13/09/2021 Folha de S. Paulo Notícias da Imprensa
Foto: Danilo Verpa/FolhapressFolha
de S. Paulo – Há dez anos, o então governador Geraldo Alckmin (PSDB) assinava
em Paraisópolis (zona sul de SP) o contrato de implantação da linha 17-ouro
para construir o monotrilho do metrô.
O bairro foi
escolhido porque receberia uma das 18 estações do modal, previsto para ficar
pronto antes da Copa do Mundo de 2014, ao custo de R$ 3,1 bilhões.
A Copa se foi e até hoje
as obras não estão perto de terminar. A nova previsão é que elas acabem no fim
do ano que vem, ao custo de R$ 4,5 bilhões. Nesse primeiro trecho, serão apenas
oito estações —sem previsão se um dia haverá a tão esperada estação de
Paraisópolis.
Menor e
proporcionalmente mais caro que o plano original, o traçado dessa primeira
etapa conecta o Morumbi ao aeroporto de Congonhas. A previsão dos especialistas
é que os primeiros meses após a inauguração devem ser imprevisíveis —isso
porque a nova linha usa uma tecnologia diferente das que funcionam atualmente
no Brasil.
Na época do anúncio
do monotrilho, modelo então desconhecido no país, o modal era uma promessa de
obra rápida e barata. Espécie de trem com rodas que anda sobre uma estrutura
elevada, ele virou sinônimo de obra parada para os paulistanos que há uma
década passam por ela.
Hoje, o modelo é
bastante criticado, tanto pelas falhas onde foi implantado quanto pelo baixo
custo-benefício.
A previsão é que a
linha 17-ouro atenda 165.220 passageiros por dia útil em 2023, segundo dados do
Metrô. Com uma extensão parecida ao do monotrilho, por exemplo, o corredor de
ônibus Berrini atende 169 mil pessoas por dia, segundo dados da SPTrans.
A diferença é que os
corredores de ônibus são muito mais baratos, mesmo no caso dos BRTs.
Contando os 7,8 km de
extensão de obras (e não apenas os 6,7 km operacionais), o custo por quilômetro
da linha 17 é de cerca de R$ 580 milhões. Embora os preços variem, um BRT,
espécie de corredor de ônibus de qualidade superior, poderia ser feito por
cerca de R$ 100 milhões/km, afirmam especialistas ouvidos pela reportagem.
Já um metrô tem custo
variado, oscilando entre cerca de R$ 750 milhões para uma unidade de superfície
até por volta de R$ 1,7 bilhão no caso de equipamento subterrâneo, de acordo
com estimativas de técnicos —ele, porém, tem pelo menos o dobro de capacidade
de um monotrilho.
Após a assinatura do
contrato da linha 17 em 30 de julho de 2011, as obras começaram em 2012. Em
2014, uma morte foi registrada nos trabalhos, quando uma viga caiu sobre
operário, iniciando um período de percalços durante as obras.
Ao longo dos anos,
viveu uma rotina de paralisações ou quase paralisações, tanto por questões
judiciais quanto por problemas envolvendo as empresas.
Secretário de
Transportes Metropolitanos na gestão Geraldo Alckmin, Clodoaldo Pelissioni cita
uma série de imbróglios que afetaram o cronograma das obras.
“Nós procuramos dar
um encaminhamento correto dentro da lei para que as obras fossem concluídas e
tivemos contratempos. Empreiteiras envolvidas na Lava Jato, Justiça negando um
acordo que até o promotor concordou, a questão da desistência da fornecedora de
trens [a malasiana Scomi] e nós deixamos tudo encaminhado para que próxima
gestão pudesse dar o encaminhamento”, disse, acrescentando que no período
avançaram obras da linha 5-lilás, 4-amarela e 15-prata.
Em 2019, já na gestão
João Doria (PSDB), o Consórcio Monotrilho Integração, liderado pela Andrade
Gutierrez, foi retirado da obra por não cumprir o cronograma e multado em R$ 88
milhões.
Em dezembro do ano
passado, o governador anunciou a retomada dos trabalhos com prazo de término
até dezembro de 2022. A obra é dividida em diferentes contratos, sendo os três
principais de fornecimento de trens, de construção especificamente da estação
Morumbi e de construção civil.
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