Governo de Mato
Grosso denuncia que Consórcio não tem feito manutenção dos veículos e que os
materiais do VLT, sem uso e expostos às intempéries, sofrem desgaste
Fonte: Diário de Cuiabá | Autor: Aline
Almeida | Postado em: 07 de novembro de 2016
Obra do VLT, há quase dois anos parada,
segue sem definição
créditos:
Edson Rodrigues/Secopa
Meio bilhão de reais “às moscas” e
enferrujando. Esta é a realidade do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá.
O valor é referente apenas aos 40 vagões que deveriam estar rodando desde a
Copa do Mundo de 2014. Mas, assim como o restante da obra física – trilhos,
estações -, os carros seguem parados. E para agravar ainda mais a situação, as
manutenções nos veículos não estão sendo realizadas e os materiais seguem
desgastando pela própria natureza e até mesmo por não rodar.
A denúncia é da Secretaria de Estado
de Cidades (Secid), que destaca em relatório que a manutenção dos carros é de
responsabilidade do Consórcio VLT. Mensalmente, a Secretaria Adjunta de Obras
da Baixada Cuiabana (Saobc) emite relatório sobre a situação das composições e
dos canteiros de obra. “Desde o último relatório divulgado à imprensa, em junho
de 2016, até o do mês de outubro, não houve avanços quanto às manutenções”,
destacou a Secid.
A secretaria complementou ainda que
os relatórios são encaminhados mensalmente para o Consórcio VLT com
notificações sobre tal situação. O documento também é encaminhado ao Ministério
Público de Mato Grosso, Tribunal de Contas e Procuradoria Geral do Estado.
“Porém, não cabe a Secid-MT aplicar multa ao Consórcio, tendo em vista que
processo do VLT encontra-se judicializado”, destacou.
A obra do modal está prestes a
completar dois anos parada e segue sem definição. O imbróglio, um dos maiores
referentes às obras da Copa – se não o maior -, segue com contrato suspenso
pela Justiça Federal. As movimentações nos canteiros – obra física – encerraram
em dezembro de 2014 e, de lá para cá, nada foi feito.
Somente nos 40 vagões foram gastos R$
500 milhões, mas os carros não saíram dos lugares. Os vagões que acomodariam em
média 400 pessoas tinha como promessa promover mudanças no trânsito das duas
cidades, Cuiabá e Várzea Grande. Além de desafogar o trânsito, a viagem e a
espera diminuiriam e consequentemente a satisfação do usuário do transporte
aumentaria, já que essas são as maiores reclamações.
Enquanto isso, principalmente em
Várzea Grande, as “cicatrizes” ficaram expostas. Os canteiros foram tomados por
mato, lixo e em período chuvoso viram “piscinas”, servindo de criadouros para o
mosquito Aedes aegypti.
Sem acordo
As obras do modal de transporte
estavam orçadas inicialmente em R$ 1,477 bilhão e já consumiram R$ 1,06 bilhão
dos cofres públicos. Num processo que corre junto à Justiça Federal a situação
também segue emperrada. O imbróglio aumenta porque um relatório de estudo
contratado pelo governo apontou que devem ser gastos mais R$ 602 milhões dos
cofres públicos para a implantação do VLT. O consórcio responsável pela obra,
no entanto, pediu mais R$ 1,3 bilhão para entregar o modal de transporte. As
partes chegaram a se reunir em diversas ocasiões, mas ainda no primeiro
semestre deste ano, sem soluções sólidas, as conversações pararam.
O VLT deve ter dois eixos, em Cuiabá
e em Várzea Grande. Um é do Aeroporto Marechal Rondon até o CPA (Centro
Político Administrativo); e o outro entre o Coxipó e o centro. O projeto
contempla 22 km de trilhos a serem percorridos.
Outro lado
O Consórcio VLT, por meio de nota,
informou que as manutenções estão sendo realizadas normalmente. Frisou ainda
que a atividade começou com a chegada dos vagões, no início de 2014, e seguirá
até o final do contrato, conforme plano de manutenção entregue à extinta
Secopa. “Os serviços de manutenção se destinam a preservar a confiabilidade e
evitar avarias nos equipamentos, por meio de procedimentos de simulação de uso
comercial, além de garantir a segurança e a integridade das unidades”,
confirmou.
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