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quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Perdas bilionárias nos trens e metrôs

 


01/12/2021 Valor Econômico Notícias da Imprensa

Valor Econômico (Coluna) – As operadoras de metrôs e trens urbanos alcançaram em outubro o maior índice de recuperação de passageiros perdidos ao longo da pandemia. O número de usuários transportados em dias úteis representou 74% da quantidade registrada antes das medidas de distanciamento social. Há seis meses, ainda durante a segunda onda de covid-19 no Brasil, esse indicador estava em 52%.

Essa é a notícia boa no setor. Agora a ruim: as operadoras acumulam perdas tarifárias (diferença entre bilhetagem esperada e efetivamente verificada) de R$ 15 bilhões desde o início da pandemia, de acordo com a Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos). Algumas empresas não conseguem reequilibrar seus contatos e veem a recuperação total da demanda cada vez mais longe no calendário, por causa do trabalho remoto e da crise econômica. O projeto de lei que prevê um novo marco legal para o transporte público, do senador Antonio Anastasia (PSD-MG), pode ajudar. Mas está sem sinais de avanço.

Prejuízo se acumula e passageiros voltam aos poucos

“Temos vários fatores que contribuem para a recuperação dos passageiros: aumento da vacinação, volta do trabalho presencial e alta dos combustíveis, que faz muita gente optar pelo transporte coletivo”, diz o presidente do conselho da ANPTrilhos, Joubert Flores. Para ele, no entanto, a recuperação plena da demanda ainda deve demorar um pouco e talvez nem chegue. “Há especialistas que acreditam em perda permanente, de 15% a 20%, na comparação com o pré-pandemia.”

Outro aspecto que complica o cenário: as seguidas altas da energia elétrica, segundo maior custo operacional das operadoras, atrás apenas da folha de pagamento. Quase todas as empresas do setor estão no mercado livre de energia, com contratos de fornecimento de três a cinco anos, o que ameniza variações abruptas com bandeiras tarifárias e acionamento das térmicas. Mas, para renovar esses contratos em meio à escassez hídrica, vem outra paulada.

Flores explica que as operadoras vivem três situações distintas. Perdas de companhias estatais, como o Metrô de São Paulo e a CPTM, são cobertas – pelo menos parcialmente – pelo orçamento público. A conta vai para o contribuinte. Contratos de concessão ou PPPs mais recentes, como operações de mobilidade do grupo CCR (casos da Linha 4-Amarela em São Paulo ou do metrô de Salvador), têm cláusulas pelas quais o Estado paga a operadora privada quando o número de passageiros fica abaixo de certo patamar. O maior drama é é vivido por quem administra malhas concedidas na década de 1990, como a SuperVia (RJ) e o Metrô do Rio, sem compartilhamento do risco de demanda.

A SuperVia, que administra 270 quilômetros de trilhos e 104 estações, recebia 600 mil passageiros por dia antes da pandemia. Com a chegada do coronavírus, esse número caiu para 180 mil. Atualmente está em 370 mil usuários diários – 62% do que havia no começo do ano passado – no Rio e em outros 11 municípios da Baixada Fluminense. A empresa, hoje controlada pela japonesa Mitsui, imaginava recuperar os índices pré-pandêmicos no fim do ano que vem. Agora passou a previsão para os últimos meses de 2023 ou primeiros meses de 2024. Reflexo do desemprego elevado, consolidação do modelo híbrido de trabalho nos escritórios, muitas lojas e serviços fechados no centro carioca.

Em um pleito de revisão extraordinária do contrato, apresentado pela SuperVia, a agência reguladora estadual aprovou reequilíbrio econômico no valor de R$ 216 milhões. Como não caberia aumento de tarifa (que oneraria ainda mais o usuário) ou extensão contratual (porque a concessão já vai até 2048), ficou decidido um aporte do Estado. Não houve pagamento até agora. “O governo indica que está em regime de recuperação fiscal, que não permite esse tipo de aporte, mas estamos negociando”, afirma o presidente da companhia, Antônio Carlos Sanches.

O índice de reajuste no contrato é o IGP-M, que explodiu na pandemia. A tarifa teve um aumento homologado de R$ 4,70 para R$ 5,90 em fevereiro de 2021. Por ação do Estado e do Ministério Público, foi “só” para R$ 5. Nos próximos dias, a empresa de trens protocola um pedido no qual estima o direito de elevar a tarifa para mais de R$ 7 a partir de fevereiro do ano que vem. “Isso pode ser negociado? Claro que pode, mas precisamos de agilidade. De um lado, temos o investidor com insegurança jurídica. Do outro, o gestor público com medo de tomar decisões. É o apagão das canetas”, diz Sanches.

A cereja desse bolo indigesto: com o aumento da pobreza e a disparada do preço do cobre, o furto de cabos triplicou neste ano. Cabos de energia, de sinalização, tampas de bueiro, postes metálicos, relés de controle da ferrovia com bobinas que valem R$ 100 em ferros-velhos. Cada vez que isso coloca em risco a segurança dos passageiros, os trens param ou ficam mais devagar.

*Daniel Rittner
Iniciou sua carreira no Valor como trainee em 2000. Foi correspondente na Argentina e atualmente é repórter especial e trabalha na sucursal de Brasília

Fonte: https://valor.globo.com/brasil/coluna/perdas-bilionarias-nos-trens-e-metros.ghtml

 

sábado, 16 de maio de 2020

Sistemas de metrô, trens urbanos e VLT perdem 77% dos passageiros



“Uma queda de 77% da demanda diária. Desde que começaram as restrições de circulação, a perda de receita foi de R$ 1,6 bilhão e hoje o setor vive uma situação bastante delicada. Estamos buscando uma alternativa para que não haja descontinuidade do serviço”. As palavras são do presidente do conselho da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), Joubert Flores, e mostram que operadores brasileiros de sistemas de metrô, trens urbanos e VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) vivem um momento de agonia em razão da crise causada pela pandemia da covid-19.
A diminuição sem precedentes na demanda e a necessidade de se manter a prestação dos serviços ameaça a capacidade de algumas empresas cumprirem suas obrigações com funcionários e fornecedores. “Já são sete semanas desde o início das restrições. Algumas operadoras têm mais ou menos um mês de recursos para suas despesas com pessoal e manutenção. O custo do serviço é alto. Mesmo que você reduza a grade de operação, não diminui o valor gasto como energia, salário e fornecedores”, explica.
Outra consequência da pandemia é a elevação das despesas para cumprir as normas sanitárias que combatem a propagação do novo coronavírus. “Diminuímos o efetivo e estamos capacitando os trabalhadores para a situação atual. As higienizações, que eram feitas em apenas um período, hoje são feitas várias vezes por dia e muitas vezes a cada parada no terminal. Também estamos disponibilizando máscaras e álcool em gel dentro dos carros”, cita Flores.
Para encarar o momento, a ANPTrilhos defende a necessidade de uma série de medidas, como a abertura de uma linha de crédito para que as empresas disponham de capital de giro; aprovação dos projetos de investimento para fins de financiamento por meio de debêntures incentivadas; redução dos encargos setoriais devido ao status de calamidade; isenção de ICMS (Imposto Circulação de Mercadoria e Serviço) sobre energia elétrica para o setor; além do diferimento no pagamento de tributos federais.
Conforme Joubert Flores, desde o final de março, quando iniciaram as medidas de restrição de circulação, a ANPTrilhos vem dialogando com o governo federal para encontrar alternativas e construir soluções. Mas ele lembra que a saída passa por uma articulação entre governo federal e governos locais. “A conversa evoluiu, e buscamos agora um encontro com o Ministério de Minas e Energia, pois o nosso principal insumo é a energia. Apesar da diminuição do consumo, os encargos sobre ela continuam os mesmos. Além disso, é necessário um alinhamento entre União, estados e municípios. O governo federal deve repassar o socorro para os estados que, por sua vez, poderão apoiar as operadoras”.
A projeção para os próximos meses não é otimista. Segundo o presidente da entidade, dificilmente o setor alcançara os resultados do passado. “Países europeus que tiveram uma atuação melhor durante a pandemia, como Alemanha e Áustria, já estão retomando as operações, mas a demanda pelos serviços de transporte segue baixa. Não acredito que voltaremos ao status quo de antes. Hoje muitas pessoas estão trabalhando em casa, empresas irão manter um nível de trabalho remoto, com um custo menor. Temos ainda a questão do desemprego. Se imaginarmos que 70% das pessoas que utilizam o setor fazem isso para trabalhar, devemos ter uma queda de demanda ou uma curva de crescimento mais lenta. Além disso, as pessoas que puderem evitar aglomeração irão se manter isoladas”, analisa.
06/05/2020 – Agência CNT de Notícias


quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Metrô de São Paulo perde 300 mil passageiros diários


28/07/2016 - Estadão
Em meio à crise econômica e a alta do desemprego, o Metrô de São Paulo perdeu 300 mil passageiros diários, em comparação com 2015. A queda no número de usuários se acentuou neste mês. Entre janeiro e maio, a companhia registrou 100 mil passageiros a menos por dia, em relação ao mesmo período de 2015.

Segundo o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, o Metrô transportou diariamente 4,7 milhões de passageiros por dia na média de julho de 2015. Neste ano, porém, houve queda de 6,3%, chegando a 4,4 milhões de usuários diários.

Esse índice considera as Linhas Azul, Verde, Vermelha e Lilás, da Companhia do Metropolitano de São Paulo, e a Prata (monotrilho), mas exclui a Linha 4-Amarela, administrada pela ViaQuatro. Em junho, último mês com balanço fechado, a concessionária registrou queda de 1,43% no número de passageiros da Linha 4. Foram 693,6 mil, em média, em dia útil, em junho de 2015, ante 683,7 mil no mesmo mês deste ano.

“Números recentes falam em 1,6 milhão de desempregados na Grande São Paulo, e o Metrô tem transportado a menos cerca de 300 mil pessoas por dia”, disse Pelissioni, nesta quarta-feira, em entrevista à Rádio Estadão. Segundo o secretário, o recuo é reflexo da “crise econômica pela qual passa o País”.

O secretário negou que o aumento na concessão de gratuidades tenha grande impacto nas finanças da companhia, mas afirmou que o menor número de usuários tem diminuído os recursos do Metrô. “Cada vez eu tenho menos receita e as despesas são as mesmas: energia, funcionários”, disse. “O que tem impactado o caixa é a própria crise econômica.”

A pasta não informou qual foi a queda na receita tarifária do Metrô. Em junho, o diretor de Operações da empresa, Mário Fioratti, disse que, graças à queda no número de passageiros (de 86 mil por dia, ou 100 mil, sem considerar a Linha 4) havia previsão de redução de R$ 60 milhões no orçamento para 2016. Recentemente, a companhia abriu um Plano de Demissão Voluntária (PDV), o primeiro desde 1998.

Explicação. Especialista em transportes, o engenheiro de tráfego Horácio Augusto Figueira aponta a crise econômica como a causa “mais provável” para a redução do número de passageiros. “As pessoas acabam deixando a faculdade de lado ou ficando desempregadas. A demanda cai naturalmente. ”
Para Figueira, o índice triplicar em poucos meses se explica pelo tamanho da demanda do Metrô. “Qualquer variação implica em um número muito grande de pessoas”, disse o especialista que, usuário do transporte, tem notado os trens “menos cheios”. “Isso não justifica qualquer discurso para parar de investir, porque a demanda vai voltar. É um bom momento para se planejar. ”

Outra hipótese do especialista é que os usuários estejam migrando para outros meios de transporte. Em junho, a São Paulo Transporte (SPTrans) viu crescer o número de passageiros em 2,4%, em comparação com o mesmo mês do ano passado.

Linha 4. O secretário Pelissioni também afirmou que as obras para concluir quatro estações da Linha 4-Amarela do Metrô serão retomadas em agosto, após um ano paralisadas. Segundo ele, foi dada ordem de serviço para terminar as obras e os trabalhadores voltarão à atividade em até 15 dias. A previsão é de que as estações, prometidas para 2014, sejam concluídas em 2019.


“A partir do início da retomada, a Estação Higienópolis-Mackenzie deve ficar pronta em 12 meses. A Oscar Freire, em 15 meses. E a Estação São Paulo-Morumbi termina em 18 meses”, disse. A última estação a ser entregue será a Vila Sônia, na zona sul, cujo prazo de conclusão é de 36 meses, ou três anos, após o reinício das obras. Ela fará integração com terminal de ônibus. 

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Crise tira 86 mil usuários do metrô por dia e empresa prevê impacto de R$ 60 mi


22/06/2016 07:28 - O Estado de SP

SÃO PAULO - Com crise e aumento do desemprego, o metrô de São Paulo perdeu 86 mil passageiros por dia entre janeiro e maio, voltando ao patamar de 2013. Dados da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) mostram que a média diária de pessoas transportadas nas seis linhas, incluindo a Amarela (operada pela ViaQuatro) e a Prata (monotrilho), caiu de 4,46 milhões, entre janeiro e maio de 2015, para 4,37 milhões no mesmo período deste ano, o que deve resultar em queda de até R$ 60 milhões na receita tarifária de 2016.

O mesmo fenômeno acontece nas seis linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que transportou 6,6 milhões de passageiros a menos nos cinco primeiros meses deste ano, na comparação com igual período de 2015. Nas duas redes de transporte sobre trilhos na Grande São Paulo, a queda na demanda foi de 1,9%. Se a média for mantida, será a maior redução na média diária de pessoas transportadas ao menos desde 2005. Apesar da queda total, a ViaQuatro indicou situação melhor: teve crescimento de 2% nos passageiros da Linha 4.

Ao contrário do transporte sobre trilhos, os ônibus registraram pequena variação positiva no número de passageiros transportados. O número de viagens passou de 1,17 bilhão para 1,18 bilhão nos cinco primeiros meses, em comparação com igual período do ano passado, variação positiva de 0,34%.

Para o diretor de Operações do Metrô, Mário Fioratti, os dados “refletem efetivamente a queda na atividade econômica” em São Paulo. “Isso é resultado da crise, sem dúvida nenhuma. Nós estamos tendo diminuição de demanda nas Linhas 2 (Verde) e 5 (Lilás), coisa que nunca teve na história. Tivemos queda de demanda inclusive aos sábados, que também está vinculada à atividade econômica”, disse o dirigente.

De acordo com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), meio milhão de pessoas perderam o emprego na Grande São Paulo entre abril de 2015 e abril deste ano. Apenas no Metrô, a média mensal de bilhetes especiais concedidos a desempregados cresceu 32%, passando de 4.676 para 6.169. Em 2014, o número de bilhetes que dão gratuidade de 90 dias para quem perdeu o emprego há mais de um mês era de 3.644 unidades.

Contas. 
A queda do número de passageiros tem impactos financeiros significativos para a empresa – que não recebe subsídios e depende de receitas próprias para se manter. A redução estimada de R$ 60 milhões corresponde a dois terços do prejuízo total de R$ 93,3 milhões que a companhia já registrou no balanço do ano passado. O resultado foi agravado pela decisão da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) de não pagar valores devidos à empresa, de receitas vindas dos créditos de bilhete único gratuitos.

Segundo Fioratti, para equilibrar as contas, o Metrô está reduzindo os gastos com custeio, renegociando contratos, parcelando o reajuste dos funcionários e vai lançar no próximo mês um programa de demissão voluntária (PDV), que deve atrair pelo menos 300 empregados (3% do total).

Explicações.
 Especialistas em transportes concordam com a avaliação do Metrô sobre a queda de passageiros e apontam as causas para o mesmo não acontecer com os ônibus. “O passageiro que usa ônibus e metrô paga um valor de passagem. Mas, com o bilhete único, se o passageiro toma um segundo ônibus, a passagem é gratuita”, diz o consultor Flamínio Fishman.


Outro engenheiro de tráfego, Horácio Augusto Figueira destaca que o Metrô, há anos, opera saturado no pico, sem capacidade de absorver demanda. “Já no caso dos ônibus vêm ocorrendo há alguns anos mudanças de linhas, entrada de ônibus com ar-condicionado, elementos que podem ter atraído passageiros”, pondera. Os especialistas, no entanto, não descartam que novos modelos de transporte possam ter contribuído para tirar passageiros dos trilhos.