terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Legado olímpico tem mobilidade com obras atrasadas e instalações fechadas

Obra do BRT Transbrasil está parada há 7 meses e prefeitura diz rever contratos. Metrô na Gávea tem 42% de andamento e estado em crise busca recursos para conclusão.
 Estacioamento da PUC-RJ virou canteiro de obras da estação Gávea

Por Káthia Mello, G1 Rio
07/02/2017 05h00  Atualizado há 1 hora
Estacionamento da PUC virou canteiro de obras (Foto: Matheus Rodrigues/G1)
Passados cerca de cinco meses dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro, instalações da Rio 2016 mostram sinais de abandono e obras de mobilidade caminham a passos lentos. O G1 faz um balanço nesta terça-feira (7) do legado para a cidade e sua população.

Linha 4
A Linha 4, ligação de Ipanema, na Zona Sul, até a Barra da Tijuca, na Zona Oeste, foi considerada o maior legado de mobilidade da cidade. Depois de quase 30 anos de espera, o carioca viu sair do papel a ligação, às vésperas dos Jogos. A inauguração foi com atendimento exclusivo ao público olímpico, com entrega à população em setembro, um mês depois.

O projeto tinha seis estações exclusivas. No entanto, apenas cinco delas foram concluídas: Jardim Oceânico, São Conrado, Antero de Quental, Jardim de Alah e Nossa Senhora da Paz.

A estação na Gávea – uma espécie de apêndice no percurso – já era prevista para depois, para o primeiro semestre de 2017. Mas a estação está com 42% dos serviços de escavação concluídos e a previsão é que seja inaugurada no final de 2018. A crise do estado ainda pode causar novos atrasos.

Para terminar a obra, serão necessários cerca de R$ 500 milhões e o governo busca fontes de recursos. Procurado pelo G1, o governo informou que o detalhamento do projeto está em elaboração.
Na tarde desta segunda-feira (6), a equipe de reportagem esteve no canteiro de obras, que ocupa parte do estacionameto da Pontifícia Universidade Católica (PUC). O local está cercado por tapumes e poucos funcionários circulavam pelo canteiro. Havia carros parados no espaço e material da obra, mas nenhum sinal de execução.

A estação Gávea foi a última das estações da Linha 4 a começar a ser construída. A instalação do canteiro de obras começou em julho de 2013.

No total, o investimento na Linha 4 é de R$ 9,7 bilhões, em recursos público e privado. O modal tem transportado, em média, 110 mil passageiros por dia.

BRTs

Transbrasil
A construção do último corredor do projeto do BRT, a Transbrasil, está parado desde agosto do ano passado, quando foi interrompida para a Olimpíada. A Secretaria de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação informou que está traçando um plano de ação de retomada das obras. De acordo com a prefeitura, foram encontrados problemas nos contratos assinados pela gestão do ex-prefeito Eduardo Paes.

Segundo a secretaria, o contrato assinado pela prefeitura era referente ao trecho que liga o bairro de Deodoro à Passarela 2 da Avenida Brasil, no Caju. Ainda de acordo com a secretaria, em setembro de 2016 a antiga gestão da prefeitura autorizou a retomada das obras, mas o Consórcio não cumpriu a determinação de reiniciar. As empresas formadoras deste consórcio cobram valores que não estavam previstos no contrato, que está sendo revisto.

De acordo com o site do Tribunal de Contas do Município (TCM), o contrato firmado com o Consórcio Transbrasil (formado pelas construtoras Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão) informa que o prazo original para a entrega do corredor é 12 de maio de 2017, com custo estimado em quase R$ 1,5 bilhão. Até agora só foram construídos 47% da obra, segundo a prefeitura. O valor total a empenhar é de R$ 630 milhões.

Enquanto a obra não é retomada, os canteiros estão abandonados com lixo e água da chuva acumulada, como mostrou reportagem do RJTV. Moradores de rua também foram flagrados em barracos em cima do viaduto que já está pronto e foi planejado para ligar o corredor expresso da Avenida Brasil. Pelo projeto original, o corredor Transbrasil tem 32 km de vias expressas que poderão reduzir em 40% o tempo de viagem no trajeto.

Uma pesquisa realizada pelo Datafolha após os Jogos 2016, revelou que 89% dos passageiros apontaram a economia de tempo como a principal vantagem de usar o sistema integrado. O levantamento mostrou que 76% usa os corredores para ir ou voltar do trabalho.

Atualmente, o Rio tem três corredores exclusivos: Transoeste, o primeiro a ser implantado, Transcarioca, obra de modalidade para a Copa 2014 e por último a Transolímpica, inaugurado em julho de 2016, com 26 km de extensão e cruzando 11 bairros da Zona Oeste do Rio, ligando o Parque Olímpico, na região da Barra, ao Complexo Esportivo de Deodoro. Durante a Olimpíada ( entre 5 e 18 de agosto), o BRT transportou mais de 9 milhões de passageiros.

Nova linha do VLT começou a circular nesta segunda-feira no Centro do Rio

VLT
Com atraso de cerca de cinco meses, começou a circular a circular nesta segunda-feira (6) a segunda opção de rota do VLT no Centro da cidade: trecho entre Praça XV e Saara. A conclusão dessa etapa, com o VLT chegando da rodoviária Novo Rio passando pela Central do Brasil, só no fim do primeiro semestre. As obras seguem na região. Atualmente, a Light está concluindo trabalhos para que seja feita a energização dos trilhos e a construção da estação, segundo a prefeitura. E só no final de 2017 ficará pronta a etapa da Avenida Marechal Floriano.

No trecho Praça XV e Saara, o VLT vai circular das 8h às 14h até o dia 12 de fevereiro. E como aconteceu no primeiro trecho ( rodoviária e aeroporto), viajar no VLT será gratuito. A partir do dia 13 de fevereiro, das 6h à meia noite, haverá cobrança de tarifa.

O primeiro trecho do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) foi inaugurado dois meses antes do início dos Jogos Olímpicos. O trecho entre a Rodoviária e o Aeroporto Santos Dumont, também marcou a repaginação da nova Avenida Rio Branco e do novo Passeio Público. Em oito meses, são mais de 5,5 milhões de passageiros transportados, com média superior a 30 mil por dia.

Atualmente, o VLT circula diariamente entre 17 paradas, com intervalos de oito a 20 minutos, e 17 trens.

A implantação do sistema do VLT Carioca tem custo de R$ 1,157 bilhão, sendo R$ 532 milhões com recursos federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade, e R$ 625 milhões viabilizados por meio de uma parceria público-privada (PPP) da Prefeitura do Rio. A previsão é beneficiar 300 mil passageiros por dia com a integração com metrô, trens, barcas, BRT e o teleférico da Providência.

Moradores e turistas reclamam da falta de aproveitamento do Parque Olímpico

Parque Olímpico
Cinco meses depois dos Jogos 2016, a estrutura do Parque Olímpico, coração dos Jogos ainda é pouco usada. Aberto desde janeiro como área de lazer nos finais de semana, o espaço que chegou a receber 100 mil pessoas por dia nos Jogos mostra sinais de abandono.
Piscina no Parque Olimpico da Barra da Tijuca (Foto: Reprodução/TV Globo)
G1 percorreu o espaço do parque no sábado (4) e encontrou caixas de equipamento elétrico – cujos avisos mostram a passagem de uma corrente de 380 volts – protegidas por uma grade metálica que pode ser removida com facilidade. Além disso, tela da artista Adriana Varejão que cobre o Parque Aquático está rasgada, a fiação em alguns pontos está exposta e as calçadas quebradas.

Os espaços que receberam as competições olímpicas e paralímpicas também estão sem uso. As arenas estão sendo cuidadas por uma empresa, contratada pela Prefeitura do Rio em novembro, ainda no governo de Eduardo Paes, para fazer a operação e manutenção. Todas ficam lacradas e só são abertas raramente, quando há eventos esportivos. A Guarda Municipal é responsável por cuidar das áreas comuns.


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