24/08/2016 -
Folha de São Paulo (Cliping Revista Ferroviária)
Com dificuldades financeiras e número de
passageiros pagantes em queda, o Metrô de São Paulo quer turbinar suas
atividades fora dos trilhos para obter mais receitas.
Uma das estratégias da empresa para isso é a
concessão à iniciativa privada de centros comerciais e shoppings em estações
integradas a terminais de ônibus da cidade.
Cinco projetos já estão em andamento: a expansão do
shopping Itaquera, com aumento de 50% em seu tamanho e investimento de R$ 275
milhões, e a construção de shoppings ou centros comerciais nas estações
Marechal Deodoro, Vila Mariana, Vila Madalena e São Bento.
O plano do Metrô é atingir 17 terminais de
integração com empreendimentos privados nos próximos anos.
Raquel Verdenacci, gerente de novos negócios da
companhia, disse à Folha que, nesse pacote de 17 estações, a empresa não está
aberta somente para shoppings, mas também para centros hospitalares ou
educacionais.
"O que fazemos é oferecer a exploração do
espaço aéreo das nossas propriedades. O que será explorado fica a critério dos
interessados", diz.
Atualmente, o Metrô tem cinco shoppings que
funcionam em sistema de concessão. Esse modelo define uma remuneração mínima
anual ou um percentual do faturamento bruto do centro comercial (o valor que
for maior) como contrapartida em troca da exploração da área.
Somados, os shoppings Itaquera, Santa Cruz,
Tucuruvi, Boulevard Tatuapé e Tatuapé renderam receita de R$ 46 milhões ao
Metrô em 2015.
Isso representa 25% do total de R$ 186,4 milhões
das receitas não tarifárias obtidas pela companhia no ano passado. É um valor
superior ao obtido na exploração de publicidade, lojas e espaços nas estações e
telefonia.
Embora os números e prazos desse projeto de
expansão comercial ainda sejam sigilosos, somente a ampliação do shopping
Itaquera renderá R$ 4 milhões adicionais à empresa. Essa obra deverá estar
pronta para o Dia das Mães de 2018, ano em que também deve ser inaugurado o
empreendimento da estação Marechal Deodoro, cuja documentação já está em
análise na prefeitura.
"A crise econômica traz efeitos para todos,
mas estamos trabalhando para minimizar seu impacto na companhia, desonerar seus
custos. Ter um empreendimento colado em uma estação do metrô é uma ótima
oportunidade, temos mais de 4 milhões de usuários por dia", afirma José
Carlos Nascimento, diretor financeiro do Metrô.
Em 2015, a empresa arrecadou R$ 1,7 bilhão com
receitas tarifárias. Em 2016, a companhia espera arrecadar R$ 60 milhões a
menos, razão pela qual deseja alavancar outras fontes de receita.
Obtida pela Folha, a proposta do Metrô prevê 1.700
m² de área locável, em um total de 4.500 m². A manutenção desse espaço deverá
ser realizada pela iniciativa privada.
Inicialmente batizado de Complexo São Bento, o
empreendimento terá prazo de dez anos de concessão, com possibilidade de
renovação por igual período.
A remuneração mínima esperada pela companhia é de
R$ 960 mil anuais, distribuídos entre a arrecadação com aluguel e o alívio em
contas de manutenção, segurança e IPTU.
É exigido ainda um investimento mínimo inicial de
R$ 3 milhões em infraestrutura, com reformas de rede hidráulica e elétrica,
instalação de sistema de exaustão e equipamento de segurança e incêndio.
"Esse empreendimento está do lado da ladeira
Porto Geral, imaginamos que será muito atraente para quem descer na São Bento
para fazer compras na 25 de Março", avalia José Carlos Nascimento, diretor
financeiro do Metrô.
Nascimento acredita que, com a revitalização, o
complexo também volte a oferecer atrações culturais.
Destinada a operadoras de shoppings, centros
comerciais e consórcios de franquias, a licitação deve ter seu edital publicado
até o final de setembro.
Já no caso dos outros empreendimentos, uma
audiência pública será realizada no próximo mês para que seus planos ainda
sejam discutidos.
Segundo a mineradora, foram adotadas todas as ações
judiciais cabíveis para liberar a ferrovia. Além da ação de reintegração de
posse, a empresa informou que ingressará com ação criminal contra os líderes
dos movimentos que obstruíram a ferrovia e seus possíveis financiadores.
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