quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Paes eleva tarifa de ônibus do Rio em 9%; novo valor será de R$ 3

ADRIANO BARCELOS 30/01/2014
DO RIO http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/01/1404896-paes-eleva-tarifa-de-onibus-do-rio-em-9-novo-valor-sera-de-r-3.shtml
29/01/2014 22h27

Um dia depois de o TCM-RJ (Tribunal de Contas do Município do Rio) liberar o prefeito Eduardo Paes (PMDB) a conceder reajuste no valor das tarifas de ônibus da capital fluminense, o Executivo carioca definiu o aumento: a passagem subirá dos atuais R$ 2,75 para R$ 3.

O reajuste de 25 centavos representa cerca de 9% de acréscimo e começará a valer a partir de 0h do dia 8 de fevereiro. A decisão de Paes foi firmada por meio de decreto e deverá ser publicada na edição desta quinta-feira do "Diário Oficial".

De acordo com a planilha anexada pela prefeitura, que considerou o período entre novembro de 2011 e novembro de 2013, a passagem deveria custar R$ 3,11. O preço da tarifa, porém, cairá para R$ 3 basicamente em função da desoneração de PIS/Cofins, definida pelo governo federal e em vigor desde 1º de junho de 2013.

A prefeitura chegou a elevar a tarifa para R$ 2,95 em meados de 2013 mas, em virtude dos protestos de junho, o município recuou e voltou atrás.

Em dezembro passado, Paes já havia adiantado que não haveria como evitar o reajuste nas passagens em 2014. Ele, porém, decidiu aguardar o resultado de uma auditoria do TCM-RJ sobre as concessões rodoviárias.

Os conselheiros da Corte de Contas apontaram descumprimento de contrato em vários pontos tanto de parte das empresas de ônibus quanto da Secretaria Municipal de Transportes, considerada incapaz de fiscalizar a contento a qualidade dos serviços prestados.

No decreto em que estabelece o novo valor das passagens, o prefeito do Rio endossa a maioria das determinações apontadas pelo TCM-RJ -inclusive a exigência de que todos os ônibus da cidade tenham sistema de ar-condicionado até 31 de dezembro de 2016, um pedido dos usuários.

Um desafio e tanto

O Estado de S. Paulo - 10/12/2013

O crescimento da frota de veículos do País não tem sido acompanhado, como deveria, pela expansão do sistema viário, pela melhora do transporte coletivo, pelas condições de segurança nas cidades e nas estradas e pela formação adequada dos motoristas. Esse descompasso é a principal causa tanto do elevado número de acidentes como dos enormes congestionamentos. Tudo isso mantém o Brasil como um dos campeões mundiais de mortos e feridos no trânsito e faz com que milhões de pessoas que viajam de carro e ônibus percam um tempo enorme para ir e voltar do trabalho diariamente.
Reportagem do jornal O Globo, com base em dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), mostra que nos últimos dez anos a frota mais do que dobrou, chegando a 8o milhões. Ela aumentou 123% -uma média de 12 mil veículos por dia -, enquanto o crescimento da população foi de 11%. O número de carros continua sendo maior, mas o de motocicletas cresceu muito mais naquele período - 256% -, o que se explica pelo seu preço mais barato e sua agilidade. Em dez Estados já existem mais motos do que carros circulando. E nove deles ficam nas Regiões Norte e Nordeste - Acre, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Ceará, Maranhão, Paraíba e Piauí. O décimo é Mato Grosso.
O sistema viário das grandes cidades, que concentram o grosso da frota, ficou muito aquém das necessidades criadas por sua rápida expansão. Isso é particularmente grave nas mais pobres, situadas nas Regiões Norte e Nordeste, mas mesmo, em São Paulo o sistema viário está longe de seguir o aumento vertiginoso do número de carros e motos que entram em circulação diariamente.
Alguns elementos explicam por que a situação se agravou tanto nas últimas décadas. De um lado, temos incentivos ao uso do carro, tais como as facilidades de financiamento e a redução de tributos oferecidas nos últimos anos; e de outro, uma queda nos investimentos federais em infraestrutura de transporte desde a década de 1970. Embora eles tenham voltado a crescer a partir da década de 2000, chegando a 0,29% do PIB em 2012, ainda ficam bem abaixo do porcentual de 1976, que foi de 1,84%.
Quanto ao esforço de Estados e municípios para ampliar e melhorar o transporte coletivo - essencial para convencer os donos de carros a não utilizá-los para seus deslocamentos diários -, ele tem ficado bem abaixo das necessidades. Exemplo disso são os investimentos em metrô e trens de subúrbio. Mesmo na região metropolitana de São Paulo, onde o governo estadual tem aplicado somas consideráveis nesses dois sistemas, suas deficiências são notórias. Se ganham em rapidez e pontualidade, perdem na superlotação- vêm funcionando no limite de sua capacidade - e no tamanho ainda acanhado da rede.
O serviço de ônibus é o único meio de transporte coletivo que pode ser melhorado a curto prazo. Mas isso não é feito, porque ele é dominado nas principais cidades por um grupo de empresas que já ganham muito bem e não têm interesse em mudanças. E não existe prefeito que se disponha a enfrentá-las.
As duas principais consequências de tudo isso são os congestionamentos cada vez maiores, que travam o trânsito das grandes cidades, e o elevado número de mortos em acidente, que em 2011 - último com dados consolidados do Ministério da Saúde - chegou a 43.256, superior em 31% ao de 2003. O número de internações hospitalares de feridos foi de 112.264, apenas entre janeiro e agosto de 2013,55% superior ao mesmo período de 2003.
Para isso colaboram muito também, segundo Dirceu Rodrigues Alves Júnior, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), as deficiências da formação dos motoristas e da fiscalização do trânsito, tanto nas cidades como nas estradas. A seu ver, os motoristas brasileiros não aprendem a dirigir em condições adversas, que são frequentes, mas "só a fazer o carro andar".
Está claro que cuidar dos vários aspectos do problema levantado pela frota que chegou a 80 milhões de veículos e continua a crescer só será possível com um esforço conjunto - nada fácil -das várias esferas de governo

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Corte de IPI 'custou' R$ 12,3 bilhões ao governo

Adriana Fernandes e Renata Veríssimo | Agência Estado
O incentivo tributário dado pelo governo para aumentar as vendas de automóveis custou R$ 12,3 bilhões de renúncia do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os cofres do governo federal, mas não foi suficiente para reduzir o lobby da indústria automobilística, que pede atualmente novos incentivos para o setor de autopeças, máquinas e exportações.

A crise na Argentina e as restrições impostas pelo principal parceiro do Brasil no Mercosul devem diminuir as exportações brasileiras de veículos e servem agora como novo instrumento de pressão sobre o governo. Desde o estouro da crise internacional em 2008, foram 10 medidas de redução, prorrogação e retorno parcial do IPI. O imposto voltou a subir em janeiro de forma gradual e as alíquotas devem chegar ao patamar normal no segundo semestre do ano.

Levantamento obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, com dados ainda não divulgados pela Receita, mostra que o maior impacto das desonerações ao longo desse período ocorreu em 2013, de R$ 4,5 bilhões, justamente quando o governo mais precisou de arrecadação para fechar as contas.

Em xeque
A perda de arrecadação com as desonerações ajudou a derrubar o chamado superávit primário do setor público e colocou em xeque a política de corte de impostos adotada pelo governo para acelerar o crescimento do PIB.

As medidas de estímulo à economia não surtiram o efeito esperado nessa segunda etapa da crise financeira - depois de 2012 - mas o governo tem tido enorme dificuldade em acabar com os incentivos por conta da pressão das empresas. Nas últimas semanas, dirigentes da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) têm tido reuniões seguidas com autoridades com uma lista extensa de pedidos.

Tanto na avaliação do governo quanto dos representantes do setor a renúncia fiscal significou o aumento dos investimentos e do emprego. Segundo a Anfavea, o número de postos de trabalho ocupados no setor subiu de 144,6 mil no final de 2011 para 153,5 mil pessoas em dezembro de 2013 (mais 8,9 mil pessoas). O último dado disponível pela entidade mostra que os fabricantes investiram US$ 5,34 bilhões em 2012. Os números de 2013 ainda não foram fechados, mas o setor tem o compromisso de investir US$ 21 bilhões em quatro anos (2011-2014).

"É uma renúncia grande. Mas estamos acompanhando as contrapartidas em termos de investimento e manutenção do emprego e consideramos cumprido (o compromisso)", avaliou a secretária de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Heloísa Menezes.

Demissões
Ela minimizou o impacto das demissões da General Motors (GM), mesmo com o compromisso das montadoras de não demitir. "A GM demitiu em São José dos Campos e contratou em outras unidades. No computo geral não houve demissão",ponderou. Na sua avaliação, houve uma realocação da produção. O presidente da Anfavea, Luiz Moan, argumenta que o compromisso de manutenção dos empregos é setorial e não por empresa.
Apesar de publicamente defenderem a política de desonerações, integrantes do Ministério da Fazenda não escondem o incômodo gerado com as demissões da montadora em 2012 e 2013. Nas duas vezes, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chamou os dirigentes para prestar esclarecimentos.

Em defesa das desonerações, a Anfavea argumenta que o aumento das vendas, impulsionado pela queda do IPI, contribuiu para uma alta da arrecadação de outros tributos. Projeções da entidade mostram que o setor pagou R$ 8,2 bilhões a mais de PIS, Cofins, ICMS e IPVA por causa da redução do IPI entre maio de 2012 e dezembro de 2013. Pelos cálculos da Anfavea, os licenciamentos novos de veículos nesse período teria sido 1,48 milhão menor sem o corte do IPI. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Nota do blog: sem contar que o incentivo à indústria automobilística vai na contramão da política de melhorar a infra-estrutura de transporte coletivo e a diminuição dos congestionamentos em nossas cidades.

BH recebe nove veículos por hora

Pedro Ferreira

As ruas e avenidas de Belo Horizonte receberam 218 novos veículos por dia em 2013, ou nove por hora, segundo o Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran). O aumento de 80 mil veículos em relação a 2012 (de 1.500.966 para 1.580.625) desafia os órgãos de trânsito sobre como evitar transtornos e congestionamentos. O excesso de veículos é apontado por especialistas como um dos maiores problemas do trânsito da capital, e a solução passa pelo avanço do transporte coletivo.

Pesquisa de evolução histórica feita pelo Detran revela que 2013 fechou com 1.580.625 veículos, um aumento de 100% nos últimos 10 anos, média de 10% ao ano. No estado, o número de veículos aumentou 125% em 10 anos, 12% ao ano. De 2003 até o ano passado, a quantidade de motos em BH aumentou 180%, passando de 69 mil para 195 mil.

"A pessoa mora na periferia e trabalha em Belo Horizonte faz as contas e percebe que o que ela gasta de ônibus paga a prestação de uma moto ou um carro. Fica muito mais barato. É muito mais comodidade e agilidade ", avalia o diretor do Detran-MG, delegado Oliveira Santiago, lembrando ainda a frota flutuante da Grande BH que circula na capital.
Especialista em engenharia de transporte da UFMG, a professora Heloísa Barbosa critica a política de incentivo à compra de automóveis com redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), com dezenas de prestações. "O transporte individual está sendo incentivado, o que é um equívoco. Falta investimento em infraestrutura de transporte público", avalia a professora, que considera o transporte público de BH deficitário.

Segundo ela, os belo-horizontinos preferem gastar duas horas de viagem de carro, com a falsa ilusão de que gastarão menos tempo do que de ônibus. A especialista diz ainda que o sistema de transporte também significa incentivar deslocamentos a pé, de bicicleta ou ônibus fretados por empresas para transportar funcionários.

A tendência é aumentar ainda mais o tempo de viagem em BH. Na opinião da especialista, o que tem sido feito para resolver o problema é muito pouco. "Os órgãos de transito já não conseguem sozinhos frear os carros na rua. Ela acredita que o BRT não vai resolver o problema de transporte público por diversas razões. "Não é um sistema. É um modo de transporte por ônibus que tem que ser alimentado, há o problema institucional da questão metropolitana e municipal, que não tem uma gestão única. Uma série de problemas", avalia. Para a professora, o BRT precisaria ser operado como um sistema de média capacidade, e ainda vai substituir os ônibus por ônibus articulados. "Vai ter problema de segurança dos passageiros na travessia das vias até chegar às estações", disse.

O metrô é uma boa solução, como nas cidades europeias, segundo a professora, mas não têm só esse tipo de transporte. "O problema é que no Brasil tudo fica muito caro. No fim, a conta é muita alta. Falta planejamento. Moro na Pampulha e trabalhava no Centro. Sempre transitei pela Avenida Antônio Carlos. Nos últimos 10 anos, nunca vi a Antônio Carlos sem obra. Cada hora fazem uma coisa e desmancham", disse. Para ela, não existe planejamento para BH para daqui a cinco ou 10. "As obras nunca ficam prontas. O atraso virou normal. Todo mundo já espera o atraso em obras por falta de planejamento", ressalta.

RODÍZIO A especialista considera o rodízio de placas um paliativo para tapar o sol com a peneira e aguentar o problema por mais um tempo. "É uma técnica usada quando se esgota o planejamento e não se consegue investir. As pessoas compram carros com vários finais de placa. Pedágio urbano cobre áreas mais congestionadas, quer tirar o carro de lá, mas normalmente tem que haver contrapartida com um transporte urbano de qualidade", afirmou. Para a especialista, o sistema de transporte público de BH vai funcionar bem durante a Copa do Mundo, por ser feriado, domingo e haver recesso nas escolas. A preocupação é para depois dos jogos.

A BHTRans informou que está fazendo uma série de intervenções no sistema viário no Centro para melhorar a circulação de pedestres e veículos e para garantir segurança e fluidez. Disse que tem um plano para orientar as ações relacionadas ao transporte coletivo individual e não motorizado para atender as necessidades atuais e futuras de mobilidade da população. "As soluções para atingir o objetivo principal, a Mobilidade Urbana sustentável, necessita de ampliação do metrô, da criação do BRT, de novas ciclovias, priorização para os pedestres, entre outros", informou a BHTrans.

Consórcio da Odebrecht vence PPP do VLT de Goiânia

10/12/2013
A Odebrecht Transport e empresas operadoras de ônibus de Goiânia (GO) formaram o consórcio vencedor da Parceria Público-Privada (PPP) para construção e operação do VLT de Goiânia. O consórcio Mobilidade Anhanguera que tem a liderança da Odebrecht (90% da participação), venceu o leilão na tarde desta segunda-feira (09/12).

Segundo o governo do estado de Goiás, será feito um investimento de R$ 1,3 bilhão, sendo R$ 805 milhões do próprio Governo do Estado e R$ 500 milhões da empresa privada.
Os VLTs terão dois carros, cada um com 33 metros de comprimento, e transportarão até 600 passageiros por viagem. O sistema será implantado no eixo da Avenida Anhanguera e terá 13,6 quilômetros de extensão, 12 estações e cinco terminais de integração.

A Odebrecht Transport possui outros grandes empreendimentos no setor de transporte sobre trilhos como a SuperVia, no Rio de Janeiro;  a Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo; além de participações societárias no, ainda em implantação, VLT da Zona Portuária, no Rio de Janeiro,  e na Linha 4-Amarela de São Paulo, operada pela ViaQuatro.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Trilhos de Santa Teresa estão sendo substituídos


11/12/2013

O Governo do Estado do Rio de Janeiro iniciou em novembro a substituição dos trilhos do Sistema de Bondes de Santa Teresa. Nesta etapa, os trilhos estão sendo substituídos por modelos originais do sistema, os trilhos bilabiados, específicos para bondes, em 10 quilômetros de traçado. 

A reestruturação do Bonde de Santa Teresa engloba a aquisição de 14 novos bondes - que estão sendo fabricados pela T´Trans - , instalação de trilhos novo, reforma de subestação,  rede aérea de energia, oficina e paradas. Além disso, serão revitalizados dois trechos desativados que somam 3,3 quilômetros: Carioca-Francisco Muratori e Dois Irmãos-Silvestre.

Algumas fases das obras já foram concluídas ao longo dos últimos meses, como a retirada completa dos trilhos, dormentes, lastro, fixações e rede aérea nos Arcos da Lapa e região da Carioca. O governo do Rio investirá cerca de R$ 110 milhões no projeto todo.
A revitalização do sistema deve ser concluída no primeiro semestre de 2014. O trecho entre os Arcos até a Praça Odylo Costa Neto será concluído até março. O trecho entre a Praça Odylo Costa Neto e o Dois Irmãos ficará pronto até junho. Enquanto o restabelecimento do trecho desativado até Silvestre deve ficar pronto no segundo semestre de 2014.

Projeto do VLT Santos será definido na justiça

04/12/2013 - G1 Santos
Após uma reunião entre Ministério Público e a EMTU sobre o traçado do Veículo Leve sobre Trilho (VLT), aconteceu na tarde desta quarta-feira (4) em Santos, no litoral de São Paulo, ficou decidido que o projeto do VLT será decidido na Justiça. O Ministério Público entendeu que há falhas nos estudos da EMTU e irá abrir uma ação civil para parar a obra.

Os promotores do Meio Ambiente apontaram falta de informações no estudo apresentado pela EMTU. Para eles, faltam respostas em vários aspectos que justifiquem porque o melhor traçado do VLT na Francisco Glicério, entre o Canal 1 e o Canal 3, é no canteiro central da avenida. O promotor do meio ambiente Daury de Paula Junior explicou quais são os problemas. "Os nossos técnicos avaliaram o estudo e concluiram que o traçado do VLT pelo canteiro lateral, pela antiga linha férrea, é o melhor traçado do ponto de vista urbanístico, em relação ao impactos que trazem para aquela comunidade vizinha", disse ele.

O diretor presidente da EMTU, Joaquim Lopes, não se opõe em esclarecer as dúvidas. Mas, explica porque não pode esperar para retomar as obras. Algumas intervenções já começaram no jardim lateral da avenida Francisco Glicério. "Julho está aí.Nós temos um compromisso de entrega desse empreendimento, sabemos o quanto ele é importante para quase 170 mil cidadãos que usam o transporte coletivo aqui na região", falou Joaquim Lopes.

Os representantes da EMTU e da Prefeitura de Santos se comprometeram em encaminhar todas as respostas ao Ministério Público mas não quiseram estender o prazo. Diante disso, os promotores do Ministério Público decidiram que vão mover uma ação civil pública. "A ação, se tiver por objeto a anulação da licença ambiental, ela pode atingir a obra como um todo. Não é o objetivo do Ministério Público questionar outros trechos da obra mas, infelizmente, a judicialização leva a essa consequência", disse o promotor.

Passageiro é vítima da corrupção

Autor(es): Alan Rodrigues e Pedro Marcondes de Moura
Isto é - 09/12/2013

Usuário do Metrô em São Paulo paga um preço alto pelas fraudes. Não bastassem os serviços precários, ainda há o risco de acidentes

O usuário do metrô de São Paulo se depara rotineiramente com as consequências dos esquemas de corrupção que infestaram o setor de transportes sobre trilhos nos últimos anos. A ineficiência, a deterioração e a má qualidade dos serviços chegam a colocar vidas em risco. Nos últimos meses, uma sucessão de falhas vem acontecendo em boa parte dos 150 trens que circulam por 64 estações, infernizando os cerca de 4,6 milhões de pessoas que todos os dias se utilizam dos 74 quilômetros da malha metroviária de São Paulo. São centenas de incidentes, como a abertura das portas dos trens em pleno movimento e erros no sistema de frenagem das locomotivas. O relatório de Falhas produzido pelo próprio Metrô aponta mais de mil ocorrências mensais. Só este ano, segundo o documento, aconteceram 111 incidentes considerados graves. Desde 2012, já houve um choque entre trens, o descarrilamento de outro e até uma locomotiva andou sozinha sobre os trilhos. Os três episódios, segundo o Ministério Público, foram protagonizados por trens que passaram pelo processo de reforma da frota, com um custo estimado pelo Ministério Público em cerca de R$ 2,5 bilhões e com "evidências de superfaturamento" de aproximadamente R$ 875 milhões. São veículos que estão em funcionamento há quatro décadas e que, em qualquer lugar do mundo, "já seriam sucata", como diz o promotor Marcelo Milani, de Defesa do Patrimônio Público. Na última semana, Milani exigiu, diante da série de irregularidades constatadas, que a reforma da frota seja paralisada pelo Metrô de São Paulo.
A maior parte das ocorrências aconteceu na frota K, uma linha de 23 quilômetros que cruza a capital paulista de leste a oeste. Esta é considerada a rota mais perigosa e mais movimentada da cidade. Seus 25 vagões fazem parte do total de 98 trens que estão sendo reformados nas linhas 1-Azul e 3-Vermelha. O Ministério Público estadual afirma que os contratos da frota K são superfaturados e pede a suspensão deles. "Isso é um escândalo, um prejuízo total aos cofres públicos. Não existe fora de São Paulo outro lugar em que trens sejam reformados", lamentou o promotor Milani. Segundo ele, dos 98 trens licitados para reforma, um terço pode permanecer parado sem transportar um único usuário até o ano que vem. Atualmente, de acordo com o MP, 11 trens já se encontram paralisados por serem incompatíveis com o sistema do Metrô. "Esse é um problema recorrente nestes trens reformados", diz o promotor. "Quem hoje está responsável pelas adaptações não são as empresas que receberam pela reforma, mas sim os funcionários do Metrô", diz.
Os defeitos nas composições da frota K, construídas na década de 1980, são recorrentes. Relatório dos funcionários do Metrô encaminhado ao sindicato dos metroviários aponta, por exemplo, que o trem K07, o mesmo que descarrilou, apresenta várias falhas, inclusive de tração. Uma das mais graves ocorrências – e que acontece de forma sistemática, segundo os funcionários da Comissão Interna para Prevenção de Acidentes (Cipa) da empresa – é a abertura acidental das portas dos trens. Ela acontece em todos os vagões, de ambos os lados – inclusive do lado oposto da plataforma, onde se encontra o trilho energizado. "É um perigo tremendo. Basta que os vagões estejam lotados, como costuma ocorrer, que certamente as pessoas despencarão nos trilhos", diz um maquinista, que pede para não ser identificado para evitar retaliações. "Ainda não morreu ninguém por muita sorte", diz ele. "O índice notável (anotações oficiais que registram as paralisações dos trens acima de seis minutos) chegou a 111. Isso é sinal de que a segurança dos funcionários e passageiros está em perigo", acrescentou.
O levantamento informal feito pelos funcionários do Metrô mostra ainda que, entre os dias 10 de outubro e 9 de novembro passados, aconteceram 696 ocorrências na frota K contra 276 nas Linhas C e D, os trens que não foram modernizados. "Nossos números afirmam que acontecem quase três vezes mais falhas nos trens reformados", atesta o relatório em poder do sindicato da categoria. O rendimento das locomotivas modernizadas também é muito inferior ao dos outros. De acordo com as estimativas do sindicato dos metroviários, "as locomotivas da frota K rodam, em média, 230 quilômetros por dia e passam aproximadamente oito horas diárias fora de circulação, por causa das sucessivas falhas." Ainda de acordo com os funcionários, antes das reformas os trens possuíam um desempenho melhor. "O trem fica cerca de quatro horas em manutenção e circula 550 quilômetros por dia. É um desempenho 130% maior, em números aproximados", garantem os sindicalistas.
O diretor de Operações do Metrô de São Paulo, Mario Fioratti, tem minimizado a gravidade dos incidentes. Ele afirma que as composições reformadas estão em fase de adaptação e, por isso, acabam tendo mais problemas. Essa é uma versão rósea da realidade, garantem os funcionários da empresa. Para eles, a raiz do problema é falta de transferência de tecnologia das empresas que reformam os trens, como a Alstom. Elas não repassariam o conhecimento dos softwares aos funcionários do Metrô. "A gravidade nos incidentes pode ser aferida pelo tempo de espera do trem. Se demorar mais de seis minutos é porque é grave", atesta.
No dia 5 de agosto, um trem da Linha 3-Vermelha descarrilou entre as estações Marechal Deodoro e Barra Funda. A composição teve um de seus truques (termo técnico que designa o sistema composto por rodas, tração, frenagem e rolamentos) danificado devido a um superaquecimento que, por sua vez, fora provocado pela ausência de graxa nas engrenagens da peça. Após sair dos trilhos, o vagão se arrastou por 800 metros e danificou a linha de alimentação elétrica do trem. Houve estouros, curto-circuitos e fumaça. Os passageiros saíram pelas rotas de fuga. Ninguém se feriu. Procurado, o Metrô de São Paulo declarou, por meio de nota, que o seu "serviço é reconhecido internacionalmente como um dos melhores do mundo". Disse também que "não há relação entre os trens modernizados e os incidentes citados". Não é o que pensa o Ministério Público de São Paulo. Nem o próprio usuário acredita nessa versão. Nas últimas semanas, os passageiros colaram nas paredes dos trens placas com mensagem em protesto contra a formação de cartel para o superfaturamento de licitações. Como se fosse um aviso aos usuários, a placa traz a seguinte frase: "Este trem foi superfaturado em uma licitação fraudulenta". A autoria é desconhecida. O ato ganhou destaque nas redes sociais.

Maior quilometragem proporcional de trilhos

Com a conclusão das obras da Linha Sul do Metrô de Fortaleza, a modernização e eletrificação da Linha Oeste e a construção da Linha Leste, a Capital cearense será uma das cidades brasileiras com maior quilometragem proporcional de trilhos de metrô implantados, em funcionamento, do Brasil. O destaque foi dado ontem pela presidente Dilma Rousseff, após a assinatura da ordem de serviço para a Linha Leste, esta que constituiu o maior contrato público já assinado no Ceará.

O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, assinou a ordem de serviço para a Linha Leste do metrô. Foi firmado ainda, entre Estado e Ministério dos Transportes, o Termo de Compromisso para o repasse de recursos para a obra fotos: bruno gomes

A presidente, ao chegar no local da cerimônia, recebeu das mãos do governador uma réplica em miniatura de uma tuneladora, equipamento (também conhecido como "tatuzão") que fará os túneis da Linha Leste do metrô, que ligará o Centro ao bairro Edson Queiroz em estações subterrâneas. Em seu discurso, ela elogiou a iniciativa de fazer a nova linha por meio destas máquinas, informando que sempre a divulga a outros prefeitos do Brasil com os quais assina compromisso de construção de metrôs. "Eu sempre estou dizendo que uma das grandes iniciativas aqui foi não só fazer o metrô, mas procurar fazer o metrô de forma rápida e mais barata".

Duas das quatro tuneladoras adquiridas pelo Estado para as obras da Linha Leste já se encontram em Fortaleza desde agosto e estão em fase de montagem, em área próxima à estação Chico da Silva, no Centro. As restantes já estão prontas e testadas na fábrica da The Robbins Company -vencedora da Licitação -, em Shangai, na China.

"Esse é um fato que demonstra a vontade política e, portanto, governador Cid Gomes, o senhor pode ter certeza que eu tenho é orgulho de participar dessa parceria", reforçou Dilma.

Ontem, além da ordem de serviço, foi assinado um Termo de Compromisso entre o Governo do Estado e o Ministério dos Transportes para o repasse de recursos à Linha Leste, em valor calculado em R$ 3,034 bilhões. Destes, R$ 1 bilhão virá do Orçamento Geral da União, R$ 1 bilhão por meio de financiamento do BNDES e R$ 1,034 bilhão do Tesouro estadual.

Recorde
Em seu discurso na cerimônia, Cid Gomes destacou que as obras da Linha Leste o permitiram quebrar, pela segunda vez somente neste ano, o recorde de maior contrato público já assinado pelo Estado. Em junho passado, o havia batido com o contrato do Cinturão das Águas, no valor de R$ 1,2 bilhão. Em outubro, o da linha do metrô somou outros R$ 2,25 bilhões.