15/05/2017 - Metrô CPTM
Em conjunto com a Linha 7-Rubi, a Linha 10-Turquesa surgiu a
partir da antiga Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, construída no século 19. Mas
os dois ramais da CPTM não compartilham apenas isso: ambos estão entre os que
menos recebem investimentos do governo. E um sinal evidente da falta de
interesse pela linha que corta o ABC Paulista e termina na estação Brás é o
fato de 7,9 milhões de passageiros terem deixado de utilizá-la nos últimos
cinco anos.
O dado foi obtido pelo jornal Diário do Grande ABC que
apontou uma queda de 7% na quantidade de passageiros entre 2011 e 2016. Parte
desse êxodo tem a ver com a crise econômica, no entanto, esse fenômeno não
atingiu no mesmo grau as demais linhas da CPTM – no geral houve crescimento de
17%.
A média de passageiros transportados é de 365 mil pessoas
por dia, só superior a Linha 12-Safira (256 mil). É praticamente metade do que
transporta a Linha 11-Coral, a mais movimentada da CPTM. São 38 km de trilhos e
13 estações, mas que permanecem ultrapassadas e muitas vezes inacessíveis em
dias de chuva por conta do alagamento das vias.
A promessa de reforma de suas estações ficou pelo caminho
com a falta de recursos alegada pelo governo. Da mesma forma, a frota de trens
é formada principalmente pela Série 2100, antigos trens espanhóis de transporte
regional, ou seja, lentos e mais propícios a viagens de longa duração. Além da
idade avançada (foram construídos em 1974), essas composições sofrem com
problemas de manutenção e seguidos incêndios.
Sem trens novos
Com um intervalo alto que torna a viagem mais demorada do
que deveria, a CPTM decidiu implantar uma média paliativa ao colocar um trem da
Série 3000 entre Santo André e Tamanduateí com parada apenas em São Caetano do
Sul, o Expresso Linha 10, mas nem isso parece ter ajudado a melhorar o conforto
e a previsibilidade da linha.
Com parte importante do seu trajeto passando por regiões
industrializadas e bem adensadas, a Linha 10 poderia ter um serviço digno do
Metrô, mas parece que ela não é prioridade para a CPTM, que diz investir, mas
que até agora não revelou se parte da encomenda de 65 novos trens irá para o
ABC para aposentar os velhos trens espanhóis. Até mesmo a Linha 7, que concentrava
a maior parte dos trens antigos e sem ar-condicionado, passou a receber vários
trens dessa encomenda. Enquanto isso, os trens da Série 8500 e 9500 só passam
pelo ABC em testes – embora existam rumores que estes últimos poderão ser
usados na linha no futuro.
Não é difícil entender porque a população pode ter deixado a
Linha 10 de lado por ora. Isso, somado ao impasse na construção da Linha 18 do
Metrô, tem transformado o ABC numa região de mobilidade deficiente, cujos
moradores levam horas para chegar à capital em alguns dias. Não deveria ser
assim.
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