estação central do metrô de BH
25/10/2017 - Metro Jornal
Em 1986, os vagões do metrô entraram nos trilhos da história
do transporte público de Belo Horizonte. Com a promessa de tornar os
deslocamentos mais rápidos, as primeiras viagens partiam da Lagoinha, na região
Noroeste da capital, até o Eldorado, em Contagem. Um ano depois, o sistema
passou a integrar a Estação Central, no coração da cidade. Dos seus 10,8 km
para 28,1 km de extensão em 2002, a mesma configuração permanece até hoje. E a
novidade do século XX logo se transformaria em frustração: passados 15 anos,
sobraram projetos que não saíram do papel.
Quase duas décadas depois da última inauguração, um deles –
a proposta de construção da estação Novo Eldorado, na região metropolitana –
finalmente será viabilizada. O anúncio foi feito pelo prefeito de Contagem,
Alex de Freitas (PSDB), depois que a União disponibilizou um empréstimo de R$
157 milhões para a ampliação de 1,5 km até o terminal. A previsão é de que as
obras sejam iniciadas em maio do próximo ano, com conclusão até o fim de 2019.
“Vamos anunciar a ampliação de mais uma estação. A primeira
de duas que esperamos tirar do papel. O metrô beneficia os mais carentes.
Transporte limpo, confortável e rápido. Chegar até nosso principal centro
comercial é um avanço histórico”, comemorou o chefe do Executivo. E a
intervenção abre caminho para mais uma meta, a de levar os trilhos até o bairro
Bernardo Monteiro, ao custo de R$ 550 milhões e mais 2,5 km de linha.
“Que notícia boa”, declarou a estudante Rafaella Ruiz, 22
anos, ao saber da melhoria através da reportagem. A jovem, que mora no Novo
Eldorado, usava diariamente o metrô para voltar da faculdade. “Como consegui um
estágio, não compensava mais usar o sistema por conta da rota”, apontando uma
das deficiências da linha, restrita a algumas regiões. Até chegar à Estação
Eldorado, ela leva pelo menos 25 minutos. “Pegava um ônibus até lá, descia na
Lagoinha e usava o Move até a UFMG”, disse. O maior tempo de deslocamento era
gasto nas baldeações que levavam até os terminais. “Já é uma melhora, vai
beneficiar muita gente do bairro”, comentou sobre a obra.
“Falta vontade política”
Para o consultor em transporte e trânsito Osias Baptista
Neto, o grande problema da Grande BH é o metrô ser gerido pelo governo federal.
“O Estado e os municípios, através de um consórcio, deveriam ter assumido o
gerenciamento desde 1995. As pressões e as necessidades de Brasília não estão
focadas aqui”, argumentou. Conforme o especialista, a alternativa que restou
para BH foi investir no Move. “Fez o BRT por cima de onde passaria o metrô. Se
esperasse por ele, até hoje não teria nada”.
Outra característica que diz muito sobre o sistema nas duas
cidades é o trilho na superfície. “Ele só é subterrâneo onde não tem espaço por
conta dos prédios, das ruas. Nesses locais está a demanda. Quando vai por cima,
os lugares têm densidade urbana menor e, consequentemente, menos passageiros. É
lógico”.
Prefeito de Contagem
anuncia ampliação do metrô na cidade
O prefeito de Contagem, Alex de Freitas (PSDB), anunciou
nesta segunda-feira (23) a ampliação do metrô no município. Com financiamento
de R$ 157 milhões negociado junto ao governo federal, será construída a estação
Novo Eldorado. Na prática, a ampliação significa 1,5 km a mais na linha 1 do
metrô – que atualmente tem 19 estações: Eldorado a Vilarinho.
A assinatura do financiamento está prevista para a próxima
segunda-feira, quando o ministro das Cidades, Bruno Araújo, estará em Contagem.
O dinheiro sairá do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) por meio do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A prefeitura terá quatro anos de
carência para começar a pagar o financiamento, que terá prazo de 20 anos para
ser quitado.
“A mobilidade pública nacional é uma vergonha. A população
paga caro por um serviço sem qualidade. Contagem resolveu sair do debate de
quem vai pagar. A prefeitura vai pagar. Assumimos a responsabilidade de captar
recursos”, afirmou Freitas, durante palestra para a Comunidade Lusófona na
Universidade Paris-Sorbonne, em Paris, na França.
Para o prefeito, o metrô de Belo Horizonte é vergonhoso. “O
metrô tem apenas uma linha, que há anos não aumenta nem um centímetro”,
afirmou. A próxima meta do tucano é conseguir viabilizar a ampliação do metrô
até o bairro Bernardo Monteiro. O custo seria de R$ 550 milhões para mais 2,5
km de linha. Alex Freitas explica que o valor da obra até o Novo Eldorado é
menor porque no local já existe parte da estrutura necessária – atualmente, lá
está a área do pátio de manobra. “Como não serão necessárias desapropriações
nesse trecho, será a obra de metrô mais barata do Brasil”, disse.
A previsão é de que a licitação esteja pronta até o mês de
março de 2018 e que a obra comece em maio. A duração do trabalho seria de um
ano e meio, ou seja, a nova estação deve ficar pronta no fim de 2019. Para
garantir a operacionalização da nova estação, a prefeitura também terá que
fazer um convênio com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
Alex Freitas destacou a falta de diálogo por parte do
prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), sobre a mobilidade na região
metropolitana. Entretanto, ele se diz aberto para conversar sobre o tema com
todos os prefeitos da região.
“Não encontramos diálogo na atual gestão de Belo Horizonte.
Esse avanço do metrô vai beneficiar ainda mais a capital. Apesar dos dois
prefeitos terem ideologias diferentes, Belo Horizonte é a capital de todos, e
os prefeitos têm que se relacionar. Se não encontrar diálogo com a capital,
vamos encontrar nas agências metropolitanas de desenvolvimento. Contagem vai
colaborar. Espero que o Kalil acorde para importância do cargo que ele ocupa”,
declarou.
Licitação ônibus
Para melhorar o transporte público em Contagem, o prefeito
Alex Freitas também anunciou para o mês de novembro a abertura de licitação
para as empresas de transporte. “Faremos a licitação do transporte público.
Serão ônibus novos, elétricos, confortáveis e linhas regulares. Sem exagero na
comparação, um ônibus em Contagem é, hoje, uma carroça. Não há conforto algum.
Mudaremos essa realidade. E iremos além”, afirmou.
Segundo ele, os contagenses lamentam um péssimo transporte
público que é ofertado. “Nosso povo perde horas dentro de ônibus em péssimas
condições. Paga uma tarifa cara para ter um serviço que deixa muito a desejar.
Agora, em novembro, teremos a chance para resolver a questão”, afirmou.
Além da licitação será implementado o Sistema Integrado de
Mobilidade (SIM), que prevê uma série de intervenções viárias na cidade. A
principal delas é a implantação do BRT na avenida João César de Oliveira.
23/10/2017 – O Tempo
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