30/11/2017 - Metrô CPTM
Para alguns um alívio, para outros motivo de saudade. Em
comum o fato de que hoje já é quase impossível encontrar o único trem original
que ainda resta na Linha 1-Azul do Metrô. Estamos falando da Frota A, que
inaugurou os serviços do Metrô de São Paulo em 1974. Desde 2009, a companhia
está fazendo uma modernização gradual nos 51 trens dessa frota além de outras
47 composições de outras frotas antigas que eram usadas nas linhas 2 e 3.
Nesta semana, o penúltimo trem original, o A21, foi
recolhido e prepara-se para ser levado para uma das empresas que o reformarão.
Com isso apenas a composição A35 está em serviço na Linha 1. Ela deve
permanecer na linha até fevereiro de 2018 quando será retirada e enviada para
modernização.
O blog andou no trem A21 no último sábado e registrou
algumas fotos publicadas aqui. Já bastante utilizado, o trem exibia um desgaste
claro com paineis soltos e bancos desbotados. Para quem não sabe diferenciá-los
de outros trens é fácil: basta reparar no barulho da ventilação e dos vidros
abertos para constatar que você está a bordo de um trem da Frota A. Sim, eles
não são equipados com ar-condicionado, um “luxo” que só foi adotado no metrô
paulistano há pouco tempo. É essa a principal melhoria que os velhos trens
recebem, além é claro de novos sistemas de controle, interior remodelado e a
retirada das cabines de comando de quatro dos seis vagões, entre outros.
Transporte do futuro
Se hoje estão mais associados ao desconforto, os trens da
primeira encomenda do Metrô já foram sinônimo de futuro. Construídos no Brasil
pela empresa Mafersa sob licença da fabricante americana Budd, os trens da
Frota A ganharam algumas peculiaridades que mais tarde acabaram suprimidas em
outros projetos como a cabine de comando ocupando apenas o lado direito do
vagão e a divisão dos seis vagões em três conjuntos que poderiam ser separados
para atender trechos de baixo movimento – como se o Metrô de São Paulo em algum
momento da história fosse ter uma demanda pequena. Já a adoção da alimentação
elétrica pelo terceiro trilho, instalado na parte inferior da via, tornou a
composição mais limpa que os velhos trens de subúrbio da época, única opção sob
trilhos disponível nas grandes cidades.
Os primeiros anos de serviço apresentaram aos usuários um
sistema capaz de atender uma demanda muito alta com intervalos baixos e
regulares e com boa parte do percurso subterrânea. O interior dos vagões também
representavam um nível maior de conforto para a época e, sobretudo, o
funcionamento e a confiabilidade demonstraram que São Paulo passava a contar
com um transporte coletivo tão ou mais moderno que o de outras cidades no
mundo.
Com a decisão do governo do estado de modernizá-los, dois
consórcios venceram a concorrência para converter os trens da Frota A em duas
novas frotas, a J e a I. Em relação ao projeto original pouco resta do “A”
nessas duas novas séries. A máscara ainda mantém a inclinação original mas a
cabine passou a ocupar toda a frente do trem. Por conta do sistema de
ar-condicionado, as janelas perderam a parte móvel, mas as portas foram
mantidas do mesmo tamanho. O salão, no entanto, é mais amplo e com melhor
circulação de pessoas – além disso, foi adotado um painel eletrônico que mostra
as estações das três linhas onde ele pode ser usado. Também passaram a contar
com o sistema CBTC, de controle de trens.
Para quem utiliza o metrô paulistano desde as décadas de 70
e 80, ver um trem da Frota A é uma experiência inteiramente relacionada a um
período em que a antiga linha Norte-Sul era uma exceção de qualidade no
transporte coletivo da capital. A lotação não chegava aos níveis atuais e mesmo
o ruído e o calor pareciam mais amenos. Já a “mágica” de cruzar a cidade em
cerca de meia hora, essa sim parecia coisa de ficção científica
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