11/11/2016 - Valor
Econômico
Pagar a passagem de ônibus ou
trem apenas encostando o cartão de crédito ou débito em um sensor, aumentar o
tempo de espera dos veículos no semáforo para o pedestre atravessar a rua com mais
segurança e descobrir pelo smartphone não apenas o horário em que o ônibus vai
passar no ponto, mas eventuais contratempos no trajeto do coletivo e que podem
provocar atrasos. Tudo isso já é possível nas grandes cidades brasileiras
graças às inovações tecnológicas que facilitam a mobilidade urbana e o
dia-a-dia do cidadão em seus deslocamentos.
Em São Paulo, há um mês os
passageiros da linha 376 (Diadema-Brooklin) da Empresa Metropolitana de
Transportes Urbanos (EMTU) podem embarcar apenas encostando o cartão de crédito
ou débito em um aparelho ao lado da catraca do ônibus. O objetivo é oferecer
mais opções de pagamento e aumentar a agilidade no embarque.
"A pessoa paga a passagem
da forma mais conveniente para ela", diz Rubens Gil Filho, CEO da Autopass,
empresa responsável pela tecnologia. O público alvo é aquele que efetua o
pagamento em dinheiro, já que o sistema não contempla a integração oferecida
pelo governo do Estado e pela Prefeitura de São Paulo através do bilhete único
- ao transferir de veículo, a pessoa tem de pagar uma nova passagem integral.
A Autopass também é
responsável pela implantação em São Paulo de outro modelo, o QR Code -
semelhante aos utilizados nos bilhetes emitidos pelas empresas aéreas. No
futuro, a ideia é que a catraca seja liberada ao aproximar o celular com o
código, prática cada vez mais comum nos aeroportos. O Code já funciona em fase
piloto na Estação Tamanduateí da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos
(CPTM) e deve ser expandido a outras cinco estações da CPTM até dezembro.
Um dos maiores problemas para
pessoas com mobilidade reduzida nas grandes cidades é o tempo curto do semáforo
de pedestres. Em Curitiba, a prefeitura criou o cartão Respeito, que aumenta em
até 50% o tempo de sinal aberto para travessia de pedestres em semáforos da
capital paranaense. O cartão, gratuito, é distribuído às pessoas com mobilidade
reduzida, como deficientes físicos e idosos. Ao encostá-lo em um dos 150
semáforos inteligentes espalhados pela cidade, o sinal fica fechado aos veículos
por mais alguns segundos além do tempo programado e a pessoa pode atravessar a
via de maneira segura.
Quando o assunto é inovação
tecnológica a serviço do cidadão, os aplicativos exercem papel de destaque.
"A circulação de informações para a tomada de decisões é facilitada pelas
tecnologias digitais", diz a administradora pública e doutora em urbanismo
Ana Carla Fonseca, diretora da Garimpo de Soluções, empresa de projetos e
estudos para as cidades.
É cada vez maior o número de
pessoas que preferem deixar seus carros em casa e utilizar os serviços de táxi
ou Uber para circular pela cidade, a trabalho ou lazer. "As pessoas estão
se desapegando de ter um carro próprio e valorizando mais outras formas de
deslocamento", diz o gerente de relações-públicas da 99, Ricardo Kauffman.
Pesquisa interna da empresa
aponta que mais de 35% dos usuários do aplicativo de táxi planejam, em algum
momento, vender seus carros e se locomover apenas por aplicativos. Diante
disso, a 99 prepara novidades, como a inscrição para o cadastro de táxis
"tuk tuk" - triciclos motorizados com capacidade para dois
passageiros.
Com preço bem mais acessível
do que os táxis comuns (menos de 50% em comparação à corrida normal), o
objetivo do tuk tuk é ampliar a base de passageiros e contemplar corridas
curtas e em ruas estreitas. Previsto para começar a operar em janeiro, as
primeiras cidades que devem oferecer o modelo são Manaus e Rio de Janeiro.
Quem utiliza o transporte
coletivo também dispõe de aplicativos que ajudam na locomoção. No Moovit, as
informações vão além dos dados fornecidos pelas empresas ou órgãos públicos. A
rede é alimentada com notícias prestadas pelos próprios usuários. "Como o
sistema de transporte é um organismo vivo e está mudando o tempo todo, contamos
também com a contribuição em tempo
real para reportarem
acidentes, por exemplo", explica o country manager da Moovit no Brasil,
Pedro Palhares. De origem israelense, no Brasil a ferramenta atinge mais de 13
milhões de usuários em cerca de cem cidades, como São Paulo, Rio, Porto Alegre
e Belo Horizonte.
Até o início do próximo ano,
parte da frota da AES Eletropaulo deve ser composta por alguns carros e
caminhões elétricos. Para isso, a empresa fez uma parceria com a chinesa BYD,
uma das principais fabricantes mundiais de carros elétricos. "A proposta é
desenvolvermos um trabalho de co-criação", explica a presidente da AES
Ergos, Teresa Vernaglia.
Nesse sentido, a Eletropaulo
entra com todo o aparato e a experiência em energia elétrica e infraestrutura,
enquanto a BYD fornece modelos de veículos e utilitários elétricos. No futuro,
a parceria também deve ser estendida a empresas de transporte público. "Há
uma janela de oportunidades muito grande", diz Teresa, referindo-se ao
transporte movido por energias renováveis.
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