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quarta-feira, 9 de maio de 2018

Primeira estação ferroviária do país, em Magé, será revitalizada



16/04/2018 - O Globo

Numa cerimônia que contou com a presença de Dom Pedro II, em 30 de abril de 1854, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, botou o Brasil nos trilhos. Era a inauguração da primeira ferrovia do país, em Magé, que ligava o porto de Mauá, no fundo da Baía de Guanabara, a Fragoso, em Raiz da Serra, a 14 quilômetros de distância.

A festa apresentou ao monarca e aos moradores da região a maria-fumaça Baronesa, primeira locomotiva do Brasil. Ela partiu da pequena estação Guia de Pacobaíba, que foi desativada na década de 1960 e vem protagonizando histórias bem menos glamourosas nos últimos 50 anos. Passou por várias tentativas de revitalização, já foi invadida, teve as portas arrombadas, virou depósito de lixo e hoje está fechada, com telhado quebrado e marcas de pichação.

Agora, um acordo firmado entre a prefeitura de Magé e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) poderá ser, enfim, a partida para um novo destino.

ESTAÇÃO POUCO VALORIZADA

Em março, o órgão federal concedeu ao município o direito de usar e administrar o complexo, que inclui a antiga casa dos agentes ferroviários, o terreno e o trecho tombado da ferrovia Mauá-Fragoso. O espaço terá, obrigatoriamente, que ser usado com finalidades culturais. Apesar da importância histórica, Guia de Pacobaíba nunca foi valorizada pelo município. Com exceção da inscrição na entrada do distrito, não há placas ou qualquer outra sinalização indicando o caminho até a estação, de onde se tem uma bela vista das ilhas de Brocoió e Paquetá.

Numa das muitas tentativas de revitalização, a área ganhou um paisagismo com coqueiros e palmeiras, que nos fins de semana atrai moradores para piqueniques e passeios de bicicleta. Do lado de fora, capim alto, muito entulho e uma réplica de locomotiva arranhada e enferrujada completam o cenário de descaso. Sobraram poucos metros dos antigos trilhos. Um pequeno carrinho usado na ferrovia, coberto de ferrugem, também foi esquecido por lá.

O edifício da antiga casa dos agentes ferroviários, de 1916, está em pior estado: foi arrombado e depredado. O antigo cais (no passado, os passageiros vinham de barca e ali pegavam o trem) também se encontra em péssimo estado.

O trecho ferroviário de Mauá para Fragoso, onde fica a estação, foi considerado Monumento Histórico Nacional e tombado pela antiga Secretaria de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1954, no centenário da inauguração da ferrovia. De acordo com a Associação Ferroviária Trilhos do Rio, há registros de que a estação atual foi aberta em 1896, quando houve uma grande reforma no porto. Outra mudança foi a do próprio nome, em 1945: de Estação de Mauá, passou a ser chamada de Guia de Pacobaíba. Em 2007, esse patrimônio foi transferido para o Iphan, assim como todo o espólio da extinta Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima com valor histórico.

Segundo Jeanne Crespo, responsável pelo patrimônio ferroviário do Iphan, a cessão de uso para Magé tem prazo de cinco anos, prorrogáveis pelo mesmo período, e apresenta como principal condição a instalação de um espaço “com fins culturais que valorizem a memória da ferrovia”.

— Ainda está sendo elaborado pela prefeitura um plano de gestão do bem tombado. Tudo será feito sob supervisão do Iphan — diz Jeanne.

A missão de criar um novo projeto para a Guia de Pacobaíba foi dada à secretária de Educação e Cultura de Magé, Alisson Brandão, que pretende fazer do local um ponto de memória, voltado para o turismo. O espaço será aberto ao público e terá guias, que já passam por treinamento. Além disso, um dia da semana será reservado para a visita de estudantes da rede pública, acompanhados por historiadores.

Segundo a secretária, devido à falta de recursos, a prefeitura optou por uma intervenção simples, que inclui restaurar os dois prédios, melhorar a iluminação (parte da fiação foi furtada), limpar o terreno e implantar um pequeno centro cultural. Inicialmente, o Iphan apresentou a Magé o projeto de um parque.

— Não teríamos condições de executar a ideia do Iphan. Em maio, vamos começar a reforma do telhado. A previsão é que, em julho, possamos reabrir o espaço — disse Alisson.

EM DEFESA DA FERROVIA

Para o pesquisador Antonio Pastori, presidente da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária, a estação deveria ser reativada:

— Reabrir como centro cultural é melhor do que deixar fechada. Mas acreditamos que o melhor seria retomar a atividade ferroviária por lá. Ela é um ícone e, por isso, deveria ser preservada. Nosso projeto é a volta da viagem a Petrópolis, como fazia o imperador. Ele vinha pela Baía de Guanabara de barca, pegava o trem em Guia de Pacobaíba, ia até o pé da serra de Petrópolis, e de lá subia numa cremalheira por 25 minutos. O trajeto era feito em duas horas. Restabelecer essa rota não é só resgatar a memória, é melhorar a mobilidade urbana de Magé.

-Fonte:  https://oglobo.globo.com/rio/primeira-estacao-ferroviaria-do-pais-em-mage-sera-revitalizada-22592849

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Engenheiro aponta falhas na estação de metrô da Arena Pernambuco

'[Estação] não foi feita pensando num evento desses', diz Fernando Jordão.

CBTU alega que terminal foi planejado para atender a 3 mil passageiros/dia.


A Estação Cosme e Damião do metrô do Recife, situada no bairro da Várzea, Zona Oeste da capital, usada pelos torcedores com destino à Arena Pernambuco, foi alvo de críticas do engenheiro e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Fernando Jordão. Convidado pelo G1, o especialista visitou o espaço, que já havia recebido reclamações por parte da torcida que passou pelo local para assistir ao primeiro jogo da Copa das Confederações no estádio, em São Lourenço da Mata, Grande Recife. "Eu não fui [à partida do último domingo] porque estava prevendo a confusão que seria", comentou o engenheiro. Jordão apontou falhas e disse que são necessários ajustes para a estação receber os passageiros com conforto.

Escada estreita para entrar e sair da plataforma do metrô - sendo a única opção de escoamento do fluxo de passageiros, e elevador pequeno foram os principais pontos criticados pelos torcedores, que se espremeram no local, principalmente na volta para casa após a partida entre Espanha e Uruguai. Para justificar a superlotação no espaço, o governo estadual disse que houve falta de sincronia entre as viagens de trens e dos ônibus circulares que faziam a ligação ao estádio.

Durante a visita, o engenheiro ficou impressionado com a dimensão da Cosme e Damião, que segundo ele não condiz com o público esperado para as copas das Confederações e do Mundo, em 2014. "A estação com certeza não foi feita esperando um evento desse", afirmou Jordão. De acordo com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), a construção da estação foi planejada ainda antes de o Brasil ser confirmado como sede do Mundial, para atender a 3.000 passageiros ao dia, demanda estimada para dias normais.

A plataforma da estação tem 100 metros de comprimento por 3,5 de largura, tamanho padrão adotado em outras estações do Grande Recife. O problema, segundo o professor da UFPE, é que entrada e saída da plataforma tem uma única passagem, com cerca de 4 metros de largura, que fica ainda mais estreita por conta da escada, com cerca de 2,5 metros de largura. “Esse erro é gritante mesmo, não favorece o escoamento da quantidade de passageiros em dias de jogos, e acabou criando esse gargalo. A saída não está compatível com a dimensão da demanda, porque afunila mesmo", disse o especialista que integra o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE).

Em cálculos rápidos, o engenheiro estimou que a capacidade de um trem é de 1.200 passageiros. Se o intervalo entre as viagens na estação é de seis minutos, são dez trens por hora, resultando em 12.000 pessoas. Para encher ou esvaziar o estádio no último domingo, onde havia quase 42 mil pessoas, seriam necessárias cerca de quatro horas, com intervalos de seis minutos entre os trens. No entanto, de acordo com o Metrô do Recife (Metrorec), o intervalo foi reduzido para três minutos ao final da partida. “É uma demanda alta e concentrada para qualquer metrô, até para aqueles com tecnologia mais moderna, como o de Londres ou de Tóquio", explicou o professor da UFPE.

Para melhorar a mobilidade na estação, Jordão disse que uma das opções seria construir uma rampa, em vez da escada estreita, além de aumentar a quantidade e tamanho dos elevadores – atualmente, só existe um, onde cabe apenas um cadeirante. Para ele, o espaço da estação poderia ser mais “generoso”, embora também seja preciso observar a frequência de saída dos ônibus que levam e trazem os torcedores da Arena, o que contribui para formar aglomerações.

Adequação

Procurada pela reportagem, a assessoria do Metrorec informou que o projeto da Cosme e Damião está em constante mudança para adaptar-se ao fato de ser a parada mais próxima da Arena Pernambuco. Desde o projeto inicial, foram incluídas a instalação de um elevador e a cobertura da estação.

A CBTU/Metrorec acrescentou ainda que a Cosme e Damião receberá, provisoriamente, uma rampa para facilitar a saída dos torcedores que irão acompanhar os últimos dois jogos da Copa das Confederações na Arena Pernambuco, nesta quarta (19) e no domingo (26).

Também devem ser colocadas duas escadas rolantes nos próximos meses de julho e setembro. Por lei, depois que uma empresa é contratada para começar um projeto, só é possível realizar mudanças que representem impacto de 25% no valor do contrato inicial da obra.