domingo, 28 de novembro de 2021

Marcopolo Rail fornecerá People Movers articulados para o consórcio Aerogru

 


15/09/2021 RF Revista Ferroviária

A Marcopolo Rail, divisão da Marcopolo focada no desenvolvimento de novos modais sobre trilhos, fornecerá people movers para o consórcio AeroGRU, formado pelas empresas Aerom, HTB, FBS e TSEA. O consórcio é responsável pelo projeto de transporte de passageiros da linha 13-Jade da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) aos terminais 1, 2 e 3 de passageiros do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. A proposta comercial de fornecimento dos veículos foi validada entre a companhia e o consórcio este mês.

O Termo Aditivo para construção do Trem de Acesso ao Aeroporto de Guarulhos – Airport People Mover – foi assinado pelo hoje (8/9) pela manhã, marcando o início das obras de construção do sistema.

Serão três composições de dois carros, conhecidos tecnicamente como Automated People Movers (ATM), fabricados e integrados pela Marcopolo Rail. O sistema terá funcionamento autônomo (driveless) e fará um trajeto de 2,6 quilômetros entre a estação ferroviária e o aeroporto. O percurso prevê quatro paradas (estação CPTM, terminal 1, terminal 2 e terminal 3) e, de acordo com o projeto, poderá ser percorrido em seis minutos.

“Com essa iniciativa, ampliamos a nossa atuação no país e reforçamos nossa estratégia de parcerias. Acreditamos fortemente no potencial do metroferroviário brasileiro, que tem condições de avançar nos deslocamentos de alta capacidade com velocidade, eficiência e conforto, além apresentar diversas vantagens na relação custo versus benefício no médio prazo”, afirma Petras Amaral, business head da Marcopolo Rail, que participou da cerimônia.

A Marcopolo Rail iniciou o fornecimento de People Movers para a Aeromóvel, em novembro de 2017. Na oportunidade, a Aerom desenvolveu conjuntamente com a Marcopolo Rail a geração G6 dos veículos do Sistema Aeromovel, representando uma evolução tecnológica significativa em relação àqueles em operação no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre (RS).

O veículo foi totalmente projetado, calculado e equipado seguindo os mais rigorosos padrões da indústria de APMs determinados pela norma ASCE 21-13 (Automated People Mover Standard), utilizando componentes de fornecedores consagrados do setor metroferroviário em subsistemas críticos como gangways, sensores, coletores de energia, portas de serviço, molas da suspensão secundária, rodeiros, freios e tantos outros.

“Este importante projeto reforça a parceria estratégica entre Marcopolo Rail e a tecnologia aeromóvel, além de demonstrar o potencial das soluções de mobilidade brasileiras para o mundo”, finaliza Petras.  No ano passado, a Marcopolo Rail iniciou um ciclo de ampliação de seu portfólio, com o lançamento do Prosper VLT, um produto de embarque em nível focado nos segmentos urbano, intercidades e turismo, tendo como primeiro cliente a Giordani Turismo, operadora gaúcha de Bento Gonçalves.

 

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Segunda fase do VLT terá 11 trechos de obras em Santos


 ·         24/10/2021

O cronograma de obras da segunda fase do VLT, que ligará a Avenida Conselheiro Nébias ao Valongo em Santos, no litoral de São Paulo, prevê 11 trechos de serviços até o primeiro semestre do ano que vem. A previsão que é ele comece a operar no final de 2022.

O início das obras da segunda fase do VLT no trecho da rua Campos Melo, entre as avenidas Afonso Pena e Conselheiro Rodrigues Alves, em Santos, começou nesta semana. De acordo com a EMTU, a previsão é que os trabalhos sejam realizados local por 35 dias úteis. A fase seguinte terá a recomposição do pavimento asfáltico e das calçadas. A execução pode sofrer interferência, dependendo da intensidade das chuvas.

Segundo a EMTU, para que as obras sejam executadas, é cumprido um protocolo que começa com a divulgação do trecho interditado, seguido da publicação no Diário Oficial do Município e interdição do trecho pela CET. Além dos serviços referentes aos trilhos, estações, pavimentação e calçadas, são executadas obras de melhoria de infraestrutura que incluem drenagem e remanejamento das redes de esgoto e gás, de acordo com projetos aprovados pela Sabesp e Comgás.

O cronograma de obras foi definido em conjunto pela EMTU, Prefeitura de Santos e Queiroz Galvão, empresa responsável pela execução. As 11 frentes de obras estão divididas em:

Rua Campos Melo, entre Av. Afonso Pena e rua Xavier Pinheiro;
Rua Campos Melo, entre a rua Xavier Pinheiro e Av Campos Sales;
Rua Dr. Cochrane, entre Av. Campos Sales e rua João Pessoa;
Rua João Pessoal, entre a rua Dr. Cochrane e rua Vasconcelos Tavares;
Rua Visconde de São Leopoldo, entre a rua Vasconcelos Tavares e rua São Bento;
Rua São Bento, até rua Visconde do Embaré;
Rua Visconde do Embaré, entre a rua São Bento e rua Amador Bueno;
Rua Amador Bueno, entre a Praça dos Andradas e rua da Constituição;
Rua da Constituição, entre a rua Amador Bueno e Av. Campos Sales;
Rua da Constituição, entre a Av. Campos Sales e rua Carvalho de Mendonça;
Rua Luís de Camões, entre a rua Carvalho de Mendonça e Av. Conselheiro Nébias.

Segundo trecho do VLT

O segundo trecho do VLT conta com investimento de R$ 218 milhões do Governo do Estado e a previsão é que comece operar no final de 2022.

Com capacidade para transportar 35 mil pessoas por dia, ligará a Linha 1 Barreiros – Porto (a partir da estação Conselheiro Nébias) até a região central de Santos. Serão oito quilômetros de extensão e sete trens, com 14 estações nas proximidades de locais de interesse público como Mercado Municipal, Poupatempo e Terminal Valongo.

24/10/2021 – G1

 

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Crise hídrica preocupa o setor metroferroviário de passageiros

Crise hídrica preocupa o setor metroferroviário de passageiros

A redução dos níveis dos reservatórios de água se intensificou em 2021, fazendo com que o Brasil passe por sua pior crise hídrica em quase um século. O problema traz reflexos negativos para o País, não só porque afeta o abastecimento de água, mas porque impõe um duro aumento das tarifas, que pesam para a população e oneram toda a atividade econômica. E isso não seria diferente no setor de Transportes.

 

Com quase 100% do sistema eletrificado no Brasil, o setor de transporte de passageiros sobre trilhos é considerado um sistema eletrointensivo e depende da energia elétrica para a tração dos trens, metrôs, veículos leves sobre trilhos e monotrilhos.

 

Apesar de apresentar um consumo pouco expressivo quando considerado o panorama nacional (apenas 0,5% do total consumido no País), a energia é o segundo maior item de custo do setor metroferroviário e qualquer alteração nessa área impacta de forma direta sobre o custeio do serviço, gerando pressão sobre o valor da tarifa de transporte cobrada do passageiro.

 

A Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) mostra preocupação com a situação, uma vez que a crise hídrica pega um momento em que o transporte público também vive sua maior crise, em função da drástica redução de demanda gerada pela Covid-19. Passados 20 meses desde o início da pandemia, já são contabilizados mais de R$ 14 bilhões em déficit somente em receita tarifária, situação que piora a cada dia.

 

Desde 2015, o setor vem sendo impactado de forma dura por várias medidas na área de energia: os reajustes extraordinários promovidos pela ANEEL; o início do sistema de bandeiras tarifárias e a alteração da forma de cobrança integralizada das contas das operadoras. Considerando todas as altas, os operadores que estão no mercado cativo de energia contabilizaram um aumento real de 95% na conta e os operadores que atuam no mercado livre, através da atualização da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD), foram impactados com um aumento de 83%. É importante destacar que esse impacto não contabiliza os aumentos da tarifa de energia em si, mas apenas aqueles impostos ao setor como decorrência de novas políticas setoriais criadas para proteger o setor elétrico.

 

Sem qualquer política para resguardar o transporte público desses impactos, a ANPTrilhos teme que a crise hídrica imponha novos aumentos de tarifa elétrica e regulações que coloque o setor em uma posição difícil de ser revertida.

 

É fundamental que o Governo Federal seja sensível à crise pela qual as cidades estão passando e reflita essa urgência em requisitos que possam minimizar os eventuais impactos da crise hídrica sobre o transporte público, serviço essencial que atende a todo o cidadão brasileiro. Caso contrário, a situação, que já é extremamente crítica, ficará insustentável.

 

 

Artigo publicado na Revista CNT Transporte Atual, da Confederação Nacional do Transporte, edição de outubro de 2021.

 

Texto alternativo

 

 

Roberta Marchesi é Diretora-Executiva da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos); Mestre em Economia; Pós-Graduada nas áreas de Planejamento, Orçamento, Gestão e Logística e certificada internacionalmente em Gestão de Sistemas Ferroviários e Metroferroviários.

 


sábado, 20 de novembro de 2021

VLT Parangaba-Mucuripe contará com ramal de acesso ao Aeroporto de Fortaleza

 


Já pensou em chegar ou ir embora do Aeroporto de Fortaleza, sem ter que enfrentar o trânsito da cidade? Isso será possível através do novo Ramal Aeroporto do VLT Parangaba-Mucuripe. O projeto, da Secretaria da Infraestrutura do Ceará (Seinfra), prevê a construção de três estações de embarque e desembarque, ligando o VLT ao terminal aeroportuário. As obras já foram iniciadas, com a execução de duas estações, em fase de fundações, além das contenções de um elevado.

A nova linha irá oferecer aos passageiros uma opção de mobilidade mais segura, rápida, confortável e integrada aos outros modais. “Esse ramal será fundamental para atender as pessoas que precisam acessar o Aeroporto Pinto Martins, sejam os viajantes, os acompanhantes, ou mesmo quem trabalha no Terminal, que se tornou um hub aéreo, chegando a receber, em períodos normais antes da pandemia, mais de 160 mil passageiros, por semana, e em torno de 1.300 voos semanais. Essa demanda crescente evidenciou a necessidade de reforço na infraestrutura para acesso a esse equipamento. E, por meio do VLT, o passageiro tem a opção de um modal de transporte público para a orla marítima da Capital, onde estão concentrados os principais hotéis e atrações turísticas de Fortaleza, além da possibilidade de proceder a integração com a Linha Sul do metrô e os terminais de ônibus da Prefeitura de Fortaleza – futuramente, também com a Linha Leste”, explica o Secretário da Infraestrutura do Ceará, Lucio Gomes.

O Ramal Aeroporto terá 2,4 quilômetros de extensão, sendo 0,9 km em elevado. As novas estações estarão localizadas em uma futura praça, a ser construída na Avenida dos Expedicionários, e a outra, em frente ao Aeroporto Pinto Martins. Integrada à primeira estação, também será construída uma nova, a 11ª do VLT Parangaba-Mucuripe, e ficará entre as estações Montese e Vila União, já existentes. Já a Estação Aeroporto, que será elevada, se localizará na Av. Senador Carlos Jereissati, se interligando à passarela já existente sobre a via, com acesso por meio de escadas fixas, rampas e elevador.

Além das estações do novo ramal, o projeto prevê ainda serviços complementares de urbanização e integração para garantir melhorias ao Ramal Parangaba-Mucuripe, com a implantação de equipamentos de lazer nas regiões contempladas. A previsão é que a obra seja concluída em 2022. O investimento previsto é de R$ 46 milhões.

08/11/2021 – Metrofor

 

Metrô de São Paulo faz lançamento de primeira viga da Linha 17-Ouro na Marginal Pinheiros

 15/09/2021

O Vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, acompanhou nesta quarta-feira (15) o lançamento da primeira viga-guia da Linha 17-Ouro no trecho da Marginal Pinheiros, em construção pelo Metrô. A ação marcou a retomada da implementação da via por onde vão passar os trens do monotrilho que vai ligar o Aeroporto de Congonhas à rede de transporte sobre trilhos.

“As obras da Linha 17 fazem parte do programa Pró SP, que lançamos hoje, e que concentra todos os esforços de investimentos do governo para a retomada econômica do estado no pós-pandemia. São R$ 47,5 bilhões em recursos até 2022 em mais de oito mil obras”, afirmou o Vice-governador.

A operação envolve o uso de um equipamento específico instalado próximo à estação Morumbi, chamado de “treliça lançadeira”, que vai fazer o lançamento de 129 vigas na região da Marginal Pinheiros até o início do próximo ano, de um total de 137 vigas que faltam para concluir as vias da Linha 17. Ao todo, a linha contará com 573 vigas, sendo que a maioria já foi instalada.

“É uma ação de engenharia complexa que marca um ponto importante da retomada das obras da Linha 17-Ouro. Assumimos esse compromisso, voltamos também com as obras das estações e conseguimos uma nova fabricante para os trens que vão ligar o Aeroporto de Congonhas à rede de transporte sobre trilhos”, reforça Alexandre Baldy, Secretário dos Transportes Metropolitanos.

Essa treliça vai receber as vigas ao lado da pista da Marginal, elevá-las a uma altura de mais de 15 metros e passar sobre a via férrea da Linha 9-Esmeralda, chegando a lateral do Rio Pinheiros. Neste local, a própria treliça movimenta a guia, posicionando-a no local exato onde ela ficará. Uma outra estrutura igual vem sendo montada entre as pontes Estaiada e do Morumbi, para agilizar a colocação das vigas em outro trecho.

Para garantir a segurança dos envolvidos, o lançamento será feito ao longo das madrugadas, quando a Linha 9 da CPTM está fechada. Ao longo do dia, as atividades serão preparatórias, recebendo e elevando as vigas. As “treliças lançadeiras” têm cerca de 70 metros de comprimento, com capacidade de carga de 140 toneladas, podendo lançar as vigas em uma distância de até 45 metros.
Cada viga é feita de concreto com 30 metros de comprimento por dois metros de altura, pesando 90 toneladas. Servem como uma espécie de trilho, para que os trens do monotrilho circulem sobre elas com pneus.

“Quando chegamos em 2019, fizemos de tudo para destravar essa obra. Isso foi possível com novas licitações e contratações, retomando a construção que logo vai colocar essa importante linha à disposição da população”, afirmou Silvani Pereira, Presidente do Metrô de São Paulo.

As obras do trecho prioritário da Linha 17-Ouro – com 7,7 km e oito estações entre o Aeroporto de Congonhas e a estação Morumbi – foram retomadas nesta gestão, após a rescisão de contratos parados de obras e fabricação de trens. Novas licitações foram feitas, possibilitando a volta das atividades de construção de sete estações e do Pátio – a oitava, Morumbi faz parte de outro contrato -, além da complementação da via e fabricação dos trens. A meta é concluir esse trecho até o fim de 2022, para ligar o Aeroporto de Congonhas à malha de transporte sobre trilhos, com conexão direta às linhas 5-Lilás e 9-Esmeralda.

15/09/2021 – Metrô de São Paulo

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Contrato para o transporte de locomotivas e carros de passageiros é assinado na CBTU

 Post published:12/11/2021

Nesta sexta, 05, foi assinado na sede da Administração Central da Companhia, em Brasília, o contrato de transporte de 30 carros de passageiros e 3 locomotivas doadas pela Companhia Cearense de Transporte Metropolitanos (Metrofor) para a CBTU. A previsão é que o transporte das composições seja iniciado neste mês de novembro. Estiveram presentes na assinatura do contrato, o diretor-presidente da CBTU, José Marques de Lima; o chefe de gabinete, Marcos Galindo; a assessora da presidência, Antoniela Marques; o gerente geral – Estudos e Projetos (Gaesp), André Jóia; e Leonardo Rodrigo Campos, da empresa contratada para o serviço de transporte, Multiprime.

“A assinatura desse contrato foi muito importante para a Companhia, pois permitirá que as composições doadas pela Metrofor, após passarem por vistoria e reforma pelas equipes de manutenção da CBTU, possam ser postas novamente em atividade. Uma boa parte desses carros de passageiros serão utilizados pela STU Natal, viabilizando a ampliação do sistema”, explicou André Jóia, da Gaesp. A implantação das chamadas Linha Branca e Linha Roxa permitirá a expansão do sistema ferroviário de natal a partir da remodelação de 28 km de via férrea e a construção de 7 estações: duas em Parnamirim, uma em São José de Mipibu, uma em Nísia Floresta e três em são Gonçalo do Amarante. Quando finalizadas, irão beneficiar cerca de 9 mil usuários diariamente.

Os demais carros de passageiros irão ser doados para projetos sociais e de estímulo à valorização do transporte ferroviário, sendo transformados em bibliotecas, por exemplo. Segundo Jóia, algumas prefeituras já sinalizaram interesse, como as de Timbaúba, Gravatá e Jaboatão, em Pernambuco.

Doação da Metrofor

A Companhia Cearense de Transporte Metropolitanos (Metrofor) doou três locomotivas movidas a diesel e 30 carros de passageiros, modelo Pidner, para a CBTU, em junho de 2020. A medida foi autorizada pelo governo do Ceará e aprovada pela Assembleia Legislativa daquele estado. De acordo com a Metrofor, a frota doada não é mais compatível com o sistema metroviário atualmente adotado no Ceará. Os vagões do modelo Pidner possuem bancos laterais, e não fileiras de poltronas, o que faz com que os passageiros viajem de costas para as janelas e liberem amplo espaço interno no veículo. Os trens possuem ar condicionado, piso de PVC, bancos com assentos individuais e revestimento compostos por fibra de vidro e plástico de alta resistência.

12/11/2021 – CBTU

 

Pós-pandemia reserva o caos no transporte público brasileiro

 


ANPTrilhos comunicacao@anptrilhos.org.br por  leadlovers.info

 

sex., 18 de jun 2021. 09:04

 

Muito se fala sobre transporte ativo, transporte sob demanda, aplicativos, inovações, mas nada disso contribui para a solução do problema da mobilidade em nossas metrópoles se não estiver inserido, nesse contexto, o transporte público e de alta capacidade.

 

Esse sistema é a essência da mobilidade. É nele que a grande maioria dos deslocamentos diários acontece e é com base nele que todas as demais aplicações se conectam, formando uma verdadeira rede a serviço do cidadão.

 

Atualmente, o transporte público vivencia a maior crise de sua história. A queda abrupta no número de passageiros desde o início da pandemia aliada à necessidade de manutenção da oferta do serviço e ao aumento de despesa com novos procedimentos de higienização e sanitização fez com que grande número de empresas não conseguisse manter a prestação do serviço.

 

 Ao longo desses 15 meses, o setor soma um prejuízo de mais de R$ 25 bilhões, cifra impressionante que está sendo impossível de ser suportada pelas empresas. Vinte e cinco também é o número de empresas que fecharam as portas, seguidas por diversas outras que suspenderam suas atividades ou sofreram intervenção na operação.

 

 O número de demissões no setor já se aproxima de 80 mil trabalhadores e os movimentos grevistas deram um salto em todo o País. Até abril, 223 ações protestaram pela falta do pagamento de salários e benefícios, causados pela quebra do caixa das empresas como consequência do desequilíbrio imposto pela forte queda na demanda de passageiros e o atual modelo de remuneração ao qual o setor está exposto.

 

Metade da demanda

 

 Já parou para pensar no que acontecerá com nossas metrópoles no futuro, quando o fluxo de passageiros for naturalmente retornando?

 

 Diariamente, a mídia destaca situações de aglomeração no transporte público e, hoje, o setor opera com apenas 50% da sua demanda. O que imagina que acontecerá quando estivermos com 70% da demanda de volta às ruas e metade do sistema de transporte desmobilizado em função da quebra das empresas?

 

 O mundo todo enfrenta a mesma pandemia e o transporte público passa pelo mesmo problema. A diferença é que, desde o início, diversos países adotaram medidas específicas ao transporte público, destinando recursos emergenciais para garantir a manutenção das operações. No Brasil, estamos na contramão. Não só não adotamos qualquer medida de proteção ao transporte público como também rechaçamos as iniciativas nesse sentido, como foi o caso do veto presidencial ao Projeto de Lei do socorro emergencial ao setor. Várias ações foram realizadas, com as mais diversas esferas governamentais, mas nenhuma medida específica conseguiu ser implantada.

 

Crise que está por vir

 

 Com a infraestrutura de transporte urbano aos frangalhos, o País pagará um alto preço para conseguir se reerguer. E, quando o mundo estiver voltando dessa crise, com a empregabilidade aumentando e as economias avançando, o Brasil, em vez de ir na mesma direção, terá de parar para enfrentar o problema que agora tem negligenciado.

 

 Se não forem tomadas medidas imediatas, o forte descompasso entre o já previsível aumento na demanda de passageiros e a capacidade de reaquecimento da oferta fará com que o País encare um longo tempo de crise no transporte.

 

 E, quando isso acontecer, não será apenas com a crise no transporte que teremos que lidar, mas com a crise social que virá junto com ela, porque os movimentos pelo direito ao transporte de qualidade que vimos em 2013 serão apenas boas lembranças perto da situação em que o transporte estará no futuro próximo.

 

 Artigo publicado na coluna Estadão Mobilidade, do Jornal O Estado de S.Paulo, no dia 16 de junho de 2021.






quinta-feira, 18 de novembro de 2021

São Paulo vai eliminar bilheterias do Metrô e da CPTM até o fim de 2021

 05/10/2021 Valor Econômico Notícias da Imprensa

Foto: AP Photo/Andre Penner

Valor Econômico – As bilheterias das estações do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) em São Paulo devem ser fechadas gradualmente até o final de 2021. No ano que vem, a aquisição dos bilhetes digitais poderá ser feita por meio de aplicativo de celular e em máquinas de autoatendimento nas estações. O Bilhete Único e o cartão Bom continuam sendo aceitos como forma de pagamento da passagem.

As informações foram divulgadas pelo “Bom Dia, São Paulo, da TV Globo”, e confirmadas pela “Folha de S. Paulo”. Segundo a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos, a expectativa é que todas as bilheterias sejam fechadas até o final do ano.

A mudança já começa nesta sexta-feira, com a redução do horário de funcionamento das bilheterias das estações Belém, na linha 3-vermelha do Metrô, e Granja Julieta, da linha 9-esmeralda da CPTM. O serviço de guichês estará disponível nos horários de pico: das 6h às 10h e das 16h às 20h.

No dia 15, as bilheterias dessas estações serão desativadas. O calendário com a desativação dos guichês das demais estações deve ser informado em uma coletiva de imprensa na tarde desta segunda.

Em abril, as bilheterias de 16 estações começaram a vender somente os bilhetes digitais com QR Code. Esse tipo de passagem substituiu o antigo bilhete unitário de papel, chamado de Edmonson.

À época, o governo informou que o novo modelo era mais seguro e proporcionava economia de R$ 100 milhões por ano com a emissão dos tíquetes tradicionais.

O sistema de pagamento de bilhetes unitários por QR Code passou a ser aceito em todas as estações do Metrô e da CPTM em dezembro de 2020, após pouco mais de um ano de testes.

Na época, o governador João Doria (PSDB) afirmou que o novo sistema traria “facilidade e agilidade” aos passageiros da rede metroferroviária e que o modelo ajudaria a reduzir fraudes envolvendo bilhetes de transporte.

Fonte: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2021/10/04/sao-paulo-vai-eliminar-bilheterias-do-metro-e-da-cptm-ate-o-fim-de-2021.ghtml

 

Queiroz Galvão e MPO são selecionadas para estender monotrilho 15-Prata até Jacu Pêssego

 16/11/2021 Diário do Transporte Notícias da Imprensa

Foto: Governo do Estado De São Paulo

Diário do Transporte – A Companhia de Metrô de São Paulo selecionou o Consórcio Expresso Boa Esperança, formado pela Construtora Queiroz Galvão S/A e MPO Soluções Ltda., para ampliar a linha 15-Prata de monotrilho até a região da Jacu Pêssego.

A publicação com os nomes foi feita neste sábado, 13 de novembro de 2021, a o nome da empresa vencedora da licitação para ampliar o sistema de trens de média capacidade.

O projeto vai acrescentar as estações Boa Esperança e Jacu Pêssego, além do Pátio de Manutenção Ragueb Chohfi, em mais cerca de 3 km de extensão. A meta é concluir as obras das estações 2024.

Segundo a Companhia de Metrô, o Consórcio Expresso Boa Esperança venceu a concorrência com a proposta no valor de R$ 460,9 milhões (R$ 460.993.711,56).

O Consórcio deverá elaborar o projeto executivo e construir as duas estações com os sistemas necessários – elétricos, elevadores, escadas rolantes -, além do pátio para o estacionamento e manutenção dos trens.

O Metrô diz ainda que já realiza outras obras na Linha 15, como a construção da estação Jardim Colonial, que será aberta ainda este ano, acrescentando 1,8 km de extensão. Também há trabalhos para a construção da extensão Oeste, ao lado da Vila Prudente, que vai agilizar a manobra dos trens, possibilitando a redução dos intervalos de circulação.

De acordo com a companhia, atualmente a Linha 15-Prata de monotrilho funciona de Vila Prudente a São Mateus com 12,8 km de extensão e 10 estações, possibilitando a redução do tempo de viagem do extremo leste ao centro em 50%.

O procedimento de licitação foi aberto em dezembro de 2020.

Fonte: https://diariodotransporte.com.br/2021/11/13/queiroz-galvao-e-mpo-sao-selecionadas-para-estender-monotrilho-15-prata-ate-jacu-pessego/

 

Governo Federal inicia obras do trecho ferroviário da Linha Roxa da Grande Natal

 Expansão das atividades da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) no Rio Grande do Norte vai contar com mais 4,2 quilômetros de trilhos e três novas estações de passageiros

O Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), lançou, nesta segunda-feira (6), a pedra fundamental para início das obras do trecho ferroviário da Linha Roxa, na Região Metropolitana de Natal, no Rio Grande do Norte. Essa expansão das atividades da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) vai contar com mais 4,2 quilômetros de linha férrea e três novas estações. Cerca de 2 mil passageiros serão beneficiados por dia na capital e nas cidades de Extremoz e São Gonçalo do Amarante.

O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, participou do evento que deu início às obras. Para ele, a expansão da linha férrea vai garantir mais qualidade de vida à população. “É um serviço que não polui, não atravanca o trânsito. Dá conforto, segurança e melhora a proficiência dos trabalhadores, uma vez que não ficam preso ao trânsito”, afirmou.

Serão construídas três novas estações de passageiros: BR-101 Norte, Guararapes e Vicunha. Os investimentos federais na obra serão de R$ 14,8 milhões, dos quais R$ 8,7 milhões já foram liberados.

A babá Maria Ozana de Almeida mora em São Gonçalo do Amarante e usa o transporte público para ir e voltar do trabalho. Para ela, a chegada da Linha Roxa terá impacto positivo. “É pouco ônibus para a gente e, quando tem, vai lotado. Além disso, o ônibus não tem ar-condicionado. O trem é muito melhor”, comemorou.

A CBTU no Rio Grande do Norte transporta, em média, 11,6 mil pessoas por dia. O sistema conta com 56,6 quilômetros de linhas férreas e 23 estações. Desde o ano passado, o Governo Federal destinou R$ 51,7 milhões para operações da empresa no estado.

Também presente à cerimônia de início das obras, o diretor-presidente da CBTU, José Marques, destacou o tamanho da ação no Rio Grande do Norte. “Quando esse trecho estiver concluído, vamos ter aqui neste estado a maior ferrovia da CBTU”, afirmou. A empresa, que é vinculada ao MDR, também atua nas cidades de Recife, Maceió, João Pessoa e Belo Horizonte.

Linha Branca

Em fevereiro deste ano, foram iniciadas as obras da Linha Branca da CBTU em Natal, que possibilitará a expansão da Linha Sul e beneficiará cerca de 6,8 mil passageiros. Serão construídos 23,4 km de vias, com quatro novas estações a partir de Parnamirim, passando por São José de Mipibu e chegando até Nísia Floresta. O investimento federal total é de R$ 58,3 milhões.

O prefeito de Nísia Floresta, Daniel Marinho, comparou o custo que uma pessoa tem hoje com o que terá após a finalização das obras. “O sentimento de Nísia é de euforia, de alegria, do riso fácil, porque estão vendo a obra caminhando a passos largos. É uma obra que tem o cunho social e assistencial chegando a quem mais precisa. Um nisiaflorestense gasta R$ 8 de ida e R$ 8 de volta para chegar a Natal. A partir desta obra, o cidadão pagará R$ 2,50 para ir e R$ 2,50 para voltar”, afirmou.

06/09/2021 – Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR)

 

Expresso Vale das Frutas inicia operações entre 3 cidades do interior de São Paulo

·         23/09/2021

·         Post category:Notícias do Setor

Um novo trem entrará em operação nesta sexta-feira (24) no interior paulista, ligando três cidades que no passado foram atendidas pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro e que há mais de duas décadas não têm transporte de passageiros por seus trilhos.

O Expresso Vale das Frutas ligará Louveira a Valinhos, passando por Vinhedo, num projeto que inicialmente terá duração até o próximo dia 12 de outubro, mas que já tem sido responsável pela movimentação turística e de adeptos da preservação da memória ferroviária.

O roteiro passará por antigas instalações ferroviárias, estações desativadas e imóveis que remontam ao Brasil Império, em trecho que atualmente é administrado pela MRS Logística.

A experiência do projeto Natal nos Trilhos-Expresso Paulista, desenvolvida em 2018 e 2019, fez nascer a proposta do Expresso Vale das Frutas, que ganhou carros de passageiros para poder abrigar os turistas interessados na rota.

Serão utilizadas locomotivas e carros históricos, como a GE 9380, que pertencia à empresa Fiagril e foi comprada pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) em leilão por cerca de R$ 150 mil em 2019. Restaurada em parceria com uma concessionária, foi colocada de volta aos trilhos.

Além da ABPF, a concessionária Rumo é realizadora do projeto, que tem apoio da MRS e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

“O legal é que será um desfile de carros antigos, da Paulista, Estrada de Ferro Araraquara, Rede Ferroviária Federal, uma bela salada de frutas para quem gosta de ver acervo ferroviário. E circulando nos trilhos da Paulista, para lembrar um pouco da história”, disse o presidente da ABPF, Bruno Crivelari Sanches.

A composição terá duas locomotivas a diesel e seis carros de passageiros. Outros exemplares raros são a locomotiva GE C30-7A, única do tipo que está preservada no país, e o carro de passageiros Budd/Mafersa 800, que foi transformado em salão-bar pela extinta Fepasa (Ferrovias Paulista S.A.).

Ele se soma, ainda que temporariamente, a outros roteiros existentes em São Paulo, como a Maria-Fumaça Campinas-Jaguariúna, o Trem de Guararema e o Trem Republicano -este inaugurado no ano passado.

Os passageiros poderão embarcar em qualquer uma das estações das três localidades paulistas.

O Vale das Frutas Convention & Visitors Bureau, idealizador do projeto, fez uma série de podcasts explicando a rota turística e como será a operação dos trens.

Nos episódios, destacou o uso de carros restaurados em várias oficinas da ABPF, compondo um “museu ambulante”, que o valor do ingresso tem como objetivo contribuir com a preservação ferroviária e que entidades assistenciais dos três municípios levarão pessoas assistidas por elas para visitar a rota.

Os ingressos custarão entre R$ 65,40 e R$ 98,10, dependendo do percurso escolhido. A rota entre Louveira e Vinhedo é percorrida em meia hora. De Louveira a Valinhos, a duração é de uma hora e dez minutos.

Em Louveira, a centenária estação ferroviária local, erguida em 1915 e que se localiza no centro da cidade, foi restaurada e atualmente é o centro de informações turísticas do município.

A Prefeitura de Louveira fará outras atividades na estação ferroviária durante a temporada do trem, com o objetivo de impulsionar o turismo local, com praça de alimentação e atrações culturais.

Segundo os organizadores, o trem contará com normas sanitárias devido à pandemia, como ocupação máxima de 75% da capacidade dos carros, distanciamento entre os viajantes (exceto os da mesma família), uso obrigatório de máscaras e higienização das áreas comuns a cada trecho percorrido.

Expresso Vale das Frutas
Duração: 30 minutos (trecho) ou uma hora e dez minutos (percurso inteiro)
Trecho percorrido: Louveira a Valinhos, passando por Vinhedo
Preços: de R$ 65,40 a R$ 98,10 (conforme o trecho)
Atrações: estações desativadas e imóveis que remontam ao Brasil Império

23/09/2021 – Folha de S.Paulo / Blog Sobre Trilhos

 

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Crise pode levar a um apagão no sistema de transporte coletivo

 20/09/2021 Folha de São Paulo (Coluna)* Notícias da Imprensa

Usuários de transporte público se aglomeram para entrar em ônibus durante greve do funcionários da CPTM, em São Paulo - Rivaldo Gomes - 24.ago.2021/Folhapress

Folha de S. Paulo (Coluna) – A pandemia da Covid-19 agravou uma série de problemas que já estavam presentes nas cidades, como aumento da população em situação de rua, talvez a alteração mais visível aos olhos da população.

Mas os impactos são sérios em vários setores e um dos mais graves é a forte crise que atravessa o setor dos transporte coletivos. A situação requer a formulação de um novo modelo de gestão e financiamento do setor, mas a inépcia do governo Bolsonaro não dá esperança de que isso poderá ser feito antes de 2022.

A radiografia da crise está feita. O isolamento social gerou uma forte queda no número de passageiros no transporte coletivo, levando a uma acentuada queda na arrecadação das empresas de transporte coletivo, agravando um processo que já era sentido anteriormente.

Em consequência, existe um forte risco de apagão da mobilidade, com a desorganização total do sistema de transporte coletivo.

Em várias cidades as empresas têm abandonado as operações, obrigando as prefeituras a assumirem o serviço em caráter emergencial ou a deixarem as pessoas sem transporte coletivo. Em outras, as empresas têm exigidos aumentos de tarifa, que na imensa maioria dos municípios é a única fonte de receita. Mas a capacidade de pagamento da tarifa pelo usuário é limitada.

De acordo com o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), que fez um levantamento em todo o país, além do abandono do serviço, tem ocorrido uma onda de greves, visto que muitas empresas não têm cumprido suas obrigações trabalhistas e à abertura de CPIs, já em curso em 14 municípios, como Belo Horizonte e Teresina.

De acordo com Rafael Calabria, coordenador do Programa de Mobilidade Urbana do Idec, “são cada vez mais numerosos os casos de suspensão do serviço de transporte coletivo, redução de frota, greves de funcionários e aumentos de tarifas. Essa discussão tem ficado restrita a cada município. Mas trata-se de um problema nacional e estrutural, que vem de muito tempo e se acentuou com a pandemia”.

O problema é ainda mais grave pois é notória a existência de um cartel atuando no setor, o que torna polêmico qualquer auxílio ao sistema. Mas, nesse momento, apoiar o setor tornou-se indispensável para evitar que o sistema se desorganize inteiramente.

O serviço de ônibus vem sendo questionado há vários anos, devido à falta de transparência e irregularidades sobre o cálculo das tarifas, descumprimento dos contratos de concessão e péssima qualidade do serviço.

Com a chegada da pandemia esses problemas se aprofundaram. De acordo com Calabria, “a piora dos serviços foi acompanhada de propostas de aumentos de tarifa ou de subsídios, o que levou muitas câmaras municipais a criarem CPIs a fim de investigar os custos e lucros das empresas concessionárias no período”.

O problema não se limita aos ônibus. No Rio de Janeiro, a SuperVia, concessionária dos trens urbanos, entrou em junho com um pedido de recuperação judicial para dar continuidade aos serviços enquanto negocia com os credores e o governo formas de superar a sua crise financeira.

Desde março de 2020, a SuperVia acumula uma perda financeira de mais de R$ 500 milhões. Antes da pandemia, a concessionária transportava 600 mil passageiros/dia; nesse ano, o fluxo diário se estabilizou em 300 mil passageiros/dia. A empresa prevê recuperar o mesmo patamar de passageiros apenas em 2023.

Mas nada garante que o fluxo de passageiros seja inteiramente recuperado. Agravado pela pandemia, há fortes indícios de que o desequilíbrio do sistema é estrutural.

Como escrevi no artigo “Saiba quais serão os impactos da pandemia no futuro das cidades”, muitas das alterações urbanas geradas ou aprofundadas pelo isolamento irão permanecer após o retorno à normalidade, o que requer novas estratégias para ser enfrentados, pois a pandemia deverá deixar marcas definitivas nas cidades.

É certo que ocorreu uma queda acentuada do número de passageiros do sistema de transporte coletivo em decorrência da redução da atividade econômica. Mas é necessário observar que ele já vinha ocorrendo anteriormente em função, entre outros aspectos, da concorrência dos aplicativos e da incapacidade da população pagar a tarifa.

De acordo como a Associação Nacional de Empresa de Transportes Urbanos (NTU), no período anterior à pandemia, entre 2013 e 2019, a queda do número de passageiros por ônibus foi de cerca de 26% (de aproximadamente 380 milhões/mês para 280 milhões/mês, tomando por base o mês de abril).

A tendência é esse processo se acentuar no pós-pandemia, tanto devido a permanência do home office como ao receio de se utilizar transporte coletivo, onde o risco de transmissão do vírus, que ainda circulará por vários anos, é maior.

Esse fenômeno já pode ser observado em São Paulo. Mesmo com o avanço da vacinação e a volta à atividade econômica normal, os usuários que têm alternativas têm evitado o uso do transporte coletivo.

Segundo a Secretaria de Mobilidade e Trânsito (SMT), em setembro, o número de passageiros por dia que utilizam ônibus na capital corresponde a 65% da demanda registrada antes da pandemia. Ainda assim, nos horários de pico, a superlotação dos ônibus continua forte, apesar de 88,4% da frota estar circulando.

São Paulo é uma das poucas cidades que subsidia a tarifa. Desde 2018, o subsídio anual bancado pela prefeitura tem ficado em torno de R$3,2 bilhões, cerca de 5% do orçamento municipal. Sem esse subsídio, calcula-se que a tarifa seria R$ 7,60, valor insuportável para a população.

Esses números dão uma boa ideia das dificuldades de se manter o sistema de transporte coletivo regular, organizado e garantindo as gratuidades previstas em lei.

Um dos principais problema do transporte no Brasil está no financiamento do sistema, baseada, em geral, na tarifa paga pelo usuário. A remuneração das empresas não é calculada no custo real da operação do sistema, mas no número de passageiros transportados.

Trata-se de um problema estrutural, que precisa ser encarado por uma política nacional de mobilidade, que formulasse um novo modelo de concessão, com outras fontes de financiamento e outras fórmulas de cálculo da tarifa, com mais transparência e interesse público.

Em diversos países, os governos federais têm apoiado as cidades para garantir o funcionamento regular do setor. No Brasil, projeto de lei aprovado pelo Congresso neste sentido, que exigia das prefeituras importantes contrapartidas para melhorar o serviço, foi vetado por Bolsonaro.

Em consequência, o risco de apagão no serviço de transporte coletivo é real, o que significa a barbárie na mobilidade urbana. Só mais uma barbárie em um país que acumula problemas sem solução à vista.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nabil-bonduki/2021/09/crise-pode-levar-a-um-apagao-no-sistema-de-transporte-coletivo.shtml