terça-feira, 23 de julho de 2019

Metrô do Rio superfaturado e inacabado



 02/07/2019
person O Dia
A força-tarefa da Lava Jato no Rio prendeu, ontem, o procurador Renan Saad, por suspeita de receber R$ 1,265 milhão em propina da Odebrecht, para mudar o traçado da Linha 4 do metrô. A obra, com denúncia de desvio de recursos e paralisada há quatro anos, tira o sono dos moradores da Gávea e frequentadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ). Eles temem que o terreno do canteiro de obras desabe e abale as estruturas dos prédios do entorno.
O procurador do Estado é acusado de emitir pareceres para justificar as mudanças de traçado no projeto original da obra, aumentando abusivamente seu valor inicial. Em 1998, o projeto foi orçado em R$ 880 milhões, mas a expansão acabou inaugurada ao custo de R$ 9,6 bilhões.
A licitação de 1998 da Linha 4 previa traçado por Botafogo, Humaitá e Gávea, até São Conrado e Barra. Hoje, o trajeto sai de Ipanema, passando por Leblon e São Conrado até a Barra. Procurado pelo DIA, o advogado de Saad, Paulo Ribeiro, não retornou.
Imbróglio das obras
As obras da estação da Gávea começaram em 2013 e deveriam ter sido entregues, junto com as demais estações da Linha 4, em 2016. No entanto, o imbróglio está longe do fim. Segundo o subsecretário de Logística da Secretaria de Estado de Transportes (Setrans), José Eduardo Castello Branco, o governo estadual precisa de R$ 900 milhões para a conclusão do trecho da Gávea. Desse total, R$ 300 milhões iriam assegurar a estabilidade das escavações e das fundações, a conclusão da chamada 'obra bruta'.
Durante audiência pública realizada, semana passada, pela Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Rio, o subsecretário informou que o governador Wilson Witzel vai solicitar ao governo federal uma parceria para o término da obra. Ele alegou que o estado não possui orçamento suficiente e que empréstimos desse tipo não estão permitidos pelo Regime de Recuperação Fiscal.A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) fez um alerta sobre um possível desabamento nas obras da estação. Após a paralisação, foi necessário inundar o terreno para que a estrutura não cedesse. Engenheiros da universidade afirmam que há grande risco de desabamento, uma vez que a estrutura instalada é provisória.
O vice-reitor de Desenvolvimento da PUC, Sérgio Bruni, afirmou que a instituição está disposta a fazer o estudo de forma gratuita. Em um grupo do Whatsapp, alunos da universidade compartilham um abaixo-assinado pedindo a retomada da construção.
Para o estudante Gustavo Amaral, 20, a retomada das obras põe fim a possíveis riscos para quem frequenta a região e faria com que os usuários precisassem de menos tempo para chegar à Gávea. As obras da estação foram paralisadas por uma liminar da Justiça, que impede que novos aportes financeiros sejam feitos. A decisão foi baseada em ação do Ministério Público do Rio, que apontou superfaturamento e possíveis desvios financeiros pelas empresas envolvidas. Castello Branco afirma que a Procuradoria-Geral do Estado está analisando as possibilidades jurídicas para reverter a decisão.
O presidente da Associação de Moradores da Gávea, René Hasenclever, sugeriu que a iniciativa privada arque com parte do investimento restante: "Se o estado não tem mais financiamento, temos que chamar as indústrias e o comércio para colocar o dinheiro na mesa", declarou.


Obra na Gávea para evitar possível desastre nas obras da Linha 4 do metrô levaria um ano


  
12/06/2019
person O Globo
As obras necessárias à estação do metrô da Gávea - cuja construção está parada desde 2015, oferecendo riscos estruturais a prédios próximos - vão levar, no mínimo, um ano. A informação consta de documento que a Riotrilhos entregou ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). A intervenção no canteiro, que foi inundado por 36 milhões de litros de água há um ano e quatro meses para estabilizar a estrutura, é obrigatória. O estado terá de fazer os ajustes por conta do perigo para o entorno.
A Riotrilhos alerta que o canteiro terá que ser totalmente esvaziado, gradativamente, numa operação cuidadosa, e não poderá mais ser alagado. Com base na análise da empresa, o TCE deu, na segunda-feira, prazo de cinco dias para o governador Wilson Witzel e o secretário estadual de Transportes, Delmo Pinho, apresentarem um relatório indicando as medidas que vão tomar sobre a estação da Gávea.
Moradores preocupados
Segundo a Riotrilhos, que não estimou os custos, há duas alternativas viáveis. Para seguir com a obra, é preciso terminar as escavações em mais 15 metros de rocha e concretar toda a estação. Se não for dar continuidade, a saída é escorar as estruturas existentes e cobrir de terra o buraco até que, um dia, as obras sejam retomadas.
A previsão é que o serviço será lento. Só para retirar a água do local serão necessários três meses de trabalho. O prazo total das intervenções poderia chegar a dois anos. Os riscos se concentram na chamada alça oeste, onde está a futura estação. Não foram identificados problemas maiores na alça sul, onde as obras pararam quando ainda faltavam escavar 1.256 metros de túneis.
Procurado, Witzel não se manifestou ontem porque ainda vai se reunir com o secretário de Transportes. No início do ano, o governador prometeu, em seu plano de metas, que um grupo de trabalho apresentaria uma solução para a estação Gávea em cem dias. O prazo venceu em 10 de abril.
Em meio à indefinição, a situação preocupa moradores e a PUC. A universidade fez estudos por conta própria atestando os perigos da paralisação da obra. Professores da instituição estão à disposição para ajudar o poder público e vão participar de uma audiência pública na Alerj, no próximo dia 26, convocada pelo deputado Carlo Caiado (DEM). Ele pretende propor um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre governo e judiciário para a retomada da construção.
- Segundo nosso estudo, há presença de água alcalina que pode corroer a estrutura - explicou Sergio Bruni, vice-reitor da PUC. - Por ora, não há preocupação com danos aos nossos prédios, mas, se essa situação continuar por mais oito, nove anos, poderemos ter problemas graves.
A Associação de Moradores da Gávea diz ter sido informada de que a obra não será retomada em menos de dez anos porque haveria falhas técnicas no projeto da Linha 4.


sexta-feira, 19 de julho de 2019

Odebrecht finaliza venda da Supervia para consórcio japonês



30/05/2019
person Diário do Transporte
  
A Odebrecht finalizou a operação de venda da Supervia, concessionária de transporte ferroviário do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira, 28 de maio de 2019. A Rota das Bandeiras, concessionária do corredor Dom Pedro, no interior de São Paulo, também foi negociada pela empresa, após aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Com as duas vendas, a Odebrecht, que sofreu enormes perdas com os escândalos investigados pela operação Lava Jato, poderá aliviar sua situação com os R$ 2,45 bilhões que receberá de pagamento. A empresa sofreu intensa pressão para vender ativos para reduzir suas dívidas.
No negócio da Supervia, a GUMI passou a deter quase 90% do controle da concessionária (88,7% das ações), restando 11,33% à Odebrecht Transport (OTP), braço de transportes e mobilidade urbana do grupo. A GUMI - Guarana Urban Mobility Incorporated, subsidiária controlada pela trading japonesa Mitsui, assinou em fevereiro deste ano o contrato de compra e venda com a OTP para transferência de controle na SuperVia.
Já a concessionária Rota das Bandeiras passará a ser controlada pela gestora Farallon e pela companhia de investimentos Mubadala, de Abu Dhabi, que integrarão o Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia. A Odebrecht Transport (OTP), vai ficar com 15% do negócio, e os 85% restantes passarão para o controle do Fundo de Multiestratégia.
SUPERVIA
Com venda consumada, o consórcio japonês liderado pela Mitsui assume a quase a totalidade das ações da Supervia, tomando o lugar da OTP, até então a maior acionista da empresa.
As negociações, que vinham se desenrolando há alguns meses, estavam sendo vistas com otimismo pelo setor ferroviário, que aposta na abertura de novos investimentos. O consórcio, além da Mitsui, engloba participantes como a JRW (West Japan Railway), maior operadora de trens do Japão.
O negócio para vender a concessionária foi liderado por credores brasileiros da Odebrecht. O grupo sofreu enormes perdas com os escândalos investigados pela operação Lava Jato, o que a levou a sofrer intensa pressão para vender ativos para reduzir suas dívidas.
A Supervia, com 201 trens, opera 270 quilômetros de malha ferroviária dividida em cinco ramais, três extensões e 104 estações. Atua desde 1998 e transporta cerca de 600 mil passageiros em dias úteis.


CCR Metrô Bahia vê lucro chegar a quase 2.000% no ano passado


  12/04/2019
  



CCR Metrô Bahia - concessionária responsável pela construção, manutenção e operação do Sistema Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas (SMSL) - fechou 2018 com um lucro líquido de R$ 40,292 milhões, o que representa um salto de 1.987% em relação ao ano anterior (R$ 1,931 milhão). A informação é do site Bahia de Valor.
O resultado é decorrente, principalmente, do incremento de receita com a ampliação da malha metroviária, da entrada em operação dos novos terminais de integração e da estação metroviária Aeroporto. A receita operacional da empresa, por sua vez, na mesma base de comparação, teve queda de 53%, passando de pouco mais de R$ 2,159 bilhões para R$ 1,006 bilhão.
Ainda de acordo com o balanço, divulgado nesta quarta-feira, a receita metroviária em 2018 totalizou R$ 217,148 milhões, 139% superior à 2017 e representou 86% do total da receita (excluindo receita de construção e receita de remuneração dos ativos). Segundo a empresa, o incremento da receita metroviária é consequência da inauguração da estação Aeroporto e dos novos Terminais de Integração com os ônibus, ocorridos no decorrer do ano. Já a receita de construção apresentou redução de 72% (de R$1.781.345 para R$ 504.901) devido o menor volume de investimentos em 2018 com a finalização de implantação do projeto.
No ano passado, a concessionária investiu um total de R$ 500 milhões. Os destaque do ano foram:
1 - Inauguração do Terminal de Integração de Ônibus Rodoviária Norte, pertencente à Linha Inauguração do Terminal de Integração de Ônibus Pituaçu, pertencente à Linha 2
2 - Inauguração da Estação Aeroporto, pertencente à Linha 2, bem como o serviço de "shuttle", composto por um sistema de coletivos integrados para levar passageiros até o Aeroporto Internacional de Salvador
a ccr metrô bahia opera duas linhas, com 33 km de extensão, 20 estações, 8 terminais de integração com ônibus
3 - Inauguração do Terminal de Integração de Ônibus Aeroporto, pertencente à Linha 2
4 - Conclusão e entrega de 14 passarelas ao longo da linha 2 (Estações Pernambués, Rodoviária, Imbuí, CAB, Pituaçú, Flamboyant, Tamburugy, Bairro da Paz, Mussurunga, Aeroporto, Stella Maris, Hospital Sarah, Madeireira Brotas e Salvador Shopping)
5 - Conclusão e entrega da ciclovia e pista de caminhada da Linha 2, com 12 km de extensão e a Conclusão e entrega de 2 novos viadutos (Viaduto 2 de Julho e Viaduto Rua das Locadoras).


terça-feira, 9 de julho de 2019

Concessionária do VLT pede à Justiça rescisão de contrato com a prefeitura


  
05/07/2019
person O Globo
A empresa VLT Carioca pediu à Justiça nesta quinta-feira rescisão do contrato de concessão do bondinho firmado com a prefeitura . A informação foi divulgada pela concessionária por volta de 12h30.
De acordo com a companhia, o motivo do pedido é uma dívida da prefeitura com a empresa de mais de R$ 150 milhões. O valor é referente ao investimento da empresa na implantação das linhas e não tem relação com o número de passageiros transportados. Atualmente, o VLT transporta mais de 80 mil passageiros por dia nas duas linhas que estão em operação.
A companhia diz que tentou por diversas vezes negociar com a prefeitura a dívida em questão. Segundo a empresa, o débito impediu o início das operações da Linha 3 do VLT, que está pronta e ligará a Central do Brasil ao aeroporto Santos Dumont. No fim de junho, o município afirmou que estava revendo o contrato de concessão .
"A concessionária lamenta que um investimento deste porte realizado na mobilidade urbana da cidade, vital para o desenvolvimento da região portuária e que conecta todos os modais da região central de forma sustentável, não seja valorizado", afirma a nota encaminhada à imprensa.
Em nota, a prefeitura do Rio informou que ainda não foi notificada.

Impasse entre prefeitura e consórcio impede circulação de VLT em trecho pronto há seis meses



 26/06/2019
person O Globo
Os bancos ocupados por funcionários da lojas vizinhas, descansando do almoço, e os letreiros eletrônicos acesos confudem os incautos que circulam pelas estações da Linha 3 do VLT , que passa pela Avenida Marechal Floriano . Desavisados como a fotógrafa Ozemira Macedo, de 56, perdem tempo esperando pelo bondinho que não passará por ali. Pronto desde dezembro, o trecho ainda não tem previsão para entrar em operação. O consórcio alega um pendência financeira com a prefeitura, que já ultrapassa os R$ 140 milhões. Já o município diz que está revendo o contrato de concessão. A pista livre acaba sendo utilizada pelos ciclistas que não precisam disputar espaço com os carros.
- É uma falta de respeito com a população - se queixou a mulher que depois das compras esperava pegar o VLT para economizar a caminhada até a Central do Brasil, de onde seguiria para Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde mora.
O novo trecho ligará a Central do Brasil ao Aeroporto Santos Dumont, pela Avenida Marechal Floriano, num total de dez paradas. Destas, três estações são novas. As sete restantes já em atividade serão compartilhadas com as linhas 1 e 2. O percurso total de quatro quilômetros será feito, de uma ponta a outra, em até 18 minutos.
A estimativa do consórcio VLT Carioca é que quando a Linha 3 estiver em funcionamento aumente de 80 mil para 150 mil o total de pessoas transportadas diariamente pelo sistema, que já conta com as linhas 1 e 2. A primeira faz ligação da Rodoviária Novo Rio com o Aeroporto Santos Dumont e a segunda, do Saara à Praça XV. A previsão era que a Linha 3 entrasse em operação em janeiro logo após o fim dos testes dos bondinhos modernos. Mas isso não aconteceu.
Em janeiro, o prefeito Marcelo Crivella se reuniu com representantes do consórcio para resolver o impasse relativo a uma dívida, que não estaria sendo paga desde maio de 2018. Na ocasião, o prefeito infomou que as duas partes tinham chegado a um acordo e sua expectativa era de que o trecho começasse a operar até os primeiros dias de fevereiro. Em maio, o consórcio anunciou que, sem chegar a um acordo, tinha negociado com seus fornecedores e solicitou autorização do município para colocar o trecho em funcionamento, mas não obteve retorno.
"Desde o início do ano, o VLT busca negociar com a prefeitura pendências financeiras que impediam a circulação por conta de impasses com fornecedores. Sem chegar a um acordo, o VLT negociou com seus fornecedores e solicitou autorização para operar o trecho em 9 de maio, sem obter retorno. Dessa forma, passageiros e comerciantes que poderiam se beneficiar da linha em operação seguem desatendidos", informou o consórcio por meio de nota. "Em paralelo, o VLT já se colocou à disposição para revisar a demanda contratual. A concessionária, inclusive, já oficializou essa proposta em carta, sem retorno da prefeitura.", diz ainda o texto.
A prefeitura argumenta que a estimativa era de que o modal transportasse 260 mil passageiros/dia, mas está transportando apenas 80 mil usuários. Assim, a diferença dos 180 mil passageiros/dia precisa ser coberta pelo município, representando "um rombo diário aos cofres públicos de R$ 540 mil, quase R$ 195 milhões por ano." Diante disso, segundo a prefeitura, o contrato de concessão está sendo revisto.
Enquanto o impasse não é resolvido, os lojistas que viram a clientela rarear com a retirada dos ônibus na via para as obras, que duraram um ano, esperam que a ciculação do bondinho moderno traga de volta esse público. Essa é a expectativa de Vicente Pereira Moura, de 57 anos, gerente de um restauranta a quilo da Marechal Floriano. Ele disse que perdeu 30% da a clientela, mas ainda não conseguiu recuperá-la.
- As obras terminaram, mas ainda não deu para sentir a diferença. Para isso é preciso que as pessoas voltem a frequentar a rua. A gente contava com o VLT para isso, mas como ele ainda não está circulando fica difícil - reclamou.
Já Hélvio Ribeiro Costa, de 27 anos, vendedor de uma loja de louças disse que o movimento do estabelecimento melhorou com o fim das obras em dezembro, mas ainda não voltou ao que era antes.
- Para isso é preciso que o VLT passe a circular por aqui - acredita.
Trabalhadores da região que se beneficiariam do serviço também reclamam da demora. O servidor público, Renato Ferreira Costa, de 39, diz que vai ao aeroporto com frequência e que o VLT seria bastante útil.
-É um desperdício de dinheiro público. Não dá para entender por que ainda não está circulando.
Segundo o consórcio VLT Carioca, o custo da Linha 3 está inserido no total do projeto, de R$ 1,157 bilhão, já que há trechos compartilhados.
Veja o que disse o Consórcio VLT Carioca:
"O VLT Carioca informa que a linha 3 está pronta para operar desde dezembro de 2018. O novo trecho ligará a Central do Brasil ao Santos Dumont, em 10 paradas, sendo três delas novas. O custo da linha está inserido no total do projeto, de R$ 1,157 bi, já que há trechos compartilhados.
Hoje, as linhas 1 e 2 transportam cerca de 80 mil pessoas por dia. Com a entrada da linha 3 em circulação e a reorganização de linhas de ônibus no Centro, estima-se que o sistema possa chegar a 150 mil passageiros transportados.
Desde o início do ano, o VLT busca negociar com a prefeitura pendências financeiras que impediam a circulação por conta de impasses com fornecedores. Sem chegar a um acordo, o VLT negociou com seus fornecedores e solicitou autorização para operar o trecho em 9 de maio, sem obter retorno. Dessa forma, passageiros e comerciantes que poderiam se beneficiar da linha em operação seguem desatendidos.
Em paralelo, o VLT já se colocou à disposição para revisar a demanda contratual. A concessionária, inclusive, já oficializou essa proposta em carta, sem retorno da prefeitura.
Para o VLT, o importante hoje é que a prefeitura busque o acerto da dívida relacionada ao investimento feito pela concessionária para a implantação, que não tem relação com o número de passageiros transportados. Os acionistas investiram para construir o sistema, o que é retornado ao longo do contrato como uma espécie de financiamento a longo prazo. Com o pagamento interrompido desde maio de 2018, mesmo com recursos previstos em orçamento da prefeitura, essa dívida hoje ultrapassa os R$ 140 milhões.
O VLT Carioca reforça que, mesmo com essas dificuldades, mantém a prestação de um serviço de qualidade aos usuários, sem reduzir as operações, o que tem sido possível apenas com aportes extras realizados pelos acionistas."
O que disse a prefeitura:
"Diante de problemas encontrados no contrato de concessão do VLT, assinado pela gestão anterior, a Prefeitura do Rio decidiu rever os termos dessa Parceria Público-Privada (PPP) e o processo está em andamento. A estimativa era de que o modal transportasse cerca de 260 mil passageiros/dia, mas essa média está em 80 mil passageiros/dia. Pelo atual contrato, cabe ao município pagar a diferença de 180 mil passageiros/dia, o que representa um rombo diário aos cofres públicos de R$ 540 mil, quase R$ 195 milhões por ano."


Monotrilho acumula trapalhadas e vira herança maldita para Doria


  
08/07/2019
person Folha de São Paulo
Atrasada e com modelo inédito bancado por gestões tucanas, a linha 15-prata do metrô acumula problemas que vão de batida de trens a desabamento de um muro.
O primeiro trecho da linha foi aberto em 2014, mas até o fim do ano passado o monotrilho ainda estava oficialmente em fase de testes. As trapalhadas, que começaram ainda antes da inauguração, vêm se intensificando nos últimos meses e se tornando uma herança maldita deixada por Geraldo Alckmin (PSDB) para o governador João Doria (PSDB).
Para especialistas, a situação é reflexo da adoção de monotrilho em proporção não testado no mundo, no qual o metrô paulistano terá de aprender por meio dos próprios erros.
O monotrilho -espécie de trem com rodas, sobre um estrutura elevada -foi apresentado como uma solução rápida e barata para ligar a Vila Prudente à Cidade Tiradentes, mas virou uma obra demorada e cara.
A promessa do monotrilho vem de 2009, ainda com o então governador José Serra (PSDB). Parte das estações tiveram problemas na fase de obras e foram inauguradas às pressas pelo ex-governador Alckmin, antes das eleições onde concorreria à Presidência.
Na última semana, o muro de uma das últimas estações entregues, a Camilo Haddad, na região do Parque São Lucas (zona leste de SP), desabou sobre a escada que dá acesso à plataforma.
"Fizeram isso aí de qualquer jeito, sem viga, sem nada, apenas areia", disse o vigia José Benedito dos Santos, 63, morador da casa ao lado do muro que desabou, que ficou cheia de rachaduras. "Poderia ter matado alguém. As pessoas costumam ficar sentadas nessa escadaria."
O incidente foi o quarto relevante neste ano relacionado à linha. Os problemas começaram em janeiro, quando um equipamento chamado terceiro trilho, que fornece energia aos trens, se soltou e ficou pendurado a 15 metros do solo. A circulação foi interrompida.
Um dia depois, um incidente ainda mais grave: dois trens bateram. Como os vagões estavam vazios, ninguém se feriu.
Em maio, houve o caso de um pneu e uma composição do monotrilho que se deslocou da viga de rolamento durante uma manobra.
De acordo com dados obtidos via Lei de Acesso à Informação pelo jornal Agora, do grupo Folha, no primeiro bimestre do ano a 15-prata era linha com mais falhas notáveis, com 38% do total da rede.
Passageiros que chegam ao monotrilho vindos da linha 2-Verde relatam queda no padrão. Saem de um trem lotado, porém veloz, e entram numa composição trepidante e demorada.
O porteiro Ricardo Francisco da Silva, 38, afirma que os trens passaram a ter maior tempo de intervalo após os incidentes deste ano. "É muito lerdo. De noite, depois das 22h, às vezes esperamos bem mais de dez minutos por um trem", diz ele.
Em 2018, o intervalo médio entre trens nos dias úteis foi de quatro minutos nos horários de pico e de seis nos demais. Na linha 3-Vermelha, por exemplo, a média é de cerca de dois minutos em ambos os períodos.
Silva relata ainda que mais de uma vez foi surpreendido com a interrupção da linha para testes. "Nesses dias, colocam o Paese [ônibus que faz o mesmo trajeto] e eu chego atrasado na certa."
A fase de testes do monotrilho oficialmente acabou, mas o metrô ainda trata a linha com cuidado. Apesar de o sistema funcionar sem maquinistas, em geral um funcionário permanece no primeiro vagão, a postos para algum imprevisto.
"A linha 15 é uma experiência, inaugurada sem que todos equipamentos estivessem testados", afirma o coordenador geral do Sindicato dos Metroviários, Wagner Fajardo. "O sistema de sinalização, por exemplo, que levou aquele choque entre trens, ainda está em implantação".
Atualmente, apenas seis estações estão em funcionamento, entre Vila Prudente e Vila União. A gestão Doria, que retomou obras paradas em 2018, promete mais quatro estações para este ano e uma última, Jardim Colonial, para 2021.
O custo do trecho -de 15,3 km e 11 estações -é de R$ 5,2 bilhões.
Em 2013, o governo estadual prometeu gastar R$ 5,4 bilhões (R$ 7,4 em valores atualizados) para fazer os 26,6 km da linha, até Cidade Tiradentes. O prazo previsto no edital para a entrega de toda a linha venceu há quatro anos.
"É uma operação muito ambiciosa fazer um monotrilho trabalhar igual uma linha de metrô. Não temos precedentes no mundo", afirma o consultor Marcus Quintella, coordenador da FGV Transportes, que desenvolveu um estudo sobre monotrilhos. "Em nenhum lugar monotrilho tem um intervalo de 90 segundos, 180 segundos, querem aqui."
O consultor cita que o maior monotrilho do mundo, em Tóquio, transporta 180 mil pessoas por dia. A demanda prevista para o monotrilho até o Jardim Colonial é de 405 mil.
Quintella afirma que, devido uma série de limitações, mais das metade dos monotrilhos do mundo foi desativada. Entre os motivos apontados está o fato de o meio de transporte, que não é de alta capacidade, acabar tento um custo muito alto e exigir subsídios governamentais. 
"É um modo que hoje se mantém em cidades da Ásia muito mais como ligações para aeroportos, parques de diversões, ligações industriais, do que propriamente para transporte de massa", diz.
A gestão João Doria dá sinais de que riscou dos planos o modelo monotrilho. O governador anunciou que desistiu do projeto de construir um monotrilho até a região do ABC, que será substituído por um BRT sistema de transporte com ônibus rápidos).
O secretário de Transportes, Alexandre Baldy, usou as obras paradas de outro monotrilho, o da linha 17-ouro, como contraexemplo do que gostaria que acontecesse em São Paulo. Prometida para a Copa do Mundo de 2014, a linha é um dos maiores fracassos da gestão Alckmin.
OUTRO LADO
O Metrô afirma que o monotrilho da linha 15-prata é um "meio de transporte seguro, moderno, tecnológico e pioneiro em São Paulo".
"O projeto conta com todos os certificados de segurança exigidos pela legislação vigente no Brasil e internacionalmente", afirma a nota.
De acordo com a empresa, a recente queda de um muro divisório não estrutural "não toca, de forma alguma, a segurança da Linha 15".
Relatório interno do Metrô constatou falha humana no caso da batida entre trens, em janeiro. O documento afirma que uma ação de funcionário tornou invisível uma das composições ao sistema, causando a batida.
Já os metroviários afirmam que o monotrilho não tem um segundo sistema que conseguiria captar essa falha e corrigir o problema.
Sobre o aumento de falhas, o Metrô afirmou anteriormente que "era esperado e se deveu à implantação de quatro novas estações na linha 15-prata e a implementação desta em período integral". ​
CRONOLOGIA DE FALHAS
28 de junho - Um muro que divide a estação Camilo Haddad, do monotrilho, de casas vizinhas, desabou em área de pedestres.
16 de maio - Pneu de uma composição do monotrilho se deslocou da viga de rolamento durante uma manobra.
29 de janeiro - Dois trens se chocaram na estação Jardim Planalto.
28 de janeiro - Um equipamento se soltou, ficou pendurado a 15 metros de altura do solo e interrompeu a circulação de trens entre as estações São Lucas e Vila União.
2018 - Empresa contratada para fazer o acabamento e a instalação hidráulica de quatro estações abandonou obras e trabalhos ficam paralisados.
2015 - Governo decide congelar plano para a construção do monotrilho até a Cidade Tiradentes. Com isso, seis estações previstas inicialmente não tem mais previsão de entrega 
2014 - Uma falha no projeto do monotrilho causou paralisação da obra, uma vez que engenheiros "descobriram" galerias de águas de um córrego embaixo da av. Professor Luiz Ignácio de Anhaia Mello. Isso obrigou o governo a fazer um novo projeto e mudar o córrego de lugar.

Trem de passageiros entre Santos e São Paulo faz segunda viagem de teste


  27/06/2019
person G1

Mais um teste da linha férrea entre a capital paulista e Santos, no litoral de São Paulo, foi realizado nesta quarta-feira (26). A composição com dois vagões de passageiros partiu de Riacho Grande, fez paradas em Taboão da Serra e Paranapiacaba e encerrou o trajeto no bairro Saboó, em Santos.
De acordo com o deputado estadual Professor Kenny (Progressistas), a expectativa é ter um trem turístico operando já na próxima temporada. Ele destaca que as composições de passageiros ainda devem depender da interligação com o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), cuja nova fase contemplará uma estação no Valongo.
A viagem na composição da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), operada pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo), durou duas horas. O objetivo é que seja criada uma linha do Expresso Turístico até Santos. Atualmente, há as linhas Luz-Jundiaí, Luz-Mogi das Cruzes e Luz-Paranapiacaba da CPTM.
Primeiro testeNa última semana, foi realizada a primeira viagem de teste. O trem saiu da estação da Luz, no Centro de São Paulo, e desceu a serra em direção ao Terminal de Passageiros de Navio de Cruzeiros de Santos. De acordo com o deputado, a estimativa é que o percurso entre a Estação da Luz e Santos, sem as paradas, dure aproximadamente 1h30.
Ainda segundo o deputado estadual, outras estações estão sendo estudadas para serem colocadas no trajeto. O preço sugerido também está sendo estudado. A previsão é que a passagem varie entre R$ 15 e R$ 20.
Proposta antiga
Em 2017, o secretário de Turismo de Santos, Rafael Leal, apresentou a proposta de reativação da linha turística ao secretário de Estado de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni. De acordo com a pasta, são feitas gestões junto à Secretaria de Estado dos Transportes há mais de dez anos.