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terça-feira, 30 de maio de 2017

Sem investimentos, Linha 10-Turquesa perde passageiros


15/05/2017 - Metrô CPTM

Em conjunto com a Linha 7-Rubi, a Linha 10-Turquesa surgiu a partir da antiga Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, construída no século 19. Mas os dois ramais da CPTM não compartilham apenas isso: ambos estão entre os que menos recebem investimentos do governo. E um sinal evidente da falta de interesse pela linha que corta o ABC Paulista e termina na estação Brás é o fato de 7,9 milhões de passageiros terem deixado de utilizá-la nos últimos cinco anos.

O dado foi obtido pelo jornal Diário do Grande ABC que apontou uma queda de 7% na quantidade de passageiros entre 2011 e 2016. Parte desse êxodo tem a ver com a crise econômica, no entanto, esse fenômeno não atingiu no mesmo grau as demais linhas da CPTM – no geral houve crescimento de 17%.

A média de passageiros transportados é de 365 mil pessoas por dia, só superior a Linha 12-Safira (256 mil). É praticamente metade do que transporta a Linha 11-Coral, a mais movimentada da CPTM. São 38 km de trilhos e 13 estações, mas que permanecem ultrapassadas e muitas vezes inacessíveis em dias de chuva por conta do alagamento das vias.

A promessa de reforma de suas estações ficou pelo caminho com a falta de recursos alegada pelo governo. Da mesma forma, a frota de trens é formada principalmente pela Série 2100, antigos trens espanhóis de transporte regional, ou seja, lentos e mais propícios a viagens de longa duração. Além da idade avançada (foram construídos em 1974), essas composições sofrem com problemas de manutenção e seguidos incêndios.

Sem trens novos

Com um intervalo alto que torna a viagem mais demorada do que deveria, a CPTM decidiu implantar uma média paliativa ao colocar um trem da Série 3000 entre Santo André e Tamanduateí com parada apenas em São Caetano do Sul, o Expresso Linha 10, mas nem isso parece ter ajudado a melhorar o conforto e a previsibilidade da linha.

Com parte importante do seu trajeto passando por regiões industrializadas e bem adensadas, a Linha 10 poderia ter um serviço digno do Metrô, mas parece que ela não é prioridade para a CPTM, que diz investir, mas que até agora não revelou se parte da encomenda de 65 novos trens irá para o ABC para aposentar os velhos trens espanhóis. Até mesmo a Linha 7, que concentrava a maior parte dos trens antigos e sem ar-condicionado, passou a receber vários trens dessa encomenda. Enquanto isso, os trens da Série 8500 e 9500 só passam pelo ABC em testes – embora existam rumores que estes últimos poderão ser usados na linha no futuro.


Não é difícil entender porque a população pode ter deixado a Linha 10 de lado por ora. Isso, somado ao impasse na construção da Linha 18 do Metrô, tem transformado o ABC numa região de mobilidade deficiente, cujos moradores levam horas para chegar à capital em alguns dias. Não deveria ser assim.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Com falhas em trilhos, CPTM reduz velocidade de trens em SP em até 77 %

Trechos da CPTM reduzem velocidade de 90 km/h para 20 km/h; registram apontam problemas como desnivelamento dos trilhos, dormentes velhos e até falhas nos parafusos dos trilhos. Presidente da companhia fala em 'risco zero'.




Por Philipe Guedes, TV Globo
16/03/2017 14h10  Atualizado há 17 minutos

Trens da CPTM fazem trajeto com velocidade máxima reduzida em até 77% na Grande São Paulo, informou o SPTV. A lentidão se deve a falhas nos trilhos, serviço de manutenção e obras. A redução mais brusca ocorre em trechos da linha 7 e da linha 10- Rubi, entre Perus e Caieiras, onde a velocidade máxima cai de 90 para 20 quilômetros por hora. O SPTV teve acesso a registros do sistema da CPTM que indicam os trechos que estão com velocidade reduzida e o motivo disso.
Ao sair de São Caetano em direção à estação Tamanduateí, pela linha 10-Turquesa, por exemplo, o maquinista é obrigado a reduzir a velocidade por cerca de 1 quilômetro. Se a linha estivesse com a manutenção em dia, o normal seria rodar a 90 km/h, mas o limite agora é 40km/h.

Na Linha 10-Turquesa da CPTM o maquinista tem de reduzir a velocidade do trem de 90 km/h para 40 km/h (Foto: TV Globo/Reprodução)

Nesse caso, o problema é o desgaste acentuado do trilho, que precisa ser trocado por um novo. O problema foi detectado em 17 de abril de 2015, mas ainda não foi resolvido. Somando todos os trechos com desgastes acentuados na Linha 10-Turquesa, são seis quilômetros de trilhos que a CPTM já deveria ter trocado e que continua usando
Outro trecho condenado fica entre Capuava e Mauá. Nele, o normal também seria a velocidade de 90 km/h, mas o trem atualmente não pode passar dos 20 km/h. “Você vê só por aqui. Ou pelo movimento do trem. Às vezes, ele está praticamente parado. E às vezes, não, Ele está rápido”, disse a auxiliar de cozinha Michele Cristina Alves.

Trem na Linha 8-Diamante a velocidade é reduzida para 20 km/h por problemas de erosão na via (Foto: Reprodução/TV Globo)

Na linha 8-Diamante, são três trechos com problemas de manutenção. Em dois deles, entre Osasco e Comandante Sampaio, os técnicos identificaram erosão na via em fevereiro de 2013. Uma obra começou e depois parou por falta de dinheiro. Quatro anos se passaram, mas o problema ainda não tem data para ser resolvido. Enquanto isso, os trens que poderiam passar a 70 km/h circulam com velocidade máxima de 20 km/h.
Na linha 9-Esmeralda são dois pontos em que a velocidade cai de 90 km/h para 40 km/h. Nesses pontos, a CPTM precisa mexer na rede de cabos que abastece os trens. Um dos pontos, entre Pinheiros e a Cidade Universitária, está com problema desde 2012 e não tem data de conserto prevista.

Campeã de lentidão

Linha 12-Safira é a campeã da lentidão na CPTM (Foto: TV Globo/Reprodução)

A linha 12-Safira é a campeã de lentidão. Ao todo, em 18 quilômetros de trilhos os trens rodam mais devagar, o que corresponde a quase 24% da linha. Entre as estações Tatuapé e USP Leste, por exemplo, a travessia do córrego Tiquatira está danificada, o que provoca o desnivelamento das vias na curva. A falha persiste desde março de 2015 e não tem data para mudar.
O que mais atrapalha a viagem de quem pega essa linha é a construção da linha 13-Jade, que vai para o Aeroporto de Guarulhos. A nova linha vai ter integração com a 12 e, por causa disso, desde julho de 2013, a Safira sofre com interferências das obras, que estão atrasadas há três anos.
Na linha 11-Coral, a CPTM identificou instabilidade no solo, nos dormentes (peças nas quais os trilhos são fixados) e nos trilhos em pelo menos três trechos. Entre as estações Tatuapé e Corinthians-Itaquera, o problema foi identificado em março do ano passado, mas não há previsão de ser resolvido. Um dos motivos para a falta de conserto é o fato de a CPTM não ter dormentes de concreto para trocar.
Mais à frente, entre as estações Corinthians-Itaquera e Guaianazes, há pontos em que parafusos da via estão emperrados. A falha persiste desde agosto de 2015. A CPTM não deu uma data para consertar.

Falha desde 2001
Na linha 7-Rubi, parte do trecho entre Perus e Caieiras está com a via desnivelada desde 2001 e continua sem previsão de conserto. O desgaste dos trilhos faz os trens reduzirem a velocidade de 90 km/h para 20 km/h.
Na mesma linha, tem infiltração de água que desnivelou a pista entre a Vila Aurora e Perus, problema de 2013 ainda sem data de solução. Há velocidade reduzida também por causa da obra de construção da estação de Francisco Morato, que está atrasada, e trilho gasto que precisa ser trocado desde novembro do ano passado.
Via está desnivelada desde 2001 na Linha 7-Rubi (Foto: TV Globo/Reprodução)
Um maquinista que pediu para não ser identificado disse que, com a falta de manutenção, os maquinistas não trabalham tranquilos, mesmo em baixa velocidade, principalmente nos horários de pico. “O trem mais lotado, ele fica bem mais pesado. E ele estando mais pesado tem mais risco de acidente”, disse.
Para o professor especialista em ferrovias Helaido de Castro Wins, o medo do maquinista faz sentido. “A manutenção deve ser feita indiscutivelmente. [A redução da velocidade] minora os efeitos. Os riscos continuam. Talvez você tenha uma proporção menor de problemas no caso de acidente”, explicou.

Presidente da CPTM fala em 'risco zero'
O presidente da CPTM, Paulo de Magalhães, confirmou que manda os maquinistas desacelerarem, por cautela, porque a manutenção não foi feita. “Não corremos nenhum risco. Risco zero. Para isso que existem as precauções. [...] Nós estamos tentando fazer todos os serviços imediatamente, à medida que parecem as novas precauções. Aquelas que são mais antigas são problemas que dependem de outros fatores que a gente está tentando resolver”, explicou.
“O que acontece muitas vezes, o que aconteceu com trilho, nós tivemos duas licitações fracassadas, por problema de concorrência, entre os participantes, em que a gente tem que fazer como funciona a lei, pra poder concluir”, disse. “Uma coisa que estava desde 2012 pra comprar o trilho, e em 2015, que foi quando eu assumi a empresa, a gente fez a compra de 8 mil toneladas de trilhos. E compramos mais 2 mil agora”, completou.


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Risco de processo por fraude faz CPTM cancelar contrato de R$ 220 mi


25/10/2016 - Estadão
Com o objetivo de evitar uma ação judicial por improbidade administrativa, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) decidiu anular um contrato milionário para manutenção de 48 trens da Linha 10-Turquesa, que liga o centro de São Paulo ao ABC paulista. Para o Ministério Público Estadual (MPE), que havia recomendado a medida em agosto por suspeita de fraude na licitação, a decisão da estatal controlada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) “é o reconhecimento da existência do cartel” de empresas acusadas de dividir contratos de trens e metrô em São Paulo.

Em nota, a CPTM afirma que o contrato de R$ 220,2 milhões, assinado em março de 2013 com o consórcio TMT, formado pelas empresas Trail e Temoinsa, “não foi lesivo aos cofres públicos” porque houve “desconto de 33% na proposta vencedora”. Segundo a companhia, o processo de abertura de uma nova licitação está em curso desde agosto, mês em que o MPE recomendou a anulação do negócio. O cancelamento do acordo em vigor só deve acontecer após a contratação de um novo fornecedor, para não afetar o serviço. A previsão, porém, é de que isso seja concluído em abril de 2017, quando vence o contrato sob suspeita.

Na recomendação administrativa feita em agosto ao presidente da CPTM, Paulo de Magalhães Bento Gonçalves, o promotor Marcelo Milani, da Promotoria do Patrimônio Público e Social, pedia a nulidade imediata da licitação e do contrato alegando que a concorrência pública feita em 2012 foi um dos alvos do suposto cartel de trens. O promotor afirma que as investigações mostraram que as empresas do setor subcontratam umas às outras “com o objetivo de auferir vantagens ilícitas decorrentes das práticas anticoncorrenciais”.

Em ofício enviado ao promotor no mês passado, a CPTM afirma que “cumprirá” o que foi determinado na recomendação administrativa “com o intuito de evitar o ajuizamento de ação de improbidade administrativa ou de responsabilidade em face de seus atuais e ex-dirigentes, bem como da própria companhia”, mas alega que “diante da complexidade” da licitação, a publicação do edital deve demorar 120 dias.

Cartel. Entre os indícios do cartel, Milani destaca que as empresas que disputaram a licitação em 2012 (Temoinsa, Alstom e CAF) eram parceiras no consórcio que detinha o contrato anterior dos mesmos serviços, assinado em 2007 no valor de R$ 282,5 milhões. À época, afirma o promotor, a TTrans foi a única empresa que apresentou uma proposta concorrente na licitação e, depois que perdeu a concorrência, foi subcontratada pelo consórcio vencedor.

Já existem duas ações civis públicas propostas pelo MPE por formação de cartel em contratos de reformas e manutenção de trens da CPTM entre os anos de 2007 e 2012, nos governos José Serra, Alberto Goldman e Alckmin, todos do PSDB. Em uma delas, ajuizada em setembro de 2015, a Promotoria pediu à Justiça a dissolução de nove grupos empresariais, entre os quais as multinacionais Siemens, Alstom, CAF do Brasil e Bombardier, e pedem que elas restituam quase R$ 1 bilhão aos cofres públicos.

O cartel metroferroviário de São Paulo foi revelado pela Siemens, em acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão antitruste do governo federal, em maio de 2013. A empresa alemã admitiu a prática do conluio no âmbito de contratos da CPTM e do Metrô, no período de 1998 a 2008. Desde a revelação do esquema, o governo Alckmin mandou investigar o caso. A CPTM e o Metrô estão colaborando com as investigações e a Procuradoria-Geral do Estado já ingressou com ação na Justiça contra 19 empresas para exigir ressarcimento aos cofres públicos. As empresas negam irregularidades e dizem que também colaboram com a investigação.

“Para o Ministério Público Estadual, a decisão de anular o contrato é o reconhecimento por parte da companhia da existência de fraude e formação de cartel, que atuou em todos os contratos de manutenção de trens da CPTM desde 1998. Já temos duas ações ajuizadas e a investigação ainda não terminou”, disse Milani.

Espanhóis. O contrato sob suspeita envolve a manutenção dos chamados “trens espanhóis”, que foram fabricados em 1974 e adquiridos pelo governo paulista em 1998. Hoje, eles rodam apenas na Linha 10-Turquesa (Brás-Rio Grande da Serra). Em seu site, a Temoinsa afirma que presta o serviço nesses 48 trens desde 1999. Segundo a CPTM, o primeiro contrato foi assinado em 2001.

Em julho, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) já havia cobrado explicações da companhia sobre uma série de irregularidades envolvendo seis contratos assinados em 2013 para a manutenção de 196 trens. As contratações somam R$ 907 milhões em valores da época, ou R$ 1,1 bilhão em números corrigidos pela inflação.

Empresa afirma que negócio ‘não foi lesivo’ ao Estado
A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) afirmou, em nota, que o atual contrato de manutenção dos 48 trens espanhóis, no valor de R$ 220,2 milhões, “não foi lesivo aos cofres públicos” porque “o processo licitatório obteve desconto de 33% na proposta vencedora”. Segundo a estatal, o contrato assinado com o consórcio TMT corresponde a uma economia de R$ 111 milhões e tem valor até 44% menor do que os contratos anteriores para o mesmo serviço.


“Além disso, os itens considerados na recomendação do Ministério Público em nenhum momento imputam conduta irregular ou inadequada à CPTM ou a qualquer agente público. A Companhia entende que não praticou qualquer ato irregular e prestou todos os esclarecimentos ao Ministério Público”, afirma. A estatal disse que abriu investigação interna para apurar se houve fraude na licitação. A reportagem não conseguiu localizar as empresas do consórcio TMT.