sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Linha de monotrilho do aeroporto de Congonhas faz 10 anos inacabada e com incertezas

13/09/2021 Folha de S. Paulo Notícias da Imprensa

Foto: Danilo Verpa/Folhapress

Folha de S. Paulo – Há dez anos, o então governador Geraldo Alckmin (PSDB) assinava em Paraisópolis (zona sul de SP) o contrato de implantação da linha 17-ouro para construir o monotrilho do metrô.

O bairro foi escolhido porque receberia uma das 18 estações do modal, previsto para ficar pronto antes da Copa do Mundo de 2014, ao custo de R$ 3,1 bilhões.

A Copa se foi e até hoje as obras não estão perto de terminar. A nova previsão é que elas acabem no fim do ano que vem, ao custo de R$ 4,5 bilhões. Nesse primeiro trecho, serão apenas oito estações —sem previsão se um dia haverá a tão esperada estação de Paraisópolis.

Menor e proporcionalmente mais caro que o plano original, o traçado dessa primeira etapa conecta o Morumbi ao aeroporto de Congonhas. A previsão dos especialistas é que os primeiros meses após a inauguração devem ser imprevisíveis —isso porque a nova linha usa uma tecnologia diferente das que funcionam atualmente no Brasil.

Na época do anúncio do monotrilho, modelo então desconhecido no país, o modal era uma promessa de obra rápida e barata. Espécie de trem com rodas que anda sobre uma estrutura elevada, ele virou sinônimo de obra parada para os paulistanos que há uma década passam por ela.

Hoje, o modelo é bastante criticado, tanto pelas falhas onde foi implantado quanto pelo baixo custo-benefício.

A previsão é que a linha 17-ouro atenda 165.220 passageiros por dia útil em 2023, segundo dados do Metrô. Com uma extensão parecida ao do monotrilho, por exemplo, o corredor de ônibus Berrini atende 169 mil pessoas por dia, segundo dados da SPTrans.

A diferença é que os corredores de ônibus são muito mais baratos, mesmo no caso dos BRTs.

Contando os 7,8 km de extensão de obras (e não apenas os 6,7 km operacionais), o custo por quilômetro da linha 17 é de cerca de R$ 580 milhões. Embora os preços variem, um BRT, espécie de corredor de ônibus de qualidade superior, poderia ser feito por cerca de R$ 100 milhões/km, afirmam especialistas ouvidos pela reportagem.

Já um metrô tem custo variado, oscilando entre cerca de R$ 750 milhões para uma unidade de superfície até por volta de R$ 1,7 bilhão no caso de equipamento subterrâneo, de acordo com estimativas de técnicos —ele, porém, tem pelo menos o dobro de capacidade de um monotrilho.

Após a assinatura do contrato da linha 17 em 30 de julho de 2011, as obras começaram em 2012. Em 2014, uma morte foi registrada nos trabalhos, quando uma viga caiu sobre operário, iniciando um período de percalços durante as obras.

Ao longo dos anos, viveu uma rotina de paralisações ou quase paralisações, tanto por questões judiciais quanto por problemas envolvendo as empresas.

Secretário de Transportes Metropolitanos na gestão Geraldo Alckmin, Clodoaldo Pelissioni cita uma série de imbróglios que afetaram o cronograma das obras.

“Nós procuramos dar um encaminhamento correto dentro da lei para que as obras fossem concluídas e tivemos contratempos. Empreiteiras envolvidas na Lava Jato, Justiça negando um acordo que até o promotor concordou, a questão da desistência da fornecedora de trens [a malasiana Scomi] e nós deixamos tudo encaminhado para que próxima gestão pudesse dar o encaminhamento”, disse, acrescentando que no período avançaram obras da linha 5-lilás, 4-amarela e 15-prata.

Em 2019, já na gestão João Doria (PSDB), o Consórcio Monotrilho Integração, liderado pela Andrade Gutierrez, foi retirado da obra por não cumprir o cronograma e multado em R$ 88 milhões.

Em dezembro do ano passado, o governador anunciou a retomada dos trabalhos com prazo de término até dezembro de 2022. A obra é dividida em diferentes contratos, sendo os três principais de fornecimento de trens, de construção especificamente da estação Morumbi e de construção civil.

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