13/02/2017 - G1
Nove das 15 novas composições do Trensurb estão parados há
10 meses devido a problemas mecânicos, como mostra reportagem do RBS Notícias
(veja no vídeo). Além de ter de usar os vagões antigos, sem ar-condicionado, os
passageiros relatam episódios de violência devido à ausência de câmeras de monitoramento,
ao contrário dos veículos novos. Cerca de 200 mil pessoas usam o serviço
diariamente.
As novas composições, que têm câmeras e ar-condicionado,
começaram entrar em operação em 2014. No entanto, no dia 7 de abril de 2015, um
dos novos vagões descarrilou e bateu em uma plataforma, deixando uma multidão
de passageiros sem poder voltar para casa.
Cerca de um ano depois, uma infiltração no sistema de
rolamentos foi percebida durante uma manutenção preventiva. A Trensurb decidiu
tirar de circulação as 15 composições, deixando apenas os vagões antigos em
funcionamento.
Segundo a Trensurb, os trens estão parados para fazer uma
adequação técnica no rolamento de cada composição. Durante uma investigação
técnica, foi constatado que os rolamentos permitiam a entrada de umidade. O
reparo foi realizado em seis dos 15 trens. A empresa que gere o modal emprestou
as oficinas para a fabricante fazer a troca.
O Ministério Público Federal (MPF) diz ter multado os
fornecedores em R$ 4 milhões, e fechado um acordo com a empresa que gere o
modal, para que toda a frota adquirida por R$ 243 milhões entre em circulação
até o dia 20 de maio.
"Se não houver esse cumprimento, cabe uma ação do
Ministério Público até para cobrar alguma indenização para os usuários por esse
prejuízo que eles estão tendo", diz o procurador do MPF Celso Três.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) também
abriu uma investigação sobre um suposto cartel – a combinação de preços entre
as empresas concorrentes – na compra dos trens. Enquanto isso, os passageiros
que usam os trens da frota antiga contam que, devido à ausência de câmeras de
monitoramento, viraram alvo de bandidos.
"Tem arrastão às vezes no trem e eles não fazem nada.
Os caras vão nos trens que não têm câmeras, fazem arrastão e levam
celulares", conta o pintor Antony Camargo.
A auxiliar de cozinha Rosane da Rosa relatou um caso
semelhante. "Entraram dentro do trem e fizeram arrastão", conta,
descrevendo a ação de um dos bandidos: "Foi tirando bolsa e celular das
pessoas, e depois saiu no meio do pessoal. A polícia não fez nada."
A Trensurb informou que tem câmeras em todas as estações e
mantém seguranças fixos nas mais movimentadas. "Trabalhamos com a Polícia
Civil, fornecendo imagens para o inquérito policial", acrescenta o chefe
de operações da empresa, Juliano Boeck.
A reportagem procurou a Alston, fornecedora dos trens, mas a
multinacional não se manifestou sobre o caso até a publicação da reportagem
pela RBS TV.
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