06/12/2017 - Gazeta Digital
Os trens, trilhos e equipamentos para sinalização e operação
do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) pertencem ao Estado de Mato Grosso. O
material, a exemplo de todo e qualquer componente já pago pela gestão estadual,
será usado pela nova empresa a ser contratada para a conclusão das obras de
implantação do metrô de superfície.
Nesta terça-feira (5), foi publicado o ato de rescisão
unilateral do contrato, estimado inicialmente em R$ 1,4 bilhão, por supostas
irregularidades cometidas pelo Consórcio VLT, contratado na gestão do
ex-governador Silval Barbosa. O consórcio ainda não foi notificado oficialmente
do rompimento.
De acordo com o procurador Carlos Perlin, tudo aquilo pelo
qual o Estado já pagou, como por exemplo as 40 composições e todo o chamado
material rodante, não pertencem mais ao consórcio construtor.
“Vão surgir algumas questões neste sentido, como, por
exemplo, qual a situação do que está parcialmente concluído. Para delimitar bem
esta questão, o parecer e a rescisão determinaram que fosse feita a medição
rescisória. Ela é a última medição que vai aferir o que está feito, o que não
está, quanto foi cumprido de cada etapa. Mas o que está pronto, até porque já
foi pago, pertence ao Estado de Mato Grosso”.
O trabalho de medição de toda a obra, segundo Perlin, será
executado por técnicos da Secretaria de Estado de Cidades (Secid), pasta que
havia assumido a condução do contrato com o Consórcio VLT. “A gente estima que
demore entre um a dois meses para a conclusão deste trabalho, por conta da
complexidade da obra, do tamanho dela”.
Uma situação curiosa que poderá surgir, mesmo após a
retomada das obras, é a possibilidade de contratação de uma das empresas que
fazem parte do consórcio, a espanhola CAF, responsável pela montagem dos
veículos e desenvolvimento do sistema de operação.
“A CAF é a fabricante do trem e só ela tem a expertise para
tocar. Pode ser que, futuramente, em uma fase anterior à operação, seja
necessário contratar a CAF para fazer a manutenção dos trens, uma vez que, como
fabricante, só ela teria este conhecimento técnico”.
Outra questão a ser enfrentada trata dos valores a serem
pagos ou recebidos pelo Estado, por conta das três medições que não foram
quitadas desde 2014 e das indenizações que ainda estão sob análise. Conforme
Perlin, quatro pontos impactam estes custos. “O primeiro deles é a multa, de R$
147 milhões, o equivalente a 10% do total do contrato”.
Um outro ponto trata de alterações de cláusulas do contrato
em relação ao que previa o edital. Em apenas uma delas, o consórcio teria
obtido, segundo o procurador, um ganho de R$ 11,5 milhões. “O edital previa que
o consórcio ressarcisse o Estado dos ganhos que poderiam ser auferidos nos
adiantamentos e isso foi excluído no contrato”.
Já o terceiro fator trata do orçamento-base, elaborado pelo
Estado quando fez a contratação do consórcio. Por fim, terá impacto nos
valores, o débito que o governo tem com o consórcio, tanto de medições quanto
de atualizações, como a variação cambial dos materiais importados.
Novo projeto do VLT
de Cuiabá exclui trincheira e "enxuga" terminais em Cuiabá e VG
21/11/2017 - FolhaMax
Caso seja retomado, o projeto inacabado do veículo leve
sobre trilhos (VLT), entre Cuiabá e Várzea Grande, será alterado como forma de
enxugar os gastos com a obra, que já custou aos cofres públicos mais de um R$ 1
bilhão. Para isso, o governo do Estado decidiu excluir a trincheira Luiz
Felipe, na Avenida Historiador Rubens de Mendonça, mais conhecida como avenida
do CPA, na capital, e instalar estações mais simples.
As modificações foram anunciadas pelo secretário de Estado
de Cidades (Secid), Wilson Santos, que reafirmou a intenção do governo do
Estado em realizar nova licitação para finalizar o modal. Contudo, segundo
Santos, o Estado ainda não tem o valor definido para a realização desta nova
concorrência pública. “Esse número não temos. A Secretaria de Estado de Cidades
está trabalhando e a ordem do governador Pedro Taques é de que a gente possa
dar uma enxugada no projeto”, disse. “Na Avenida do CPA, próximo a Havan, havia
um projeto de trincheira, mas essa vai ser excluída”, completou.
Em 2013, o Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, que vinha
tocando os trabalhos, chegou a dar início à obra de construção da trincheira, o
que causou a interdição parcial da pista e transtornos aos comerciantes e
moradores da região. Até então, a trincheira projetada para ter 300 metros
vinha sendo considerada como essencial para a implantação da via permanente do
VLT na Avenida do CPA.
Mas, as mudanças não param por aí. Segundo Santos, também
estão previstas mudanças nos terminais. “As estações serão mais simples e vamos
diminuir os gastos com as estações. Estamos dando uma desidratada no projeto
para baratear esse preço final. Quanto vai custar nós não sabemos ainda por que
não temos esse orçamento fechado”, informou.
Conforme Santos, para a operação do sistema a ideia é firmar
parceria pública privada, a chamada PPP. “Então, será um misto. Será feito
licitação para contratação de uma empresa ou de um consórcio para concluir o
VLT, sendo que faltam 45%, e uma parceria pública privada para a operação do
modal e algumas ações de desenvolvimento urbano”, informou.
Escolhida a empresa, serão necessários mais 24 meses para
conclusão dos trabalhos, ou seja, somente em 2020, após as comemorações dos 300
anos de Cuiabá, é que a população cuiabana e a várzea-grandense poderá se
beneficiar no novo modal, previsto incialmente para a Copa do Mundo de 2014.
A intenção do Estado é lançar a licitação já no início de
2018. Porém, ainda existe a possibilidade do Consórcio VLT tentar judicializar
o processo. Em agosto deste ano, o governo rompeu definitivamente as
negociações com o consórcio.
A medida foi tomada após a Operação Descarrilho, deflagrada
pela da Polícia Federal, apontando fraudes na licitação, associação criminosa,
corrupção ativa e passiva, entre outros crimes que teriam ocorridos durante a
escolha do VLT. Antes, o Estado havia acordado o valor R$ 992 milhões para que
a obra fosse concluída.
Mesmo com o rompimento, o Consórcio VLT ainda tem um crédito
de mais de R$ 300 milhões, montante reconhecido pelo Estado e referente a três
medições (setembro, outubro e novembro de 2014). “Essas três medições somadas a
28 reajustes que nunca foram pagos e atualização financeira chegaram em valores
de maio de 2017 a R$ 313 milhões”, frisou.
Pelo projeto inicial, o modal terá dois eixos, Aeroporto-CPA
e Centro-Coxipó, e será implantado no canteiro central das avenidas João Ponce
de Arruda e FEB, em Várzea Grande; XV de Novembro, Tenente Coronel Duarte
(Prainha), CPA, Coronel Escolástico e Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá,
totalizando 22 quilômetros de extensão.
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