terça-feira, 8 de novembro de 2016

Vagões do VLT de Cuiabá seguem sem manutenção

Governo de Mato Grosso denuncia que Consórcio não tem feito manutenção dos veículos e que os materiais do VLT, sem uso e expostos às intempéries, sofrem desgaste

FonteDiário de Cuiabá  |  Autor: Aline Almeida  |  Postado em: 07 de novembro de 2016



Obra do VLT, há quase dois anos parada, segue sem definição
créditos: Edson Rodrigues/Secopa

Meio bilhão de reais “às moscas” e enferrujando. Esta é a realidade do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá. O valor é referente apenas aos 40 vagões que deveriam estar rodando desde a Copa do Mundo de 2014. Mas, assim como o restante da obra física – trilhos, estações -, os carros seguem parados. E para agravar ainda mais a situação, as manutenções nos veículos não estão sendo realizadas e os materiais seguem desgastando pela própria natureza e até mesmo por não rodar. 

A denúncia é da Secretaria de Estado de Cidades (Secid), que destaca em relatório que a manutenção dos carros é de responsabilidade do Consórcio VLT. Mensalmente, a Secretaria Adjunta de Obras da Baixada Cuiabana (Saobc) emite relatório sobre a situação das composições e dos canteiros de obra. “Desde o último relatório divulgado à imprensa, em junho de 2016, até o do mês de outubro, não houve avanços quanto às manutenções”, destacou a Secid. 

A secretaria complementou ainda que os relatórios são encaminhados mensalmente para o Consórcio VLT com notificações sobre tal situação. O documento também é encaminhado ao Ministério Público de Mato Grosso, Tribunal de Contas e Procuradoria Geral do Estado. “Porém, não cabe a Secid-MT aplicar multa ao Consórcio, tendo em vista que processo do VLT encontra-se judicializado”, destacou. 

A obra do modal está prestes a completar dois anos parada e segue sem definição. O imbróglio, um dos maiores referentes às obras da Copa – se não o maior -, segue com contrato suspenso pela Justiça Federal. As movimentações nos canteiros – obra física – encerraram em dezembro de 2014 e, de lá para cá, nada foi feito. 

Somente nos 40 vagões foram gastos R$ 500 milhões, mas os carros não saíram dos lugares. Os vagões que acomodariam em média 400 pessoas tinha como promessa promover mudanças no trânsito das duas cidades, Cuiabá e Várzea Grande. Além de desafogar o trânsito, a viagem e a espera diminuiriam e consequentemente a satisfação do usuário do transporte aumentaria, já que essas são as maiores reclamações. 

Enquanto isso, principalmente em Várzea Grande, as “cicatrizes” ficaram expostas. Os canteiros foram tomados por mato, lixo e em período chuvoso viram “piscinas”, servindo de criadouros para o mosquito Aedes aegypti. 

Sem acordo
As obras do modal de transporte estavam orçadas inicialmente em R$ 1,477 bilhão e já consumiram R$ 1,06 bilhão dos cofres públicos. Num processo que corre junto à Justiça Federal a situação também segue emperrada. O imbróglio aumenta porque um relatório de estudo contratado pelo governo apontou que devem ser gastos mais R$ 602 milhões dos cofres públicos para a implantação do VLT. O consórcio responsável pela obra, no entanto, pediu mais R$ 1,3 bilhão para entregar o modal de transporte. As partes chegaram a se reunir em diversas ocasiões, mas ainda no primeiro semestre deste ano, sem soluções sólidas, as conversações pararam. 

O VLT deve ter dois eixos, em Cuiabá e em Várzea Grande. Um é do Aeroporto Marechal Rondon até o CPA (Centro Político Administrativo); e o outro entre o Coxipó e o centro. O projeto contempla 22 km de trilhos a serem percorridos. 

Outro lado
O Consórcio VLT, por meio de nota, informou que as manutenções estão sendo realizadas normalmente. Frisou ainda que a atividade começou com a chegada dos vagões, no início de 2014, e seguirá até o final do contrato, conforme plano de manutenção entregue à extinta Secopa. “Os serviços de manutenção se destinam a preservar a confiabilidade e evitar avarias nos equipamentos, por meio de procedimentos de simulação de uso comercial, além de garantir a segurança e a integridade das unidades”, confirmou. 


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