauguração de nova linha do metrô
em 2015. Em agosto, o monotrilho da linha 15-prata começou a sua operação
comercial, entre as estações Oratório e Vila Prudente, na zona leste. Esse
trecho tinha sido inaugurado em 2014 e, desde então, estava em fase de testes,
em horário reduzido, sem cobrança de tarifa.
O ano passado foi também marcado pela retração
da economia do Estado de São Paulo, fortemente impactada pela crise econômica
do país. O PIB (Produto Interno Bruto) paulista caiu 4,1% em relação a 2014,
segundo a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), ligada ao
governo estadual.
Na avaliação do consultor Horácio Figueira,
mestre em Engenharia de Transporte pela USP (Universidade de São Paulo), os
recorrentes atrasos no processo de expansão do metrô de São Paulo farão com
que, em 2018, quando o início de sua construção completará 50 anos, "não
cheguemos sequer ao número de dois quilômetros de linhas inaugurados por
ano".
Hoje, a rede do metrô de São Paulo possui 80,6
quilômetros. A extensão é baixa quando a comparação é feita com outras
metrópoles mundiais de porte semelhante ao da capital paulista - Londres
(408 quilômetros), Nova York (418 quilômetros), Paris (212 quilômetros) e
Cidade do México (202 quilômetros), sendo que uma capital bem menor, Santiago,
no Chile, tem 94 quilômetros de extensão em sua rede.
"O metrô de São Paulo começou a ser
construído em 1968 e iniciou a sua operação em 1974. Desde então, a população
conta com um processo ampliação mais acelerado desse sistema, que, hoje, é o
que tem a maior densidade de passageiros por quilômetro do mundo", diz
Figueira.
Para o especialista, a aceleração do ritmo de
expansão do metrô requer mudanças nas regras de licitação, que, segundo ele,
tem prazos muito longos. "Temos tecnologia para ampliarmos a rede. O que
falta são recursos e a revisão do processo como as contratações dessas obras
são feitas. Isso poderia se dar de forma mais rápida e transparente."
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