18/12/2017 - G1
Camargo Correa revelou, em acordo de leniência firmado com o
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), operações em 21 licitações
para obras em metrôs de diferentes estados.Veja os principais detalhes citados
no relatório:
- SÃO PAULO: No caso do metrô de São Paulo, por exemplo, são
duas obras em que o acordo foi concluído. Elas se referem ao lote 2 e aos lotes
3 e 7 da linha 5 do metrô de São Paulo.
No caso da linha 2, a Camargo cita a existência de
"débitos" com a Andrade Gutierrez e com a OAS.
Isso porque as duas empresas teriam concordado em oferecer
cobertura (ou seja, fazer ofertas mais caras para permitir a vitória da
Camargo) nesta linha. Os débitos seriam referente a isto, chegando a R$ 50
milhões no caso da Andrade.
Segundo a empresa, chegaram a ocorrer cobranças pela Andrade
Gutierrez do pagamento deste valor.
Já em relação a linha 5, as empresas concordaram em dividir
dois lotes específicos- 3 e 7- por serem os mais caros e que apresentavam maior
demanda técnica.
Sobre a participação do governo, há a seguinte referência:
"Alguns dos presentes, como Anuar Benedito Caram (Superintendente
Comercial e de Obras da Andrade Gutierrez) mencionavam ter interlocução com a
CMSP (Câmara Municipal de SP) no sentido de tentar garantir que o Edital
restringisse a participação de empresas estrangeiras, dentre outras
disposições."
- BRASÍLIA: No caso do metrô de Brasília, fez parte de um
acordo concluído mas nunca implementados. No caso do Distrito Federal, diz o
relatório, era necessário forte alinhamento com o governo do Distrito Federal
[...] para garantir que a licitação seria feita conforme os preços unitários.
[...] O intuito do grupo era efetivamente "montar a licitação" para o
governo do Distrito Federal, o que compreendia desde a elaboração dos estudos
técnicos e projeto base até o próprio edital de licitação".
Dois problemas ocorreram e inviabilizaram o sucesso da
empreitada. O primeiro foi a dificuldade do GDF em internalizar os documentos
produzidos pelo grupo, porque isto envolveriam o corpo técnico do Metrô. O
segundo foi o fato da obra nunca ter ido pra frente.
- CURITIBA E PORTO ALEGRE: Os metrôs de Curitiba e Porto
Alegre também fazem parte de acordos que andaram para o grupo - mas as obras
não.
No relatório, a Camargo conta que empresas financiariam,
juntas, uma estrutura para que técnicos elaborassem estudos de viabilidade que
permitissem as empreitadas. As reuniões sobre o tema eram disfarçadas, nos
temas de e-mails, como “aulas” ou “grupos de estudo”.
Outro destaque é para o fato de que, ao repassar as
planilhas com os custos dos grupos para as empreiteiras, o responsável por isso
– executivo da Odebrecht – elaborava planilhas diferentes para cada empresa,
com formatação e até cores diferentes.
Segundo a Camargo, o objetivo era saber o responsável por
eventuais vazamentos, já que a iniciativa era ilícita.
- FORTALEZA (linha leste do metrô): Há uma extensa troca de
e-mails entre o representante da Queiroz Galvão e o da CCCC sobre quem deveria
fazer a interlocução com o governo – mas a informação sobre quem era o contato
político não consta do relatório (ou está restrita).
Camargo Correa e Queiroz Galvão teriam relatado que pagavam
à empresa MWH – contratada pelo governo cearense para dar consultoria na elaboração
da licitação – por fora para tentar influenciar o edital.
Segundo a CCCC, um contrato fictício foi elaborado neste
sentido, em que a MWH atuaria como consultora para uma licitação que a CCCC
disputava em São Paulo. Mas o objetivo era mesmo influenciar a licitação.
Há ainda uma nota de rodapé com a informação de que o
governo do Ceará estava ciente do procedimento acima.
Entre os documentos estão projetos de engenharia elaborados
pela MWH. Segundo a CCCC, eram parte do material produzido para o governo
cearense – mas a CCCC teve acesso a eles em 2010. A licitação só teria saído em
2013.
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