15/06/2016 - O Globo
Diante da possibilidade de o governo do estado não terminar as
obras da Linha 4 do metrô (Ipanema-Barra) a tempo para os Jogos Olímpicos, a
prefeitura já pensa em alternativas. Ontem, o secretário-executivo de
Coordenação de Governo, Rafael Picciani, confirmou medidas para um plano B,
incluindo serviços de BRT entre a Barra e a Zona Sul, mudanças nas faixas de
trânsito exclusivas para a família olímpica e a possibilidade de criação de
novos feriados durante o evento.
Enquanto essas estratégias são elaboradas, o presidente interino
Michel Temer disse ontem não estar equacionada a ajuda financeira da União ao
estado para finalizar as obras, o que acabou aumentando as dúvidas sobre o
cumprimento dos prazos. Em visita ao Parque Olímpico, Temer afirmou ter
conversado sobre o assunto com o governador interino Francisco Dornelles, mas
que só poderá falar sobre valores e avançar no tema semana que vem.
Apesar de ainda não haver uma solução para o metrô, Picciani disse
estar confiante numa saída. Segundo ele, o plano de contingência já seria
elaborado independentemente do risco de a Linha 4 não ficar pronta. De modo
geral, é parecido com a operação montada para a saída do público do Parque
Olímpico de madrugada, quando os espectadores poderão ir de BRT até o Centro,
embarcando em oito plataformas temporárias.
Trajeto pela autoestrada
No plano B, no entanto, a complexidade é maior. Além dos 158 ônibus
articulados já reservados para os serviços olímpicos, podem ser deslocados
coletivos comuns, de BRTs como o Transoeste. O BRT temporário ligaria a Barra
provavelmente a Ipanema ou Leblon, a pontos como o Jardim de Alah ou as praças
Antero de Quental e General Osório. Nesse caminho, a faixa olímpica da conexão
Barra-Zona Sul seria mudada da Avenida Niemeyer para a Autoestrada Lagoa-Barra
e o Túnel Zuzu Angel.
— Certamente haveria um impacto maior no trânsito. Isso exigiria
que o prefeito Eduardo Paes utilizasse alguns dispositivos do pacote olímpico,
como a possibilidade de decretar feriados em datas específicas, ainda não
previstas pela prefeitura — disse Picciani.
Caso essas alternativas sejam necessárias, informou, na Zona Sul os
ônibus articulados circulariam pelas vias com BRS. Ao mesmo tempo, linhas
regulares poderiam sofrer alterações.
— Já temos prontas as premissas do plano. Mas os detalhes
operacionais, como os pontos de parada, ainda precisam ser refinados — disse
Picciani, ressaltando que possíveis modificações no trânsito serão informadas
em plataformas como o site que a prefeitura lançará esta semana sobre a cidade
olímpica e em aplicativos como o Waze.
Antes de o secretário confirmar as ideias para o plano B, Temer
havia afirmado, em sua visita ao Rio, que o governo federal está finalizando os
estudos financeiros sobre a Linha 4. Num breve pronunciamento numa das arenas
esportivas, ele reiterou que o governo federal ajudará o estado não só no
discurso, mas com dinheiro.
— Combinei com o governador Dornelles, e vamos ter uma conversa,
logo mais adiante, para equacionarmos em definitivo essa questão — disse ele,
lembrando a visibilidade que a Olimpíada do Rio terá no mundo. — Sabemos que
cinco bilhões de pessoas acompanharão os Jogos e terão os olhos voltados para o
nosso país. Vamos colaborar não apenas com palavas, mas também nas necessidades
de natureza financeira.
Dornelles reafirmou que uma das propostas do estado é saldar as
dívidas com o Tesouro Nacional e com organismo internacionais por meio de um
empréstimo de R$ 1 bilhão do Banco do Brasil, já aprovado pelo Conselho
Monetário Nacional e autorizado no Senado. Assim, o Rio poderia tomar novos
empréstimos.
Estado está inadimplente
Hoje, como o estado está inadimplente com a União e bancos
internacionais, não pode contratar operações de crédito. Um desses
financiamentos, de R$ 989 milhões e que é primordial para concluir as obras do
metrô, ainda depende de o Rio comprovar que está adimplente com o governo
federal, para ter o aval do Ministério da Fazenda e do BNDES.
Na passagem de Temer pelo Rio, ele teve uma reunião privada com
Dornelles e Paes, que foi o porta-voz de uma série de pleitos. Entre eles, pediu
ao governo federal que faça o possível para auxiliar na liberação dos recursos
para o metrô. E requisitou que o limite de endividamento do estado seja
ampliado de forma a assegurar o pagamento do funcionalismo.
Segundo a Secretaria estadual de Transportes, as obras do metrô não
estão paradas. A pasta não deu uma previsão, no entanto, de quanto tempo poderá
manter o ritmo atual de obras, aguardando a decisão de Temer. Enquanto isso, o
estado apresentará hoje a estação de São Conrado da Linha 4, com as obras civis
e os serviços de acabamento concluídos.
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