22/08/2016 09:00 - Gazeta do Povo
O transporte coletivo de Curitiba conduziu 18,29% menos passageiros em
2015 do que em 2000, mostram dados da Urbs obtidos pelo Livre.jor via Lei de
Acesso à Informação. Afetado pela desintegração de boa parte da rede
metropolitana, o sistema de ônibus de Curitiba transportou no ano passado menos
de 500 milhões de passageiros anuais pela primeira vez desde 2004.
A se julgar pelos números da frota de veículos, parte expressiva de quem
deixou o transporte coletivo passou a andar de automóvel ou de moto. Essas
frotas cresceram, respectivamente, 92,61% e 242,67% entre 2000 e 2015 – os
dados são do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) e tratam apenas de
Curitiba e não incluem as cidades da região metropolitana.
Em 2000, havia 508.995 automóveis registrados na capital paranaense.
Quinze anos depois, eles eram 980.383. A frota curitibana de motocicletas
saltou de 36.037 para 123.489 unidades.
A migração de curitibanos do ônibus para o transporte individual cria
dois dos mais visíveis – e agudos – problemas a serem enfrentados pelo próximo
prefeito: um transporte público cujas contas não fecham e um trânsito cada vez
mais congestionado.
Queda é histórica
A queda no uso dos ônibus não é fenômeno recente. A melhor marca em 20
anos – 598 milhões de passageiros anuais – foi registrada em 1995. Desde então,
o sistema curitibano começou a perder passageiro, a uma taxa curiosamente
semelhante, ao redor de 0,6% ao ano, até 2002. Nos dois anos seguintes,
despencaria à razão de 7% anuais, até registrar 479 milhões de pessoas
carregadas em 2004 – segunda pior marca da série histórica, atrás apenas de
2015.
Nos quatro anos seguintes – os da primeira administração de Beto Richa
(PSDB), quando a tarifa permaneceu congelada ante uma inflação
acumulada de 15,45%, houve recuperação.
Isso dá pistas de que tarifa barata pode ser um fator de atração
considerável para o passageiro. E para alavancar carreiras políticas – Richa
foi reeleito prefeito com 77% dos votos válidos em 2008, ainda que o congelamento da tarifa tenha
criado um desequilíbrio financeiro no sistema, segundo a Urbs.
Dali em diante, o sistema acumulou bem mais quedas que aumentos no
número de passageiros. O que se reflete, também na arrecadação. O número de
passageiros pagantes equivalentes decresceu 19,27% na comparação entre 2000 e
2015. Por passageiro pagante equivalente, a Urbs entende cada passagem
diferenciada debitada na catraca (passe escolar, domingueira ou cartões que
ainda têm créditos antigos) transformada na tarifa em vigor.
Num sistema como o de Curitiba, em que há integração – em terminais, principalmente –, o número de passageiros pagantes é inferior ao de transportados. Mas os recordes, positivos e negativos, naturalmente, coincidem.
Num sistema como o de Curitiba, em que há integração – em terminais, principalmente –, o número de passageiros pagantes é inferior ao de transportados. Mas os recordes, positivos e negativos, naturalmente, coincidem.
De 2000 a 2015
Carros
93%
Motos
243%
Passageiros de
ônibus transportados
-18%
Fonte: Detran e Urbs.
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