16/12/2016 - O Globo
Anunciado nesta quinta-feira pelo prefeito eleito
Marcelo Crivella como futuro secretário municipal de Transportes, o
engenheiro Fernando Mac Dowell, um dos responsáveis pela implantação do metrô
do Rio no fim da década de 70, aposta na municipalização do sistema como forma
de ampliar o número de usuários do serviço. Vice-prefeito eleito, ele
acrescentou que analisa a possibilidade de reduzir para 40 quilômetros por hora
a velocidade máxima dos ônibus que circulam atualmente pelos corredores de BRS.
A lista de projetos para a nova gestão inclui ainda a redução do valor da
tarifa (hoje a R$ 3,80) dos BRTs.
A ideia de Mac Dowell é que as
linhas 1, 2 e 4, operadas pela concessionária Metrô Rio, passem a receber
orientações da prefeitura e não mais do estado, como acontece hoje. A operação
do sistema é fiscalizada pela Agência Reguladora dos Serviços Públicos Concedidos
de Transportes (Agetransp). Para o futuro secretário, a criação da Linha 1-A
(que permitiu que as composições da Linha 2 circulem entre Pavuna e Botafogo)
acabou criando um gargalo no serviço.
— Além disso, foi dispensado
todo o sistema de pilotagem automática da Linha 2. Isso não pode. Então, quero
arrumar algumas coisas — afirmou o engenheiro. — Estamos estudando a
possibilidade de a prefeitura assumir o metrô do Rio. O metrô está com a
capacidade menor por limitações operacionais. Eu poderia ter 1,78 milhão de
passageiros no sistema, que hoje atende cerca de 700 mil por dia.
REDUÇÃO DE INTERVALOS
Na avaliação de Mac Dowell, os
trens que circulam tanto na Linha 1 como na 2 perdem em velocidade comercial.
Como a Linha 2 não é automatizada, isso obriga os condutores a trafegarem mais
lentamente, no trecho da Pavuna até a Praça Onze, que no restante da viagem na
Linha 1, operada com piloto automático. A ideia seria que as composições da
Linha 1 não circulassem no outro trecho. Isso faria com que os intervalos
fossem menores, ampliando a oferta de assentos.
Hoje, entre Central e
Botafogo, o intervalo é de dois minutos e 15 segundos. Fora desse trecho, em
horários de pico, os trens passam a cada quatro minutos e 30 segundos.
A proposta para o metrô, no
entanto, não foi bem recebida pelo estado. O secretário estadual de
Transportes, Rodrigo Vieira, disse que o governo tem interesse em discutir
parcerias com a futura administração, inclusive a municipalização de alguns
serviços, mas não em repassar a gestão estratégica do metrô para a prefeitura.
— O estado tem interesse em
buscar soluções para ampliar o metrô até a Alvorada, o Recreio e Jacarepaguá ou
a Gávea (conclusão da Linha 4), por exemplo. Pensamos ainda em municipalizar a
operação de serviços aquaviários (Praça Quinze-Paquetá e Praça Quinze-Ilha do
Governador), o teleférico do Alemão e os bondes de Santa Teresa. Porém,
entendemos que em nenhum lugar do Brasil o metrô é municipal. A gestão ou é
estadual ou é federal, por exigir aportes grandes de investimentos — ressaltou
Vieira.
TARIFA MAIS BAIXA NOS BRTs
Segundo Rodrigo Vieira, o
futuro secretário municipal de Transportes ainda não o procurou para discutir
as parcerias. Já a Metrô Rio preferiu não se manifestar sobre a ideia de Mac
Dowell, por entender que é apenas a concessionária do serviço.
A Linha 1-A foi implantada
como parte de um acordo firmado pelo ex-governador Sérgio Cabral com o
consórcio que opera o metrô, em 2007, prorrogando por 20 anos (de 2018 para
2038) a concessão do sistema. Em troca, uma série de investimentos no sistema
foi anunciada pela operadora. Entre eles, estava a compra de novos trens. A
concessionária também arcou com a implantação da ligação direta entre as linhas
1 e 2 (de São Cristóvão à Central do Brasil) e a construção da estação Cidade
Nova. O novo trecho foi aberto em 2011.
Quanto aos BRTs, Mac Dowell
estuda se caberia cobrar pelas viagens uma tarifa menor que a do bilhete único
(R$ 3,80). Segundo ele, os quatro consórcios de empresas de ônibus do Rio que
operam em pool os BRTs têm um lucro maior nesses corredores exclusivos, sem que
isso se reflita no preço das passagens:
— Estamos examinando a tarifa
dos BRTs. Os BRTs têm um custo operacional 31% mais baixo, e fica por isso
mesmo? Vou discutir com as concessionárias a redução da tarifa. Não tenho nada
contra o BRT. O que tenho contra é não passar os benefícios aos usuários. Isso
é que tem que que ser feito. Estamos fazendo os cálculos.
O futuro do BRT Transbrasil
também está sendo avaliado pela futura equipe de transportes. O corredor
expresso de ônibus entre Caju e Deodoro começou a ser construído na atual
administração, mas está com obras paralisadas desde julho, quando faltavam
executar cerca de R$ 500 milhões em serviços. Mac Dowell praticamente descartou
a possibilidade de uma ampliação futura do Transbrasil até o Centro. A ideia
constava do projeto original da prefeitura.
— Vamos estudar o que faremos
com o BRT Transbrasil. Esse BRT foi feito muito em cima da SuperVia. Se a
SuperVia ficar maravilhosa como está ficando, a ferrovia vai ganhar. Então
precisamos encontrar um equilíbrio, para não provocar falência — disse ele.
Por meio de nota, o consórcio
BRT Rio informou que, na contramão da análise feita por Mac Dowell, o sistema
acumula uma dívida de R$ 7,3 milhões este ano devido à queda do número de
passageiros e a um aumento de 35% dos custos. O texto ressalta que “houve uma
expansão do sistema, sem que as projeções de passageiros se concretizassem”. O
consórcio afirmou ainda que está aberto ao diálogo com as autoridades, para
garantir a qualidade do serviço.
VELOCIDADE MENOR NO BRS
Para o BRS, a ideia de Mac
Dowell é reduzir a velocidade a 40km/h:
— Os ônibus não podem trafegar
na velocidade louca que estão trafegando. A velocidade tem de ser reduzida.
Hoje está muito alta. Chega a 70, 80 quilômetros por hora. Se o motorista perde
a direção, faz strike com as pessoas. Quarenta quilômetros por hora é a
velocidade factível.
Minha modesta opinião é que o Fernando MacDowell deveria deixar que outro ocupasse a secretaria de Transportes. Secretário de Transpórtes do município fica brigando com dono de empresa de ônibus, botando e tirando pardal, rebocando carro mal estacionado, cuidando de táxi, uber e das confusões com e entre eles, tendo problema com caminhão de entrega. Isso não é para alguém do nível dele. É para coronel aposentado da PM. Rame-rame do tático e operacional vai dificultar a atuação estratégica. O Rio precisa entrar e atuar como protagonista principal na gestão dos transportes na região metropolitana, precisa municipalizar o metrô, precisa ter regras mais claras sobre outras formas de mobilidade urbana (a das empresas, por exemplo, que mudam de endereço sem ter qualquer compromisso com o impacto que isso traz ao sistema de transportes), coisas muito mais importantes. Quem será que o Crivella vai colocar para fazer isso? É função de Vice-Prefeito, com letras maiúsculas.
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